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domingo, 20 de março de 2011

O CINEASTA BRANCO GAÚCHO, O FELLINI DOS PAMPAS, E OS BRANCOS DO GUETO DE VARSÓVIA, DIGO, SÃO PAULO

*

Pela biografia, no Wikipedia, o senhor Jorge Furtado tem uma extensa produção na área do cinema. Não serei eu a analisar ou julgar seu trabalho. Não o conheço, até hoje não fez falta e, pelo adiantado da hora, já não disponho de tempo para qualquer coisa, só muito bem selecionada.

Prefiro falar do que ele disse sobre São Paulo ser um gueto branco dentro de um enclave. Seria o senhor Furtado um racista? Ele liga as críticas ao blog poético de Maria Bethânia a uma origem branca, e de gente ligada a Serra e Kassab.

Então criticar um blog de uma cantora de origem afro (mas mestiça como milhões de brasileiros. Talvez eu, talvez o senhor Furtado?, talvez o leitor, quem sabe?) financiado com dinheiro público (de imposto abatido) é coisa de branco paulista? Que afirmação mais ridícula e pobre.

O que diria o senhor Furtado se, entre as críticas à ideia do blog, ele identificasse um razoável número de leitores negros? Ou mesmo baianos, isso validaria a crítica? Ou ele chamaria os negros e os baianos de traidores? Então, na visão do cineasta (vou dar um voto de confiança), um blog, por ser de Bethânia não pode ser criticado? Nem na base de R$50 mil por edição?

Na visão de mundo dele, talvez, existam apenas duas partes: nós e eles. Nós é a turma que pode pegar dinheiro público e usar em projetos de produção de filmes, blogs de poesia ou não, livros, ongs, etc. Eles são os que têm que se extorquidos por impostos altíssimos e ainda ficar quietos. E financiar as ideias do senhor Furtado, da senhora Bethânia, e de outros que aprenderam o caminho das pedras da Lei Rouanet ou outras leis especiais de financiamento, como as que tratam do cinema.

As leis existem, elas podem ser usadas, mas não se estigmatize quem critica seu uso, ou exagerado ou despropositado. O sujeito parece sem rumo, ou então só vê conspiração branca, serrista e kassabista pela frente. Está certo que muito petista é assim mesmo, tudo o que não for PT é tucano. Para eles o mundo é bi-partido. Visão mais estranha. Não havia Brasil antes de Lula, não há mais que dois partidos no espectro, só petistas sabem a verdade. Isso parece coisa de seita. Mas o Rio Grande, com todo o respeito pelos irmãos do Sul (apesar dos movimentos separatistas...) anda fornecendo vários casos de vira-casaca:
de Arena para PT; de PDT para PT. Haja! 

Disse ele, depois, tentando ajeitar a porcaria: "Alguns paulistas se sentiram ofendidos, alegando que eu afirmei que todos os críticos ao blog vinham da direita paulista. Não é verdade, não foi o que eu escrevi, leia o texto. O que disse foi que “nas críticas sobram piadas contra os baianos, quase todas vindas do mesmo gueto branco direitista no enclave paulista. Me referia claramente, portanto, a quase todas as críticas aos baianos, não a todas as críticas ao blog da Bethânia. Eu certamente exagerei ao atribuir aos eleitores de Serra a maioria das críticas ao projeto, muitas são de governistas"... 

Leram? Fica a impressão de que para ele eleitor de Serra não pode criticar. E foram 44 milhões de votos... Por que mesmo, senhor Furtado? O mesmo enclave que criticou a blog da cantora intocável?

O senhor tem alguma queixa contra paulistas, contra brancos, contra direitistas?  Quando tais tipos não têm argumentos, costumam xingar as pessoas daquilo que eles pensam ser ruim ou negativo: católico! heterosexual, paulista! branco!

Sendo assim, é por tais motivos que prefiro voltar a Fellini, Visconti, Bergman, Chaplin, Chabrol, Tati, Godard, Renoir, Resnais, Truffaut, e outros. São tantos... Tão bons... Coloco na lista até o espanhol Almodovar.

Não posso me furtar de ver seus filmes, ainda mais de uma vez...

Fico com Reinaldo Azevedo que observou: "Como se nota, o próprio Furtado deixa claro que a sua afirmação é ainda mais grave. Para ele, São Paulo é um “enclave”, onde existe um “gueto branco direitista”. Ora, o que fazer com “enclave” onde existe um “gueto”? Pergunte a um nazista. Ele tem a resposta! Tentando se corrigir, Furtado consegue ser ainda mais asqueroso."
E mais: "Da Arena ao PT, Furtado mudou de pêlo, mas não de vício. Continua a odiar a liberdade! Eu, como “branco direitista do enclave paulista”, direi a este senhor o quê? Quando ele estava abrigado no regaço arenista, eu pertencia a uma minoria que tentava derrubar o governo. Hoje ele está no regaço petista, e eu continuo crítico ao governo. Ele odiava a liberdade antes como agora. Eu a prezo agora como antes. Não, não! Gente que teve o toddynho e as fraldas financiados pela ditadura não vai dar lições de moral democrática sem receber o devido troco. Taí um debate que farei com gosto! (RA)".

*O Sétimo Selo; Ingmar Bergman

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