LÁ DO ALTO, CONTROLANDO TUDO. MAS, AO CONTRÁRIO DE DEUS, NUNCA SABE DE NADA. |
O jornalista e pesquisador Luís Mir trata no livro “Partido de Deus” (2007) das condições históricas que permitiram o surgimento de
um partido como o PT no Brasil, e analisa as causas da sua falência. O PT
resulta das teses sociais da Igreja, do esquerdismo que banha a Teologia da
Libertação, de restos de marxismo mal digerido, um messianismo difuso, da idéia
de que os petistas são um “povo” escolhido.
Em suma, o PT- Estado, do povo escolhido, não se encaixa no
Estado Republicano, pois seria um conjunto com a incumbência de criar um outro
Brasil. Cansamos de ouvir isso dito claramente pelo próprio Lula. Dessa mistura
difusa e explosiva de política e messianismo é que surge um tipo de Antonio
Conselheiro e redentor dos pobres: Lula.
Qualquer cidadão brasileiro que por volta do final dos anos
80 tivesse uns 20 anos de idade pode testemunhar sobre a arrogância como os petistas, com suas estrelinhas
vermelhas, olhavam os demais. Todos os demais partidos eram lixo. Quem não
fosse do PT poderia, talvez, ser tolerado, desde que recebesse o carimbo de “gente
decente”, isto é, não incomodasse os salvadores da pátria.
Daí a propaganda do partido como dono da Ética. A sua
natureza, de certa forma religiosa, ao menos na operação e na concepção da
especialidade de seus militantes, “o povo petista” criou a ilusão de que, em
nome dessa especialidade tudo poderia ser feito.
Afinal, os petistas sabiam o que era melhor para todos, para
o bem geral. Os “escolhidos” sempre sabem, não é mesmo? Os nazistas também
sabiam. Os velhos comunistas soviéticos também. Os comunistas antes do PT, a
História está aí...
Segundo Mir ...(pág.490) “Onde começou a corrupção
revolucionária petista? No desprezo à legalidade parlamentar e republicana,
para isso criando uma ética e prática política toda particular, A anormalidade
do petismo na gestão do Estado obedece a sua pouca disposição de ajustar-se à
licitude republicana. O pagamento de soldos extras aos deputados da coalizão
que apoiavam o governo petista trouxe à tona uma coisa inquietante: vinda do
passado, emerge no presente a inépcia republicana e política de seus atuais
dirigentes...”
O PT é um partido mal resolvido, bicéfalo, meio de
orientação marxista difusa e meio messiânico cristão, com uma auto-visão de
salvador da Pátria e superior à República. Um partido de talhe autoritário,
apoiado (pela vertente católica) nas massas e, ao mesmo tempo, incapaz de
conviver no estado republicano, entre outros partidos, pois sua meta final é
criar um outro mundo, aqui na Terra. Os fins justificam os meios, mais uma vez.
Assim que nesta hora de crise o Conselheiro-Lula é preservado, como se fosse um
tipo de santo.
“Deus”, diria a velha e boa Marta. Com Deus não se brinca, não
é mesmo? Só Deus pode escrever o certo por linhas tortas.
Mas o verdadeiro Deus sabe sempre de tudo, enquanto Lula, o
falso deus, finge não saber de
nada.
Gutenberg J.
Dessa blindagem de Lula, dessa inimputabilidade, em meio a
toda essa “putabilidade”, digamos assim, é que trata o editorial do Estadão, a
seguir:
O Estado de S. Paulo
20/12/2012
(Opinião)
O INIMPUTÁVEL
Eis a palavra de ordem: Luiz Inácio Lula da Silva paira
acima da Justiça, e o seu detrator, o publicitário Marcos Valério, é um
desqualificado. Desde que, na semana passada, este jornal revelou que o operador
do mensalão, em depoimento à Procuradoria-Geral da República, em setembro
último, acusou o ex-presidente de ter aprovado o esquema de compra de votos de
deputados e de tirar uma casquinha da dinheirama que correu solta à época do
escândalo, o apparat petista e os políticos governistas apressaram-se a fazer
expressão corporal de santa ira: "Onde já se viu?!".
