As conversas sobre os bastidores
da política, em Brasília, serviriam para uma bela e assustadora obra sobre o
que há de pior relativo à ação e ao caráter humanos. Corrupção, chantagens,
dossiês com informações verdadeiras, verdades incompletas, e mentiras
completas. Extorsões, gravações e filmagens legais e ilegais. E tudo isso
sempre usado por alguém para obter vantagens nos negócios, geralmente escusos,
na carreira política, na rotina burocrática.
Estou imaginando isso tudo? Não,
apenas fazendo um apanhado do que li sobre o que acontece na Capital nos
últimos 25 anos. Mas há o que não foi escrito. Há o que muitos comentam, entre
um café e outro, há as fofocas, os boatos, as iscas lançadas para tentar
recolher algo de útil.
Há pessoas honestas, sim, mas a
política em Brasília, capital do Pais, é em geral para quem tem estômago forte
e nenhum escrúpulo. Os leitores vêem como bancadas inteiras são manipuladas,
como marionetes, para prejudicar este, proteger aquele, tudo, de fato, sem
qualquer vinculação com o propósito de que seja feita justiça e surja a verdade
sobre alguma coisa.
Penso que quando alguns deputados
e senadores falam em bem do País, interesse público, povo, nem sabem de que estão
falando. Falam apenas de seus próprios interesses. Basta reparar que os ministérios
são como fazendas criadas para que partidos administrem seus interesses. Funcionam,
também, para suas finalidades de Estado e governo, mas servem demais às desavergonhadas
barganhas partidárias. Toma lá, dá cá. Quem apóia quem, quem fica com qual
ministério?
BALCÃO DE NEGÓCIOS
É lugar comum ouvir milhares de
vezes “Brasília é um balcão de negócios”.
O noticiário indica que é mesmo.
Mas os políticos não devem levar a fama ou o troféu sozinhos. Os empresários,
que deveriam andar com as próprias
pernas, acostumaram-se neste Brasil feudal e de interesses corporativos,
aprenderam a mamar dinheiro público com uma avidez nunca vista.
Sempre aprendi que empresários
são homens da livre iniciativa (hoje chamada eufemisticamente de
empreendedorismo), que arriscam seu próprio capital para a obtenção de lucro, o
que não é imoral e pode não ser ilegal.
Mas não, no Brasil, com dinheiro público
agregado fartamente ao capital privado o sujeito enriquece, os lucros são
reaplicados aqui ou fora. Os prejuízos repartidos com o contribuinte,
religiosamente.
Há empresas gigantescas,
pesos-pesados, que já aprenderam a andar sozinhas há décadas, mas ainda
penduradas nas tetas do BNDES, mamando dinheiro público que terá um retorno
duvidoso, e fazendo cocô nas fraldas.
As fraldas sujas, como vemos no noticiário, ficam por
conta da lavanderia pública, com o contribuinte pagando a conta, o eleitor
idiotizado. E isso gera milhões em propinas, corrupção ativa e passiva,
desvios, um mundo subterrâneo quase impossível de ser investigado.
Vejam no que deu a CPI do
Cachoeira. O que aconteceu com as investigações que deveriam colocar os faróis
sobre uma empresa chamada Delta?
OS MEIOS E OS FINS
Além de que num pais como o
nosso, em que há restos do feudalismo, dos senhores regionais, das famílias
dotadas de privilégios especiais que tudo podem, antigas, aristocráticas, ou novarricas, ainda tivemos o azar do
espalhamento, pelos quatro cantos, da visão de esquerda de que os fins
justificam os meios.
Isto é, um partido que acredite
ter a visão esquerdista da salvação, sendo ele mesmo o salvador geral (claro),
pode fazer qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo, para chegar ao seu
objetivo, supostamente o objetivo do bem geral. Dentro dessa lógica imoral não
há qualquer limite para a ação, até matar é válido. A História do Século XX
está repleta de exemplos.
Além disso, o que cria a
tolerância para com os piores tipos de crimes e práticas, em nome de um futuro
nebuloso, vendido com o nome de esperança, também as pessoas que participam de
tais processos acabam seduzidas pela facilidade com que o dinheiro chega e
cresce a cada instante. Um telefonema e nos transformamos em Midas, o rei mitológico
que transformava tudo em ouro com seu toque mágico. Um bilhete, um email, uma
ligação e pronto: ouro à vista.
Se tais pessoas acreditavam
servir a uma causa partidária, que justificava os verdadeiros assaltos em nome
do bem nebuloso, agora, uma vez em meio a muito dinheiro ilegal, começam a
assaltar o que seria destinado ao partido. Cada um quer uma fatia do bolo.
