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quinta-feira, 31 de março de 2011

OSAMA BIN LADEN´S FATWA AGAINST AMERICA MEANT TO ACCOMPLISH THREE GOALS.

Comento: Esta é uma excepcional análise da situação da relação Ocidente X Oriente. Uma das mais profundas e argutas que já li. Nada de revolução Twitter e Facebook, nada de jovenzinhos atrás de democracias ocidentalizadas. Só o peso do Islam. Creio nisso desde que li Arnold Toynbee nos anos 70. Não poderia ser de outro modo. Mas não imaginava como aconteceria.

Daniel Greenfield foi ao ponto. Preciso, Cirúrgico. Cruel, até.

Hipóteses, podem dizer os céticos, aqueles que acham que Barack  Obama, o tolo, sabe o que está fazendo. (Talvez até saiba, mas nós não saberemos; não se esqueçam de que ele é visto por centenas de milhares de americanos como alguém infiltrado na Casa Branca. E a ideia, dados certos antecedentes, não é maluca).  Mas hipóteses muito plausíveis, as melhores que vi até o momento de tudo o que se disse sobre o que acontece no Norte da África e no Oriente Médio.

A vitória de Bin Laden

Daniel Greenfield: Sultan Knish, 21 de março de 2011
Tradução: Dextra


Bin Laden está vencendo

A fatwa de 1996 de Osama Bin Laden contra os Estados Unidos foi o primeiro dominó em uma cadeia de acontecimentos com o propósito de alcançar três objetivos.

1) Unir os muçulmanos em uma guerra contra a civilização ocidental;
2) Derrubar os governos do mundo muçulmano e substituí-los com regimes completamente islamistas;

3) Construir um califado muçulmano regional e depois mundial.
A fase 2 já está bem adiantada. E os aviões militares estão bombardeando a Líbia para ajudar a abrir o caminho para ela. Igual a como já fizemos na Iuguslávia e no Iraque. Não se sabe se Bin Laden está vivo ou não, mas seus objetivos estão sendo alcançados. Os muçulmanos agora vêem a derrota da civilização ocidental como um objetivo importante e realizável. Nossos esforços democráticos e de construção nacional derrubaram muito da antiga ordem e são os muçulmanos que estão em melhor posição para se beneficiarem disto.

O Oriente minou a soma total de poder de fogo que o Ocidente tinha a sua disposição, mas o Ocidente novamente subestimou o quanto o Oriente poderia usar sua força contra ele, corromper seus propósitos e os fazerem servir a seus objetivos.

Como uma civilização fisicamente mais fraca, o Oriente se adapta melhor do que o Ocidente. A esperteza bizantina de suas tramóias muitas vezes termina em becos sem saída auto-ilusórios; ela tem um fraco por teorias conspiratórias; e suas organizações e estruturas  estão apodrecidas em todos os níveis -- mas isto também se ajusta à situação. Enquanto isto, o Ocidente sacode o pó de suas velhas táticas e princípios, lutando para aplicá-los a todas as situações.

Quando a  Al Qaeda nos atacou pela primeira vez, nós tratamos a coisa como um problema criminal. Mas quando seus ataques sofreram uma escalada e mataram milhares de americanos, nós a tratamos como uma guerra. A questão da flexibilidade era óbvia. Nós só podíamos categorizar a ameaça ou como um problema policial ou como uma guerra, nada entre os dois.

Os Estados Unidos só tinham uma tradição limitada de terrorismo político doméstico. E não têm idéia de como lidar como lidar com um terrorismo político externo com vistas a tomar o país. O comunismo foi tratado de forma atrapalhada pelo mesmo motivo, ele não se tratava de crime convencional nem de guerra, as autoridades não conseguiram resolvê-lo porque não conseguiam categorizá-lo. O Islam coloca o mesmo problema.

Após séculos de conflito intemitente e duas décadas de terror crescente, nós ainda não conseguimos classificar de forma significativa o inimigo, definir quem ele é ou qual seu número. Nossa tradição de proteger a discordância polítca e a liberdade religiosa faz com que dividamos os que cometem diretamente a violência daqueles que cometem indiretamente a violência. Mas esta é uma distinção artificial que o inimigo não faz. Organizações terroristas fazem uma distinção apenas operacional entre armas militares e políticas. Ambas são parte da mesma causa e estão comprometidas com o mesmo objetivo.

Apesar de toda sua hostilidade ao progresso, os muçulmanos rapidamente encontraram formas e estruturas que podem funcionar no Ocidente. E marcham na direção de sua conquista. Estas estruturas são ideologicamente camufladas dentro das zonas protegidas das crenças ocidentais, de modo que não possam ser tocadas. O Ocidente não consegue fazer nada do gênero. Mesmo quando ele levou seus exércitos às terras muçulmanas, eles foram rapidamente manobrados pelos nativos para apoiarem facções já existentes. Ao invés de impormos nossos padrões e valores a eles, nós nos tornamos mercenários gratuitos nas guerras deles.

Nós tentamos exportar nossos sistemas políticos pela força das armas, exceto pelo fato de que tínhamos suposto que nosso sistema político era a base natural de todas as sociedades, uma vez que os tiranos fossem removidos da equação. Nós ainda supomos isto, agora. E assim, ao invés de impor nossos sistemas, nós, pelo contrário, lutamos para identificar os Tojos, Hitlers e Mussolinis, varrendo eles e esperando um mundo melhor em sua ausência. Nós supomos que as leis pelas quais vivemos são universais, mas embora elas possam ser o ideal, elas não são culturamente universais.

