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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

PHINEAS GAGE E O OPERÁRIO QUE TEVE A CABEÇA ATRAVESSADA POR UM VERGALHÃO DE FERRO NO RIO DE JANEIRO. O acidente de Gage foi em 1848. Mistérios que desafiam a Medicina. Vídeo anexo.

COMO FOI O FERIMENTO DE PHINEAS GAGE

Na quarta-feira, 15 de setembro de 1848, o encarregado Phineas Gage, 25 anos, preparava uma rocha para explodi-la com dinamite, em um canteiro de obras de uma ferrovia (ele era especializado em explosões), quando, por algum descuido, houve a explosão antes do tempo e ele teve o cérebro atravessado por uma barra de ferro usada para comprimir a pólvora no orifício feito na rocha.

IMAGEM DO FERIMENTO DE EDUARDO LEITE
Na quinta-feira, 16 de agosto, 164 anos após o episódio que vitimou Gage, o operário Eduardo Leite, 24 anos, trabalhava em uma obra civil, no Rio de Janeiro, quando um vergalhão de dois metros de extensão e uma polegada de diâmetro caiu de cinco metros e atravessou seu capacete e seu crânio, saindo a ponta por entre os olhos.

MILAGRE

As testemunhas do acidente de Gage e de Eduardo dizem ter presenciado um milagre. Gage foi andando até uma vila próxima, com a barra de ferro atravessada na cabeça (entrou por baixo da maçã do rosto e saiu no topo do crânio) para ser atendido pelo médico. Leite foi levado de ambulência ao hospital onde foi atendido. Chegou consciente e conversando com as pessoas, como se nada tivesse acontecido.

FOTO DE GAGE COM A BARRA QUE O FERIU

Bem, o caso de Phineas Gage é um caso que pertence à história da Medicina e foi contado, entre outras fontes, no livro do grande neurologista português Antônio Damásio, “O Erro de Descartes”. Aparentemente sem seqüelas imediatas, Gage foi tratado por muitos anos por um mesmo médico, que fez anotações preciosas sobre o seu famoso paciente. 

Tais anotações foram de extrema utilidade para Damásio, que pode analisar o crânio de Gage que havia sido guardado pelos médicos da época, quando morreu dez anos depois do acidente, por outras causas.

Damásio fez um estudo computadorizado sobre o percurso da barra de ferro, e analisou, com os conhecimentos atuais, o que teria acontecido no cérebro de Gage. Sim, algo aconteceu com o tempo. O médico que fazia anotações registrou que a personalidade de Phineas Gage foi mudando e ele transformou-se em outra pessoa. 

De educado, polido, ele transformou-se em um boca-suja que não respeitava nem a presença de senhoras. Continuou com outras habilidades intocadas, como a de lidar com números, mas seu gênio ficou violento.

O crânio de Gage e as anotações das mudanças comportamentais foram de grande utilidade para Damásio quando escreveu seu livro sobre a dinâmica emoções-razão, em que critica a idéia do filósofo Descartes de que as decisões boas são as tomadas sem o influxo de emoções.

Para Damásio, em situações normais, as melhores decisões dependem do equilíbrio das emoções. Isso é diferente de tomar decisões sérias sob forte emoção. Um belo livro para não médicos.

GAGE E LEITE

Bem, e o que tem o caso de Gage com o de Leite? Inicialmente nada, além da infeliz coincidência de terem sido ambos vitimas de barras de ferro em canteiros de obras.

Gage foi ferido de baixo para cima. Leite, de cima para baixo. Gage perdeu o olho esquerdo. Leite não perdeu a visão, porque a barra saiu entre os olhos, pouco acima do nariz.

Segundo os médicos que fizeram a operação para a retirada da barra, não se sabe, exatamente, qual a função, na dinâmica cerebral, da área atingida pelo vergalhão.

Trata-se da região do lobo frontal, responsável pelas emoções, por exemplo. Claro que nenhum medico poderá dizer o que acontecerá com o cérebro do operário ferido e como evoluirá. A barra estava com ferrugem e ele está recebendo altas doses de antibiótico.

Eduardo Leite continua falando e pensando normalmente. Só o tempo dirá se continuará sendo a mesma pessoa de sempre. 
Peçamos a Deus que sim.  

O ACIDENTE DE EDUARDO LEITE

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