Apanhado em Paris pela notícia da denúncia, Lula limitou-se
a dizer que era tudo mentira, alegou indisposição para não comparecer a um
jantar de gala oferecido pelo presidente François Hollande à colega brasileira
Dilma Rousseff e, no dia seguinte, fugiu da imprensa, entrando e saindo dos
recintos pela porta dos fundos - algo não propriamente honroso para um ex-chefe
de Estado que se tem em altíssima conta. Em seguida, usando como porta-voz o
secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, declarou-se
"indignado". Outros ministros também se manifestaram. Como nem por
isso as acusações de Valério se desmancharam no ar, nem o PT ocupou as praças
para fulminá-las, os políticos tomaram para si a defesa do acusado.
Na terça-feira, um dia depois do término do julgamento do
mensalão, oito governadores se abalaram a São Paulo em romaria de
"solidariedade" a Lula, na sede do instituto que leva o seu nome. De
seu lado, a bancada petista na Câmara dos Deputados promoveu na sala do café da
Casa um ato pró-Lula. Foi um fracasso de bilheteria: poucos parlamentares da
base aliada (e nenhum senador) atenderam ao chamado do líder do PT, Jilmar
Tatto, para ouvir do líder do governo Dilma, Arlindo Chinaglia, que Lula
"é (sic) o maior presidente do Brasil", além de "patrimônio do
País", na emenda do peemedebista Henrique Eduardo Alves, que deve assumir
o comando da Câmara em fevereiro. Não faltaram, naturalmente, os gritos de
"Lula, guerreiro do povo brasileiro".
Já a reverência dos governadores - aparentemente, uma
iniciativa do cearense Cid Gomes - transcorreu a portas fechadas. Havia três
petistas, dois pessebistas (mas não Eduardo Campos, que se prepara para ser
"o cara" em 2014 ou 2018), dois peemedebistas e um tucano, Teotônio
Vilela Filho, de Alagoas, autodeclarado amigo de Lula. Seja lá o que tenham
dito e ouvido no encontro, os seus comentários públicos seguiram estritamente a
cartilha da intocabilidade de Lula, com as devidas variações pessoais. Agnelo
Queiroz, do PT do Distrito Federal, beirou a apoplexia ao proclamar que Valério
fez um "ataque vil, covarde, irresponsável e criminoso" a Lula.
"Só quem confia em vigarista dessa ordem quer dar voz a isso."
Não se trata, obviamente, de confiar em vigaristas, mas de
respeitar os fatos. Valério procurou o Ministério Público - não vem ao caso por
que - para fazer acusações graves a um ex-presidente e ainda figura central da
política brasileira. Não divulgá-las seria compactuar com uma das partes, em
detrimento do direito da sociedade à informação. Tudo mais é com a instituição
que tomou o depoimento do gestor do mensalão, condenado a 40 anos. Ainda ontem,
por sinal, o procurador-geral Roberto Gurgel, embora tenha mencionado o
contraste entre as frequentes declarações "bombásticas" de Valério e
os fatos apurados, prometeu examinar "em profundidade" e
"rapidamente" as alegações envolvendo Lula.
Não poderia ser de outra forma. "Preservar" o
ex-presidente, como prega o alagoano Teotônio Vilela Filho, porque ele tem
"um grande serviço prestado ao Brasil", é incompatível com o Estado
Democrático de Direito. O que Lula fez pelo País pode ser aplaudido, criticado
ou as duas coisas, nas proporções que se queiram. O que não pode é torná-lo
literalmente inimputável. Dizer, por outro lado, como fez o cearense Cid Gomes,
que Valério não foi "respeitoso com a figura do ex-presidente e com a
memória do Brasil" põe a nu a renitente mentalidade que evoca a máxima
atribuída ao ditador Getúlio Vargas: "Aos amigos, tudo; aos inimigos, a
lei".
FONTE:
IMAGEM DE LULA:
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