A estrutura ocidental é forte, mas não inflexível. Ela resulta em instituições melhores, mas também em uma limitada liberdade de ação. A ausência de estruturas do Oriente resulta em uma flexibilidade imediata. Uma forma que pode ser despejada em qualquer recipiente ao mesmo tempo em que mantem sua natureza essencial. Exportar as estruturas ocidentais é irrelevante, a menos que elas mudem a natureza da região. E é fácil despejar imigrantes muçulmanos nos recipientes ocidentais sem mudar de fato suas atitudes básicas.

No Oriente, retórica e princípios são completamente desconectados uns dos outros. Eles podem se encontrar, quando conveniente, mas isto é tudo. O que um governante diz não tem qualquer conexão com o que ele faz e só uma leve relação com seus prinícpios.  Há uma flexibilidade líquida com a qual nem os mais corruptos políticos ocidentais são capazes de rivalizar. Enquanto um político ocidental subverte um sistema de leis, para os políticos orientais as leis são cartas em um baralho. As estruturas de governo são irreais, figuras de papelão para uma peça. Quando os políticos ocidentais pensam que estão manipulando seus pares orientais, eles não estão sequer no mesmo jogo. Eles estão pondo peças de xadrez em um tabuleiro de dominó e dizendo que venceram, enquanto eles sequer entendem as regras do jogo. Muito menos como vencer.

Onde foi que erramos? Para começo de conversa, nós nunca paramos de lutar a Segunda Guerra Mundial. Tratar a Coréia e o Vietnam como se eles fossem partes da Europa foi bastante ruim, mas jogar o Plano Marshal no mundo muçulmano é completamente imperdoável. Depois da Segunda Guerra nós ao menos podíamos confiar em nossa capacidade de restaurar a Alemanha, a Itália e o Japão a seus estados pré-Hitler, Mussolini e Tojo. Mas a que diabos nós pensamos que vamos restaurar o Iraque e o Afeganistão? À idade da pedra? Ao Califado Abássida?

Se tivéssemos partido para esmagar as forças armadas e a base industrial do Eixo do Mal, nós já teríamos terminado o serviço e com apenas uma fração de vítimas. Não só teríamos causado um grande prejuízo aos regimes que apoiam o terrorismo, mas também teríamos limitado nossa exposição a sua cultura e lhes negado o tempo necessário para formarem uma insurgência. Ao invés disto, nós supomos que a reforma e reconstrução do Iraque o tornaria um modelo de democracia para a região. Não surpreende que os membros sobreviventes do Eixo do Mal se encarregaram de reforçar o terrorismo, transformando o projeto de construção nacional em uma ocupação e por fim em uma longa série de acordos levando a uma retirada.

Mas os dominós em queda não pararam aí. Nós tiramos Saddam da jogada, mas deixamos o Irã no jogo. E o Irã usou sua nova liberdade de ação para ganhar poder e influência regional. Aí, para completar, uma nova administração defendeu a democracia no mundo muçulmano, o que isolou os regimes aliados do Ocidente e permitiu aos islamistas se aliarem ao Irã para tomarem até o Cairo. E foi assim que chegamos à fase 2.

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Era isto o que Bin Laden queria em 1996. Ele pode até não conseguir remover a realeza saudita, mas, se ele estiver vivo, ele está mais próximo disto do que nunca. E foi por obra nossa que ele chegou lá.

Nós aplicamos padrões ocidentais a estados não-ocidentais, sem perceber que os resultados seriam completamente diferentes do que tínhamos esperado. Um sem-número de analistas ainda estão aplicando o modelo de 1848 aos regimes árabes neste momento. Eles ainda não se deram conta de que o Oriente Médio não é a Europa e que seus valores não são universais, então, ao invés de experimentarem os acontecimentos, eles os romantizam, casando-os a seus próprios mitos históricos.
Ao nos levar a agir, Bin Laden colocou em movimento uma cadeia de acontecimentos. Ninguém poderia ter previsto a trajetória deles, mas, em sentido geral, ele buscou mover o mundo muçulmano na direção de uma jihad armada contra o Ocidente, com o objetivo de derrubar os governos do Oriente Médio e construir um califado com nossos ossos. Ele não poderia  ter previsto o quanto de seu trabalho nó mesmos faríamos para ele, embora, depois que bombardeamos a Iugoslávia para criar um estado terrorista, talvez sim.  Não faz diferença.

O principal objetivo de Bin Laden era mudar o conflito, das invasões demográficas e culturais suaves para uma campanha violenta. Um conflito que levasse o Ocidente na direção de uma colisão direta com os muçulmanos e seus governos. Isto acelerou a resistência e a subjugação ocidentais, assim como acelerou a violência e a conquista muçulmana. Hoje, há uma consciência muito maior entre ocidentais e muçulmanos a respeito do Choque de Civilizações. Os muçulmanos não estão mais satisfeitos com uma vitória demográfica e cultural de longo prazo -- eles também querem uma conquista no curto prazo. E os ocidentais que anteriormente não tinham voz em face à islamização da Europa e da América encontraram sua voz em resposta ao onze de setembro e ao sete de julho.

Agora que o conflito entra na segunda fase, uma nova dimensão será a ele acrescentada. A ascenção de um Califado vai esmagar qualquer bobabem sobre "uma minúscula minoria de extremistas". Tanto ocidentais quanto muçulmanos terão de encarar a realidade do Islam. E serão obrigados a fazer uma escolha.
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