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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

MARCELO FUKUHARA. SANTOS (SP), UMA CIDADE SOB O DOMÍNIO DO MEDO. Após a execução do sargento da PM, cresce a angústia entre os policiais na Baixada Santista. A demagogia dos defensores dos “direitos humanos” criou um grande obstáculo para a ação firme da policia contra o crime organizado. Além disso, sabe-se que há quem se deixe fascinar pelo poder do dinheiro: corrupção.

SANTOS, 420 MIL HABITANTES EM UMA ILHA.
NOS MORROS  (ÁREA VERDE CENTRAL)  MIL PESSOAS. 

O site Terra publica hoje uma boa reportagem sobre a segurança na Baixada Santista, do repórter Dassler  Marques, que é absolutamente verdadeira em relação ao que ocorre hoje naquela região do litoral paulista. A matéria não faz, contudo, uma análise mais aprofundada sobre como a defesa dos direitos humanos incrementou a marginalidade no Brasil inteiro após o fim da ditadura militar, uma vez aprovada a Constituição de 1988.

O problema não foi o fim da ditadura. Ditaduras não devem existir. O problema foi o surgimento no Brasil de um tipo de síndrome libertária: “é proibido proibir” que, no caso das ações policiais, ficou mais ou menos assim: “é proibido reprimir”.

No Brasil há uma falsa relação no imaginário intelectual que confunde ações  policiais duras contra bandidos, especialmente os do crime organizado (fortemente armados e cruéis) com ações repressivas semelhantes às praticadas em ditaduras. Em democracias decentes os bandidos não ousam atacar a policia. Sabem que é encrenca pesada. E deve ser assim. No caso do Brasil é que há quase uma defesa institucional da bandidagem, por um lado, e o crescimento de uma banda podre da policia, seduzida pelo dinheiro fácil do crime.  

LUGAR DE BANDIDO É NA CADEIA.

O povo é mais objetivo, para o povo, lugar de bandido é na cadeia. Para a intelectualidade, geralmente esquerdista, criticar a repressão é uma forma de fazer critica ao regime democrático estabelecido, ao capitalismo. Fica parecendo, aos desinformados, que em paises em que o governo é de esquerda, ou em ditaduras de esquerda, não há repressão ao crime.   

Na verdade, quando a esquerda assume o poder, de forma ditatorial, prende e mata os bandidos. Basta ver que não se fala em direitos humanos em Cuba, Coréia do Norte ou China. Não há dialogo com os criminosos. Assim como não há dialogo com mais ninguém. Novamente: ditadura é ditadura. Na China criminosos são mortos com um tiro na nuca e a bala é paga pela família do bandido!

O que acontece é que as autoridades, em Santos, especialmente nos últimos vinte ou trinta anos, foram descuidadas com o avanço do crime, especialmente o ligado ao tráfico de drogas nas regiões dos morros. Qualquer funcionário municipal, dos correios, dos serviços de água e esgoto, ou de companhias telefônicas e tv a cabo pode, perfeitamente explicar as dificuldades encontradas para executarem serviços em determinadas ares dos morros santistas, como o do José Menino, São Bento, Nova Cintra e outras áreas.

E mesma situação se estendeu para algumas áreas de São Vicente, Cubatão e Guarujá, por exemplo. Este último município, por exemplo, tem cerca de 50 favelas, inexistentes há 30 anos, em que imperam os traficantes e matadores. Ali, até problemas conjugais são resolvidos pelos bandidos, para evitar a chegada de policiais.

A situação é mais critica nas áreas com morros, não necessariamente por conta da pobreza que possa haver ali. Em Santos há muitos moradores de classe média nos morros, boa parte urbanizados. Há pobreza em muitos lugares. E sim porque os morros, pelas suas próprias características, dificultam o acesso às viaturas policiais devido à topografia. Há partes sem arruamento, há escadarias ou trilhas, algumas pelo meio do mato, devido a ocupações irregulares.  

Na verdade, Santos é uma cidade com uma população de menos de 420 mil habitantes, o equivalente a um bairro do Rio de Janeiro. Nos morros santistas moram cerca de 40 mil pessoas. De modo geral, os morros santistas não são favelas.

Muitas áreas foram ocupadas por famílias portuguesas na primeira metade do Século XX, construindo sólidas casas de alvenaria, com alicerces feitos aos modos da Ilha da Madeira. No anos 80 é que começaram a haver ocupações irregulares e os morros começaram a ter áreas faveladas, em encostas íngremes, sem arruamento.

Um  amigo meu, jornalista, que mora em Santos há muitos anos enviou informações preciosas para que possamos entender o que ocorre por lá.

Após o final da ditadura militar, com a Constituição de 1988, começou a era dois direitos. Todos têm direitos assegurados desde o nascimento, mas ninguém têm a consciência dos deveres. Uma falsa visão humanista, na verdade super protetora, está criando, nestas décadas, pessoas cheias de direitos, exigências, sem a noção de que há contrapartidas.

