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terça-feira, 2 de outubro de 2012

AS PARCAS, ANA CAROLINA TEIXEIRA E O COVARDE QUE FUGIU APÓS O ATROPELAMENTO, SANTOS (SP). É preciso enfrentar a Morte com serenidade, mas é preciso, também, esperar que a Justiça seja feita.


ANA CAROLINA
(Foto Angélica Goudinho/Arquivo Pessoal)
No dia 23 de setembro, às quatro horas da manhã, não sei por que cargas d´água as parcas resolveram sair de seu sono tranqüilo e permitiram que uma tragédia acontecesse. Ana Carolina saia de um restaurante onde trabalhava, no Gonzaga, um bairro turístico de Santos, às 4 horas da manhã, quando foi atropelada por um veículo cinza ou prata de quatro portas cujo motorista, covardemente, preferiu fugir do local, sem prestar qualquer tipo de socorro à vítima.

O blog recebeu visita de várias partes do Brasil em busca de informações sobre o caso de Ana Carolina Cópia Teixeira, que tinha 21 anos e morreu na segunda-feira, após permanecer uma semana em coma em conseqüência de um atropelamento. Lamentavelmente a Polícia ainda não dispõe de informações que levem à identificação do autor do crime.

Destino, vontade de Deus, o trabalho de Átropos, aquela parca que, impiedosamente corta o fio da vida. Talvez isto sirva de consolo para o inconsolável que é a perda de quem se ama.

Mas isso nada tem com a necessidade terrena de Justiça, já que as parcas, para manifestar a sua vontade, usaram, desta vez, e neste caso, um completo irresponsável.

Que o covarde seja identificado, processado e condenado a cumprir sua pena. À família e amigos restará acreditar no mistério que é a vida, nos desígnios de Deus e na imprevisível ação das parcas. Elas tecem nossa vida, fazem os cruzamentos que se transmutam no nosso destino e, um dia, uma delas corta o fio da vida. Isso nos deixa profundamente  tristes e abalados.

Talvez sirva para que pensemos sobre a fugacidade das coisas, a fragilidade da vida, a necessidade de prestarmos atenção aos outros e sermos menos centrados egoisticamente. Ana Carolina Teixeira não teve oportunidade, os médicos tentaram mantê-la viva. Mas nem a Ciência e nem a Medicina podem tudo, muito menos contra o Destino, a vontade de Deus ou a impertinência das parcas.

Mas aqui nesta Terra, onde podemos fazer algumas coisas funcionarem ao nosso modo, ainda que precariamente, espero que possamos saber quem segurou a tesoura para Átropos. Que a família e os amigos encarem os processos de vida e morte com resignação. Não é possível recuperar Carolina, estará na memória de quem a amou. 

Mas que continuem acreditando que a Justiça humana também pode funcionar e ser eficaz. Que a prisão seja o destino do covarde que fugiu e não soube agir como um bom cristão ou, ao menos, como um ser humano decente.

Segundo o site G1, imagens de câmeras de monitoramento podem auxiliar a polícia nas investigações sobre o atropelamento de Ana Carolina. As imagens captadas por câmeras de monitoramento da Rua Governador Pedro de Toledo mostram toda a ação.

Na gravação é possível identificar que um carro prata atingiu Ana Carolina. Porém, segundo a Polícia Civil, a placa do veículo não fica claramente a mostra nas imagens. A polícia acredita que as câmeras do circuito interno de um edifício na Rua Artur Assis possam ajudar a coletar mais dados sobre o carro que atropelou a jovem.

As pessoas que tiverem informações sobre o veículo que, segundo a polícia, deve estar com marcas da batida, podem ligar para o Disque Denúncia pelo telefone 181.

