AFINAL, ONDE ESTÁ ELIZA? |
Há uma versão que circula por aí de que Eliza Samúdio,
aquela moça que teve um caso e um filho com o goleiro Bruno, não está morta,
tendo sido vista em um dos grandes bazares de Istambul, na Turquia.
Poderia estar, também, em algum país do Leste Europeu,
participando de filmes de quinta categoria. Ou em Bollywood, na Índia. Parece
que foi vista em Cochabamba, na Bolívia, ou jogando futebol feminino em um time
espanhol.
São tantas as pistas e indícios. E, curiosamente, estaria sempre em algum lugar distante, longe de todos seus amigos. É quase possível sugerir que, após ter sido morta, resolveu abandonar o Brasil.
A mãe de Eliza parece ser
mais realista e, como a promotoria, os peritos policiais e milhões de outras
pessoas, que acompanharam o drama da moça, crê que ela esteja morta há muito
tempo. Apenas, como mãe, aguarda que lhe entreguem os restos da jovem que teria
sido assassinada e cujas partes do corpo poderiam ter sido jogadas a cães
ferozes e famintos. Eliza Samúdio desapareceu.
Ao ouvir um dos advogados de Bruno, de grandes óculos
escuros e uma expressão de chefe mafioso, confesso que fiquei intrigado e me surgiu
uma questão: há limite legal ou ético para um advogado de defesa?
HÁ LIMITES ÉTICOS PARA A DEFESA?
Vale tudo, mas tudo mesmo, para defender um cliente?
Qual o problema principal no caso do julgamento de Bruno e
os outros acusados pela morte de Eliza Samúdio, segundo a promotoria? O
problema principal, é evidente, é o fato de não haver um corpo.
A polícia não
encontrou um só vestígio do corpo de Eliza. O que, na revista Ellery Queen, de
histórias policiais, indicaria o crime perfeito. Mas na mesma revistinha, nos
anos 60, aprendi que não há o crime perfeito.
Não se trata de fazer um plebiscito e decidir: Eliza está
viva, Eliza está morta. Se ganhar o "está morta", então ela está morta; se ela estiver morta, de nada adiantaria o plebiscito decidir: está viva. E o contrário é verdadeiro.
Certamente muitos desaparecidos podem não estar mortos. Mas não parece ser o caso de Samúdio. A promotoria e a polícia juntando todos os indícios, sinais, testemunhos e informações acreditam que ela foi morta. E de um modo cruel.
Certamente muitos desaparecidos podem não estar mortos. Mas não parece ser o caso de Samúdio. A promotoria e a polícia juntando todos os indícios, sinais, testemunhos e informações acreditam que ela foi morta. E de um modo cruel.
Mas como, por quem, e onde? Supostamente a mando de Bruno,
com o auxílio de seu inseparável amigo Macarrão e de um ex-policial, apelidado Bola, e mais duas moças, uma ex-esposa de Bruno e outra, ex-namorada.
A defesa de Bruno conta com o fato do corpo haver desaparecido. Segundo eles, não foi o corpo, mas Eliza que desapareceu. O que faz muita diferença.
A defesa de Bruno conta com o fato do corpo haver desaparecido. Segundo eles, não foi o corpo, mas Eliza que desapareceu. O que faz muita diferença.
Se foi o corpo, está morta. Se foi Eliza que sumiu, poderia estar em Bangladesh, no
Tibete, no Uruguai, ou em Miami, divertindo-se na Disney, como vingança, só
para Bruno sofrer. Mas ela faria a mãe sofrer também? E abandonaria o filho? É uma alternativa não muito realista.
ONDE ESTÁ ELIZA? |
Como o corpo não aparece, a defesa fica fazendo um jogo
cruel. Para a defesa é um meio de lançar dúvidas na cabeça das pessoas e,
especialmente do júri. E se ele for condenado e ela aparecer?
Ora, se ela aparecesse, ele seria posto na rua após ela contar
a história. Se ela não aparecer? Bem, uma vez que seja condenado Bruno e os
outros pegarão cadeia. E se ele for inocente? Corre esse risco, afinal Eliza sumiu...A defesa conta com a dúvida geral. Contando com o aforisma de que no caso de dúvida, "pró-réu", isto é: melhor soltar um culpado que condenar um inocente.
A minha dúvida, que reparto com o leitor, é: os advogados de
Bruno sabem toda a verdade? Se eles foram informados de que ela morreu mesmo do
modo que polícia suspeita, é correto lançar a fumaça da dúvida?
Talvez seja
certo, do ponto de vista de defesa e do direito à defesa. Mas se eles sabem que
ela morreu, que foi assassinada, como colaborar para com a absolvição de um
criminoso? O fato do corpo não aparecer nunca (tese do crime perfeito), não significa que ela não tenha sido assassinada. O quanto um advogado de defesa deve saber sobre a verdade, e quais os seus limites para defender o cliente? Mentir vale?
Eliza Samúdio pode nunca mais voltar de um lugar, se é para
lá que foi mandada: o mundo dos mortos.
Os advogados conseguem dormir com tranqüilidade
se souberem que é para lá que ela foi? Apenas com uma passagem sem volta?
IMAGEM DE ELIZA SAMÚDIO:
http://acaunewsagora.blogspot.com.br/2012/01/paixao-incubada-macarrao-matou-eliza.html
PS:
ANEXADO EM 8 DE MARÇO DE 2013
PS:
ANEXADO EM 8 DE MARÇO DE 2013
BRUNO FOI CONDENADO A 22 ANOS DE PRISÃO PELA MORTE DE ELIZA SAMÚDIO.
O goleiro Bruno foi condenado a 17 anos e 6 meses em regime fechado
por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de
recurso que dificultou a defesa da vítima); a outros 3 anos e 3 meses em regime
aberto por sequestro e cárcere privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses por
ocultação de cadáver.
A pena foi ampliada porque o goleiro foi considerado pelo júri o
mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador.
Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Seu corpo foi esquartejado e jogado a cães ferozes. Ela
tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi
amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a
paternidade.
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