Hugo Chávez está em Havana onde submeteu-se a uma operação
de mais de seis horas para que os médicos cubanos e russos pudessem lutar
contra um câncer agressivo que insistiu em voltar. Na verdade, um câncer tão agressivo
que nunca o havia abandonado. Chávez sobrevive à base de remédios fortíssimos
contra a dor e que minam a sua saúde a olhos vistos.
A questão é que Chávez escondeu isso dos venezuelanos e
levou a situação até vencer a eleição. Agora, rendido à doença, volta a cuba,
de novo, para mais uma operação. O
jornal russo Pravda, em sua versão em língua inglesa publicou dois títulos significativos,
ontem e hoje:
1. HUGO CHÁVEZ TEM OS DIAS CONTADOS. (11/12)
2. HUGO CHÁVEZ DISSE ADEUS PARA O MUNDO? (12/12)
Pravda, em russo quer dizer verdade. Está certo que, por
muitas décadas, na União Soviética, o Pravda foi a representação da verdade...
oficial. Era puramente um veículo de propaganda do Partido Comunista, passando
anos-luz distante do jornalismo feito nas democracias ocidentais.
Basta lembrar, tomando como referência um texto deste blog,
de ontem, comentando a afirmação de Carlos Cachoeira em que ele se diz ser o garganta Profunda do PT, que
Garganta Profunda foi um informante secreto que ajudou os jornalistas investigativos
do Washington Post, Bob Woodward e Carl Bernstein, nas reportagens que acabaram
derrubando o presidente americano Richard Nixon do Poder, em 1974.
Algo assim jamais aconteceria nos tempos do Pravda da União Soviética.
Algo assim jamais acontecerá ao Granma, o diário oficial de Cuba de Fidel
Castro. É apenas um braço da propaganda do regime mimetizando um jornal de
verdade.
O curioso é ver o Pravda em inglês tratando do assunto Chávez
como se trata um caso assim, de forma objetiva, procurando saber qual a verdade
dos fatos. Chávez é um chefe de governo. Está bem ou mal? Vai morrer ou não?
Informou ao seu povo ou não, etc... Isso é Jornalismo.
Enquanto isso a versão em português publica um texto em
espanhol! Que parece saído dos antigos escritórios da KGB, escrito em uma
linguagem empolada e editorialesca, em que nada se informa. Isto demonstra o quanto há forte contaminação da linguagem
oficialesca cubana e venezuelana no noticiário relativo a Chávez. Parece como
os jornais brasileiros informam sobre a saúde do tiranete de Caracas, sem qualquer
vontade de informar.
Fica parecendo que Chávez não é humano, não pode fica
doente, está impedido de morrer. Que é dono dos venezuelanos e não precisa
detalhar do que padece. Parece parte da própria imprensa brasileira que, ao invés
de querer saber a verdade sobre o Mensalão e as denúncias de Marcos Valério sobre
Lula, se são ou não verdadeiras, chama a outra parte de imprensa golpista. Numa
democracia, chegar ao fundo dos fatos para obter a verdade não é golpe. Por
isso os poderes são independentes, e a imprensa é livre.
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