  
AS PARCAS


FERNANDO KITZINGER DANNEMANN


As Parcas, para os romanos, ou Moiras, para os gregos, responsáveis pela sorte dos homens, pertenciam à primeira geração divina. Eram três irmãs, filhas da Noite e de Érebo, mas para alguns, de Júpiter e de Têmis, ou ainda, segundo outras versões, filhas da Necessidade e do Destino. A princípio havia uma só Parca, e esta se confundia com o Destino. Depois, passaram a ser as três irmãs, mas a obscuridade que reina sobre o seu nascimento indica que elas exerciam funções desde a origem, e eram tão velhas quanto a Terra e o Céu.

Eram chamadas de Cloto, Láquesis e Átropos, entre os romanos, ou Nona, Décima e Mortal, entre os gregos, e habitavam um lugar junto das Horas, nas regiões olímpicas, donde dirigiam não somente a sorte dos mortais, como também o movimento das esferas celestes e a harmonia do mundo.

Assim, elas determinavam o curso da vida humana decidindo questões como nascer e morrer, de maneira que nem Júpiter (Zeus) podia contestar suas decisões. Eram também designadas fates, daí o termo em ingles "fate" (destino), sendo interessante notar que em Roma se tinha a estrutura de calendário solar para os anos, e lunar para os atuais meses. A gravidez humana é de nove luas, não nove meses; portanto Nona tecia o fio da vida no útero materno, até a nona lua; Décima representava o nascimento efetivo, o corte do cordão umbilical, o início da vida terrena, a décima lua. Morta é a outra extremidade, o fim da vida terrena, que pode ocorrer a qualquer momento.

No seu palácio, os destinos dos homens estavam gravados em ferro e bronze, de maneira que nada podia apagá-los. Imutáveis nos seus desígnios, elas possuíam esse fio misterioso, símbolo do curso da vida, e nada conseguia aplacá-las. Uma vez, porém, consolaram Prosérpina da violência que lhe tinha feito Plutão, e minoraram a dor de Ceres, aflita com a perda de sua filha (quando essa deusa foi ultrajada por Netuno, foi pelos seus rogos que esta consentiu sair de uma caverna da Sicília, onde Pã a descobriu).

            Cloto, nome que significa “fiar”, parecia ser a menos velha das Parcas; produzia o fio dos destinos humanos. Representam-na vestida com uma longa roupa de várias cores, com uma coroa formada por sete estrelas, segurando uma roca que desce do céu à terra. A cor predominante de suas roupas é a azul-clara. Láquesis, nome que significa “ver a sorte, prospectar a sorte”, era a Parca que colocava o fio no fuso. As suas vestes são matizadas de rosa e recobertas de estrelas, sendo facilmente reconhecível pelo grande número de fusos espalhados a seu redor. Átropos, “a inflexível” cortava impiedosamente o fio que media a vida de cada mortal. É representada como a mais idosa das Parcas, com vestidos negros e lúgubres. Perto dela, em suas representações mais comuns, há muitos novelos de fio, mais ou menos cheios, conforme a extensão, longa ou breve, da vida que representam.

            Os antigos representavam as Parcas sob a forma de três mulheres de rosto severo, acabrunhadas de velhice, com coroas de grossos flocos de lã entremeada de narciso. Outros lhes dão coroas de ouro; algumas vezes, uma simples faixa envolve-lhes a cabeça; raramente estão veladas.

            Os gregos e os romanos renderam grandes honras às Parcas, e as invocaram depois de Apolo porque, assim como esse deus, elas também previam o futuro. Imolavam-lhes ovelhas negras que eram, também, as vítimas sacrificadas às Fúrias. As divinas fiandeiras, além do encargo de desenrolar e cortar o fio dos destinos, presidiam o nascimento dos homens e, finalmente, eram encarregadas de conduzir e fazer sair do Tártaro os heróis que tinham ousado penetras naquelas inóspitas paragens. Foi assim que serviram de guia a Baco, a Hércules, a Teseu, a Ulisses, a Orfeu, etc.

Era também a elas que Plutão confiava sua esposa, quando, obedecendo à ordem de Júpiter, esta voltava ao Céu para passar seis meses ao lado da mãe.

Fonte: Mitologia Greco-Romana, de Márcio Pugliesi.
FERNANDO KITZINGER DANNEMANN
http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/vi

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