Também as promessas do paraíso aqui na terra, pela esquerda populista e demagógica, e o olho grande de candidatos a vereadores e a prefeitos, estimularam nestas décadas, as invasões de áreas, muitas de reservas ambientais ou particulares, Sabe-se que muitos do movimentos que surgiram do “sociedade civil organizada” nunca passarem, de fato, de braços de partidos de esquerda manipulando os pobres, em busca de votos.

As invasões ao longo do tempo, na Baixada Santista, e em Santos, permitiram, pela ocupação caótica, a ocupação dos espaços pela bandidagem. Locais de difícil acesso pelos prestadores de serviços públicos, e difíceis até para ambulâncias, bombeiros e policias civil e militar. Como Santos fica na ilha de São Vicente, as áreas de mangue, nas franjas interiores, tanto no município de Santos  como no de São Vicente, foram ocupadas por favelas aquáticas, com a construção de inúmeras palafitas.

As palafitas também dificultam a entrada dos serviços públicos, pois as pessoas andam sobre estreitas vias de madeira, inseguras, sobre água altamente poluída. Há inúmeras áreas de palafitas também dominadas pela marginalidade. De certo modo, a situação é parecida com a de algumas regiões do Rio de Janeiro. A diferença está em que em Santos os morros não estão dependurados à beira mar, não ao menos na faica que se chama de orla da praia.

De fato, os morros estão mais próximos da área central, que já foi a antiga Santos do Século XIX e início do Século XX. Outras bandas dos morros voltam-se para a chama Zona Noroeste, em direção a São Vicente.

Meu amigo diz que os morros eram tranqüilos e não tinham a bandidagem de hoje em dia. Moradores de certos locais, mais próximos ao topo dos morros, ou áreas ainda próximas a matas, dizem que há infestação de gente armada.  Garotos, adolescentes armados que invadem bares e pequenos comércios e,como dizem por lá, “barbarizam”, para impor o medo e o respeito.

CABEÇA A PRÊMIO

Diz o relato de Dassler que três policiais militares e um policial civil da Baixada Santista, todos ouvidos pelo Terra, ...“ratificaram a informação que já havia sido passada à polícia civil de Santos de que a morte do sargento da PM, Marcelo Fukuhara, tinha preço estipulado pelos traficantes do Morro do São Bento, ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A organização criminosa teria pago até R$ 500 mil pelo homem chamado de "linha de frente" pelos colegas”.

SARGENTO PM MARCELO FUKUHARA

...“Um cabo da PM e colega de Fukuhara no 6º Batalhão, onde atuava em Santos, descreve o policial assassinado por bandidos na madrugada do último dia 7, na Ponta da Praia. "Ele era um policial linha de frente, atuante, que não media esforços para dar continuidade ao serviço. Nosso comando já sabia das ameaças, mas nunca fizeram nada para ele recuar. Quando o policial é de rua, essas situações estão no sangue. Ele não vai recuar mesmo sob ameaças", conta em troca de anonimato ao Terra. "Essa questão de recompensa é comentada sempre e geralmente acontece", confirma.

...“A caça a Fukuhara teria origem na conduta que ele próprio adotava em operações nos Morros do São Bento, Nova Cintra, Santa Maria e Monte Serrat, focos de tráfico de drogas em Santos. No dia 2 de setembro, no Santa Maria, uma operação comandada por ele provocou a morte de três jovens e a apreensão de 57 quilos de maconha, estopim para a reação dos bandidos ainda na mesma semana ao espalhar o prêmio pela morte do policial.

Segundo relata Dassler, ...”Colegas de Fukuhara também se revoltam com o boato de que o policial poderia ter qualquer tipo de ligação com traficantes. "Ele era muito caxias, não aceitava propina de jeito nenhum. O partido (PCC) queria a cabeça dele por causa disso, o prêmio era acima de R$ 400 mil. Ele derrubou três da última vez que subiu o morro", conta um investigador da polícia civil também ouvido pelo Terra. "Sempre que a polícia faz movimento onde morre algum deles, desarma algum tentáculo muito forte deles, partem para a retaliação. Se tornou uma guerra civil", descreve.”
(Informações do Terra, confirmadas por moradores de Santos)

“Nas noites de terça e quarta-feira da última semana, a onda de violência que provocou 18 mortes em cinco dias, na Baixada Santista, atingiu seu auge. Não do ponto de vista estatístico, mas pela sensação de terror que se espalhou com direito a toque de recolher informal. Há oito dias, escolas de Santos dispensaram os alunos do período noturno antes do horário habitual, cooperativas de táxi sugeriram fim do serviço aos motoristas e até viaturas da Rota orientaram a população para permanecer em casa. Tudo por conta da guerra informal e nada silenciosa entre policiais militares e integrantes do Primeiro Comando da Capital, o PCC.

...”Quatro policiais militares ouvidos pelo Terra, que por receio de represálias preferiram não se identificar, relatam desmotivação e falta de respaldo do Estado na caça aos criminosos muito bem organizados. Dois deles, soldados que participam de operações na caça ao tráfico, revelam medo pelo que pode gerar a morte de um bandido ao próprio policial. "O povo tem que saber como funciona. Hoje para trabalhar é 'embaçado'. Se o ladrão for conceituado no crime, houver uma ocorrência com troca de tiros e eu matar o cara, no mês seguinte vão me buscar em casa. O crime tem dinheiro e não tem rotina. O PM honesto não tem dinheiro e tem rotina", descreve um dos soldados”.