Ladrões que roubam ladrões. Creio
que o noticiário recente, desde a morte do então prefeito Celso Daniel (PT) dá
uma boa mostra de como funciona o esquema em geral. Pelo que dizem os
promotores de SP, enquanto os desvios eram para o partido tudo bem, mas quando
alguns começaram a pegar dinheiro para engordar suas próprias contas
pessoais, aí a coisa teria ficado
feia. Dupla moral: roubar é feio, quando para si; roubar para o partido que se julga superior
não.
Mas há envolvidos com esse tipo
de barbaridade em todos os recantos do Pais. Uns cinicamente justificando a
podridão por o seu partido ser supostamente superior aos demais. A corrupção
está entranhada na cultura nacional. O jeitinho brasileiro, um sinal aparente
de esperteza, pode explicar muito bem tudo isso.
Outros, que não podem ostentar
tal pedigree, mergulham na roubalheira por vontade mesmo de encher as burras e
tirar proveito da viúva (cofres públicos)
e dos empresários interessados em explorar a viúva, como os prestadoras
de serviço que vivem gerando escândalos e investigações pela policia e
promotoria, empresas de transporte e de coleta de lixo, por exemplo. De onde surge muito
dinheiro para as campanhas políticas.
Leiam com a devida atenção o
noticiário sobre o julgamento do Mensalão e as reações do PT e dos corruptos
envolvidos e chegarão à conclusão de que os condenados estão sendo perseguidos
pelos ministros maldosos. A inversão é absoluta. Os ministros do Mal, aliados à
imprensa do Mal, estariam perseguindo inocentes agente do bem geral. Tudo não
se explica pela ótica do meios e
os fins? Se houve crime, eram apenas malfeitos, pelo bem comum.
MUAMAR KADAFI: HOMEM-DEUS LÍBIO ESTE HOMEM-DEUS NUNCA ESTEVE NO BRASIL. |
KADAFI E O SEXO SEM LIMITES
Escrevo sobre Brasília e os nada
recomendáveis costumes políticos brasileiros para levar a história até o
exemplo da Líbia de Muamar Kadafi, um Estado sob o domínio de um tirano
supostamente salvador de seu povo. Ele conduziria a Líbia à glória eterna, o
libertador das mulheres de seu pais! Palhaço histriônico!
Se pensamos que a política pode
terminar no modelo de corrupção tradicional do Brasil, dentro das coordenadas
de uma República democrática e do Estado de Direito, com simples (!) avanço
sobre os cofres públicos e negociatas de contratos, estamos enganados; na Líbia
um louco perverso como Kadafi mostrou até onde pode ir a ação humana, diante de
uma população que finge não ver o que está acontecendo.
Para os libios, desde que as
loucuras de Kadafi não alterassem a renda da família para menos, e nem interferisse
diretamente na família do cidadão (roubando a sua filha), estava tudo muito ótimo
muito bom. A Líbia é um pais conservador islâmico e ninguém estava mesmo
interessado nessas lorotas de libertação feminina. Apenas as pobres mulheres, é
claro.
A jornalista francesa Annick
Cojean escreveu um livro (O Harém de Kadafi) absolutamente assustador sobre a
Líbia e os procedimentos de um homem sem nenhum limite. O coronel Muamar
Kadafi, em décadas de sua revolução,
escravizou milhares de mulheres, as humilhou, as apresentou a todos os vícios:
as fez fumar tabaco, tomar bebidas alcoólicas, usar cocaína, a “estudar” filmes
pornográficos para praticar as lições com ele!, o chamado “paizinho”.
Mandava seqüestrar as garotas,
algumas com 15 anos, ou menos, as roubava de sua famílias e estuprava. Gostava
de ver sangue. Filmava muitas das suas performances e usava as gravações como
chantagem, e para conseguir o que quisesse.
Mas Kadafi foi além, também estuprou
soldados, comandantes do Exército, políticos, atores, libios e estrangeiros,
diplomatas. Cojean, pela pesquisa realizada para a produção do livro mostra que
Muamar Kadafi não conhecia limites e tinha dinheiro, muito dinheiro do
petróleo. Corrompia com presentes milionários e com a pressão da chantagem dos
filmes que gravava sodomizando homens de quem pudesse necessitar apoio futuro.
Até generais foram estuprados por Kadafi.
Fico imaginando o que, em um
núcleo de poder, num grupo muito próximo e unido pode ter acontecido, um dia.
As histórias envolvendo Muamar Kadafi mostram a loucura total e a suprema
degradação a que chega um sujeito poderoso, cercado por aproveitadores e
puxa-sacos, que pensa ser um tipo de deus.
Muamar Kadafi morreu como viveu, após
fazer sofrer milhares de famílias, mulheres, e a população em geral, foi
assassinado. Não sem antes ter sido sodomizado por um cano metálico usado por
um soldado rebelde.
Morreu como viveu, transpirando
sexo por todos os poros.
Será que esta é uma história que
cabe apenas na Líbia?
GUTENBERG J.
MUAMARKADAFI:
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