Se o exemplo vem de cima, e foi isso que aprendi em casa
quando criança, certas autoridades do País e certos lideres partidários
deveriam ter vergonha de reclamar do julgamento do Mensalão pelo STF, e da
condenação imposta aos corruptos envolvidos com desvio de dinheiro público.
Ao invés de fazerem um coro que seria repetido em todas as
escolas do pais: “Lugar de ladrão é na cadeia!” os fulanos nem ficam vermelhos
ao criticarem a imprensa, que é mensageira das notícias sobre os crimes e
sentenças (e não a autora das bandalheiras), ou ao criticarem a própria
Justiça, por estar funcionando.
Ao contrário, prestando um imenso desserviço ao futuro do
Brasil ajudam a espalhar bobagens sobre o papel da imprensa livre, e do Poder
Judiciário autônomo, em relação aos demais poderes.
Sem trocadilhos, mas ainda engatinhamos em termos de
democracia e cidadania, palavras que aquelas pessoas gostam de usar tanto, mas
que naquelas bocas não têm mais o menor sentido.
Gutenberg J.
Leiam o editorial do Estadão sobre o assunto:
Leiam o editorial do Estadão sobre o assunto:
A mão do gato
07 de dezembro de 2012 Notícia
Editorial de O Estado de S.Paulo
As investigações da Operação Porto Seguro, que penetraram a
intimidade de Lula ao revelar os desmandos de sua companheira e ex-chefe de
gabinete em São Paulo, parecem ter tocado um ponto sensível da onipotência do
Grande Chefe, que finalmente acusou o golpe e mobilizou a tropa. Num mesmo dia,
três expoentes do lulopetismo apelaram ao melhor argumento de defesa que o PT
conhece: o ataque. O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da
República, Gilberto Carvalho; o presidente nacional do partido, Rui Falcão; e o
condenado chefe de corruptores José Dirceu entoaram o coro cínico: corrupção
havia durante o governo FHC; hoje o que existe é investigação implacável de
todas as denúncias. Mais: os partidos que combatem o governo do PT sofreram
mais uma "dura derrota" nas urnas de outubro, por isso, cada vez mais
a oposição passa a ser exercida pela "mídia monopolizada e o Judiciário
conservador".
Gilberto Carvalho falou em seminário realizado na
segunda-feira em Brasília: "As coisas agora não estão mais debaixo do
tapete. A PF e os órgãos de vigilância e fiscalização estão autorizados e com
plena liberdade para agir. (...) No governo FHC não havia (autonomia). Agora
há". Assim, segundo o raciocínio do amigo de Lula, "pode
parecer" que hoje há mais corrupção, mas o que existe "é autonomia e
independência das instituições". A inconformidade irada dos petistas com o
julgamento do mensalão pelo STF define claramente o conceito de "autonomia
e independência das instituições" cultivado pelo PT.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reagiu com firmeza
ao ataque de Gilberto Carvalho: "Este senhor deveria respeitar o passado e
não dizer coisas levianas". Mencionou o trabalho de reestruturação da PF
realizado durante seu primeiro mandato e citou exemplos de ações policiais de
ampla repercussão contra poderosos de então, como o senador Jader Barbalho e a
governadora Roseana Sarney.
No Rio de Janeiro, durante encontro de prefeitos e
vereadores petistas, Rui Falcão seguiu na mesma linha do ministro Carvalho,
garantindo que "ninguém mais do que os governos Lula e Dilma combateu mais
corrupção e tráfico de influência". Dilma, pelo menos, tem sido implacável
com quem é pego com a boca na botija, como sabem vários ex-ministros e a
protegida de Lula, Rosemary Noronha. Mas isso, para muitos petistas, tem
sentido literal: o feio é ser pego, não é malfazer.
Mas Falcão foi mais longe. Fez questão de dramatizar as dificuldades
que o "sistema" impõe ao governo: "Não dá para avançar no Brasil
sem uma reforma do Estado que pegue a questão da mídia monopolizada e o
Judiciário conservador". E lamentou: "Não é possível ter mais
democracia no Brasil com o atual sistema político-eleitoral, sobretudo se não
se conquistar o financiamento público de campanha".
É difícil de entender o presidente do partido que governa o
País com 80% de apoio parlamentar, e que está há 10 anos no poder, queixar-se
de que "não dá para avançar" e de que a democracia que temos é pouca.
Não há quem discorde de que o Brasil necessita de uma profunda reforma
política. Mas o que é que Rui Falcão e seu partido hegemônico fizeram para isso
nesses dez anos? A resposta é pura retórica vazia: tudo é culpa da "oposição
real", que "é aquela que reúne grandes grupos que se opõem a um
projeto de desenvolvimento independente, que se opõem ao avanço da revolução
democrática e que têm, para vocalizar seus interesses, uma certa mídia que tem
partido, tem lado, e que permanentemente investe contra nós".
José Dirceu engrossou o coro falando a sindicalistas em
Curitiba. Garantiu que mesmo atrás das grades "a luta continua",
porque "o poder começa a se deslocar para o outro lado da praça (dos Três
Poderes), onde está o Judiciário, e para os grupos de comunicação".
Quando a situação aperta, Lula convoca o velho PT bom de
briga. Aquele que em 2002, na campanha presidencial, divulgou um filmete de um
minuto criado por Duda Mendonça, em que ratos saem da toca para roer a bandeira
do Brasil: "Xô corrupção! Uma campanha do PT e do povo brasileiro". E
o áudio, dramático: "Ou a gente acaba com eles ou eles acabam com o
Brasil". Quem diria!
ESTADÃO:
OS RATOS ROEM A BENDEIRA - VERSÃO 2002
OS RATOS ROEM A BANDEIRA - VERSÃO 2012 - TUBINADA
OU, O BUMERANGUE
OU, O BUMERANGUE
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