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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

SÍRIA, O NOVO NOME DO INFERNO. Mais de 45 mil mortos desde março de 2011. O que era um pais, embora unido por uma ditadura socialista, se transforma numa colcha de retalhos. O país de Bashar al-Assad, e do Partido Baath, talvez também não encontre a paz em 2013.

Este blog nunca considerou a viabilidade da Primavera Árabe (há diversos textos no arquivo sobre isso). Também nunca acreditou que a tal primavera tivesse sido obra da rede de relacionamentos virtuais Facebook ou do Twitter. 

Isto é, as comunicações fáceis jamais foram "causa" das rebeliões. Os rebeldes poderiam ter usado também sinais de fumaça, telégrafo ou pombos-correio. Mas nada disso seria a “causa” da revolta. 

A questão não surgiu por conta das facilidades de comunicação, assim como o mesmo não ocorreu nos demais países alcançados pela chamada Primavera Árabe. Essa foi uma leitura extremamente ingênua e romântica das revoltas.

CONFLITO CHEGOU ÀS CIDADES MAIORES 
A cada dia está mais claro que o fermento das revoltas foi a intenção de grupos islâmicos radicais de imporem governos de natureza religiosa, aplicando a Sharia às populações daqueles países. É o que está ocorrendo agora, no Egito, onde as revoltas derrubaram Hosni Mubarack.

A imagem que melhor descreve a situação em todos aqueles países, fosse a Tunísia, a Líbia, o Egito, a Síria, ou qualquer outro de população majoritariamente árabe e de religião islâmica, é a de uma multidão de 100 mil pessoas em um gigantesca praça pública protestando contra o governo.

Mas, num exame mais próximo descobriríamos que a multidão não é coesa, uniforme, homogênea. É um imenso amontoado de gente formado por grupos menores, cada um protestando contra algo, por alguma razão. 

No fundo, uma certa insatisfação geral pelo baixo rendimento da Economia, alguns protestando por perseguições políticas, outros almejando a Sharia para todos, outros uma democracia ocidentalizada, outros o pluralismo político, outros o pluralismo religioso, outros a libertação da mulher, etc. De radicais islâmicos xiitas a radicais libertários. 

Em suma, uma multidão uniforme numa vista geral de longe, mas um caldeirão explosivo e contraditório, visto  de perto. A única coisa que mantinha a ordem, assim como em muitos outros lugares (apenas como constatação), era a ditadura. 

Com a ditadura do modelo atual sendo contestada, nada garante que o substitutivo seja democrático (no Egito não é, por exemplo). Com isso, a revolta, uma vez iniciada e sem controle, acaba gerando uma guerra civil com frágeis alianças temporárias.

No fim das contas, cada grupo combatente gostaria de vencer e dominar, gerando outra ditadura. Por isso acredito que Síria não encontrará a paz em 2013. A ditadura de Bashar ainda não está tão enfraquecida quanto os rebeldes gostariam. Caso Bashar al-Assad seja derrubado em 2013, os rebeldes é que serão a fonte de instabilidades.

A questão é saber quem governará sobre todos. Como isso não será definido facilmente, mesmo com a queda do ditador a luta poderá interna continuar por muito  tempo. 

Os islâmicos radicais, com apoio do Irã, não darão sossego aos demais grupos, e sempre haverá o risco de Israel sentir-se inseguro com a situação síria, por conta do apoio dado pelo regime a grupos terroristas que atuam no Líbano e em Gaza, contra Israel.

A Síria é um país complicado há décadas, alinhado à antiga URSS e chegado à Rússia, apoiador de grupos terroristas que infernizam Israel. Mas, ao longo do tempo, sempre foi possível a convivência de diversos grupos religiosos, mesmo cristãos (10%), entre uma maioria islâmica (90% do total) dividida entre 74% sunitas e mais 15% de aluitas, xiitas e druzos. A população está na faixa de 22 milhões de habitantes, sendo que 45% na zona rural. 
   
MILITARIZAÇÃO DO COTIDIANO
A oposição a Bashar al-Assad é complexa, pois não há um união entre os grupos rebeldes, e nem uma clara razão para isso.

Segundo a imprensa internacional, baseada em ongs sírias, a violência já produziu mais de 45 mil mortos, dos quais mais de 30 mil civis (incluindo rebeldes em armas), desde o início dos protestos contra o regime de Bashar al-Assad há 21 meses.

O número de soldados mortos chega a 11.217 e o de desertores a 1.511, segundo a ong Observatório Sírio, com sede no Reino Unido e que se baseia em uma ampla rede de ativistas e de fontes médicas nos hospitais civis e militares do país. "É preciso acrescentar outras 776 pessoas mortas cuja identidade é desconhecida", segundo Abdel Rahman, que eleva o número de vítimas mortais em 21 meses a 45.048.

Mas os números são apenas uma ordem de grandeza. Ninguém tem uma contagem  precisa, é impossível, dadas as condições do pais. Alem do mais, milhares fugiram para a Turquia e outros vizinhos. Também não se sabe o número de civis milicianos mortos, isto é, os que combatem ao lado das forças de segurança oficiais.  

A única certeza é a da guerra civil, das mortes e dos feridos. A Primavera Árabe nunca passou de um pesadelo, que transformou a Síria no Inferno. 



COMBATES EM ZONAS URBANAS AUMENTAM

CADA VEZ MAIOR MILITARIZAÇÃO DO COTIDIANO



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