,,,”Colega de farda, um outro soldado relata situação recente que um companheiro vivenciou. "O bandido foi pego em flagrante e ofereceu R$ 100 mil ao policial em meia hora, mas ele não aceitou, 'hoje não é seu dia', disse para o cara. Depois, ele (bandido) deu R$ 130 mil para o promotor e foi para a rua. E aí ele vai atrás de quem? Vai atrás do policial que prendeu e não tem proteção", critica.

Lenda ou não, o fato é que sabe-se que há corrupção, pois num determinado momento pessoas vêem a ação policial, e déias depois os bandidos estão de volta para aterrorizar, como se diz. Há áreas de periferia, segundo moradores, em finais de semana, em  que os policiais desaparecem e então ocorrem os bailes funk, muitos patrocinados por traficantes. Tudo isso é bem conhecido.Mas há o medo de falar.
Famílias mais pobres que moram em locais mais baratos, portando de mais difícil acesso, acabam tendo contatos freqüentes com os bandidos.

Os bandidos, de modo geral, não incomodam os moradores, mas não admitem suspeitas de que ali existam dedos-duros,  informantes da polícia. Imaginem a situação de policiais que, por conta das dificuldades da vida moram nas proximidades.  Nunca podem andar fardados por ali, e tem a família sempre exposta a riscos e chantagens.

CIDADE ESTÁ EM UMA ILHA.

Do ponto de vista militar, ou de segurança, Santos não seria, caso houvesse vontade das autoridades municipais e estaduais, difícil de ser fiscalizada e protegida contra os bandidos.  A cidade está em uma ilha, há poucas ligações com o continente, por pontes (Anchieta ou Imigrantes) e pelas balsas com a Ilha de Santo Amaro (Guarujá).

SANTOS É A ÁREA DENTRO DO PONTILHADO

Os morros, embora tenham cerca de 40 mil  habitantes, também têm poucos acessos, o que permitiria ações mais constantes de filtragem. Para chegarem à cidade, bandidos do PCC, ou seus parceiros, poderiam ser facilmente detectados. Incomodoria a população um pouco? Sim. Resolveria o problema? Não, definitivamente, visto que não estamos no Paraíso,  mas isso criaria sérias dificuldades aos criminosos.

Isto posto, fica a pergunta: a quem interessa que isto não se resolva?
Não posso acreditar que o crime  organizado possa permanecer por conta de, alguém, além dos criminosos, lucrarem com ele. 

(Terra)...”Os dois soldados lembram da morte do sargento Marcelo Fukuhara, que foi assassinado a tiros de fuzil na Ponta da Praia, em Santos, na madrugada do último dia 7. "É tudo muito organizado. Os caras tinham um carro IX35 (da marca Hyundai) e com certeza é quente, não é roubado. Não vão colocar dois fuzis e quatro caras dentro de um carro roubado. É carro quente, do crime. Hoje os bandidos têm naipe de playboy (rico). E se ele quiser te pegar, é questão de tempo", diz um dos PMs.

A matériado Terra diz que ...”O quadro provoca desmotivação nos policiais, asseguram. A medida emergencial adotada pelo Governo do Estado, além de colocar policiais administrativos na rua, foi reduzir a folga da corporação no início do mês. Um dos soldados entrevistados conta ter trabalhado 12 horas, por 10 dias consecutivos. Boa parte dos assassinatos a homens de farda ocorre quando não estão a serviço.

..."Na verdade, isso (revogar folgas) protege os vagabundos, porque os policiais de folga vão atrás de vingança com os bandidos. Se quer me proteger, me dá segurança. Como vou trabalhar 10 dias sem folga com atitude e energia? Não dá", afirma. "Do que adianta fazer bloqueio de trânsito para pegar carro de trabalhador? Se fosse para fechar a biqueira da favela fazendo operação, todos os dias e por 12 horas, eu ficaria com gosto. Até três meses se fosse preciso."

...”De acordo com os PMs, a sensação dos bandidos junto ao PCC é totalmente oposta à que os policiais têm em relação ao Estado. "Eles pagam R$ 600 por mês (para o PCC) pelo status. E se forem presos ou morrerem, têm advogado e auxílio para a família. Você viu o que a mulher do sargento (Marcelo Fukuhara) falou? Que ninguém procurou ela", compara um dos soldados, com um atestado: "sabe quem mais perde com isso? É a população."

Voltaremos a esta questão sobre como os defensores dos direitos humanos agem no sentido de proteger criminosos. Caso fossem realmente defensors dos direitos humanos universais, isso deveria incluir a sociedade inteira, não deixando de lado palavras de consolo e ações eficazes em defesa das vitimas dos criminosos. 
As vítimas dos criminosos são, para tais defensores, culpadas, pois fazem parte da sociedade má que permite surgirem os criminosos! É um raciocínio de quinta categoria, cínico e perverso.

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