Os médicos liberaram Lula para participar da campanha eleitoral. Dizem que está curado. Que bom. Então ele dá um ou outro palpite para tentar ajudar seus candidatos.
Claro, o ex-presidente já foi muito mais falastrão. Falava sobre qualquer assunto, sempre com aquela vontade de meter os cotovelos no balcão do botequim de porta de sindicato e soltar a lingua. Não escapava nada, fosse assunto interno ou externo.
Com as primeiras notícias sobre o escândalo chamado de Mensalão, assustado com a pressão (que poderia ter resultado em impeachment), gravou uma mensagem ao povo pedindo desculpa em nome dos alopradinhos.
Depois, sentindo-se fortalecido, talvez, pelos desdobramentos ao longo do tempo, começou a falar que o mensalão era uma invenç\ão da oposição, que nunca existiu, etc... Conhecemos bem o enredo da missa.
Dias antes da condenação do deputado federal João Paulo Cunha por peculato e lavagem de dinheiro, Lula ainda deu uma entrevista ao jornal americano New York Times e acreditar que Mensalão nunca existiu. Após a condenação, procurado pela imprensa, informou, por meio da assessoria que “não fala de casos sub-judice”!
Uau! Que transformação!
Bem, ele só poderia falar sobre crença. Uma crença pode se referir a algo provável ou não. Como se fosse feito um plebiscito para o povo dizer responder se o Mensalão existiu ou não. Se a resposta fosse não, então nada teria acontecido? Claro que uma resposta dessas não alteraria coisa alguma.
É como se hoje alguém se propusesse a fazer um plebiscito para definir se a Terra é esférica ou plana. Se toda a população do mundo votasse pela planície da Terra, ainda assim ela continuaria esférica.
Desse modo, após pregar a inexistência do Mensalão, Lula falou ao jornal não crer na existência dos tais crimes. Acabou descobrindo que nem sempre a verdade é aquilo que a crença quer que seja. Se for este o fato.
A CULTURA ESTRANHA
A cultura que se desenvolveu no Brasil é, realmente, muito particular. O PT, criado por inspiração de bispos da Igreja e sindicalistas, agregando-se depois intelectuais marxistas, cresceu apontando o seu estilingue para os outros partidos, enquanto na oposição.
Na época em que Lula se elegeu presidente, pela primeira vez, ainda ecoava na alma e nos ouvidos do povo a campanha pela Ética na Política. Nunca se falou tanto em ética, nem a palavra foi, depois, tão depreciada. Ética pode, como se descobriu, ser apenas uma palavra vazia de sentido.
Uma vez na situação Lula, à ocasião dos primeiros escândalos de dimensão ou repercussão nacional, envolvendo petistas, o agora ex-presidente apontava o dedo e dizia sobre os que ele carinhosamente chamou de “aloprados”: os outros também fazem esses mal-feitos. Isto é, estamos na mesma geléia.
Isso é parte da nossa cultura, essa mania de apontar o dedo para fora de si. Trabalho com alunos universitários há décadas. Nos últimos tempos, quando se chama a atenção de alguém para ficar quieto, ao invés do sujeito ficar envergonhado e pedir desculpas e participar decentemente de uma aula diz, apontando o indicador para colegas: “mas eles também estão conversando”.
O Brasil é um pais em que os direitos são distribuídos, como presentes de Natal, aos montes, mas nunca se cobram os deveres correspondentes. Para finalizar: o Mensalão existiu, sim. a resposta está com o STF.
IMAGEM DE LULA:
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