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domingo, 27 de fevereiro de 2011

O FERVOR ISLÂMICO COLHE A SIMPATIA DOS TOTALITÁRIOS, À DIREITA E À ESQUERDA

Um "islamofóbico" confessa-se

20/02/2011

ALBERTO GONÇALVES  (DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS, PORTUGAL)

Em plena praça Tahrir, 200 cidadãos festejaram a queda de Mubarak violando ou, para usar o eufemismo em voga, agredindo sexualmente a jornalista americana Lara Logan (do 60 Minutes). Fonte da CBS, a estação de Logan, afirma que esses pacifistas sedentos de liberdade (e de senhoras, aparentemente) gritavam a palavra Jew! (Judia!) durante o acto, pormenor omitido na vasta maioria das notícias sobre o episódio.

Compreende-se a omissão. O optimismo face à evolução da situação egípcia é tal que qualquer nota dissonante arrisca-se a ser mal interpretada. Eu, por exemplo, estive quase a sugerir aos que comparam o levantamento no Cairo com o 25 de Abril ou com o fim do comunismo no Leste europeu que inventariassem o número de repórteres violadas, perdão, sexualmente agredidas por multidões na Lisboa de 1974 ou na Budapeste de 1989. Porém, depois desisti.

A mais vaga reticência à pureza intrínseca dos muçulmanos em êxtase suscita logo insinuações de "islamofobia" e "racismo". Por acaso, não vejo de que modo a opinião negativa sobre uma determinada crença religiosa pode indiciar racismo. Quanto à crença propriamente dita, parece-me confuso acusar-se os cépticos de aversão ao islão enquanto se garante que a revolta no Egipto é completamente secular. Entre parêntesis, convém notar que a presença de um tarado teocrático à frente da novíssima reforma constitucional garante uma secularização sem mácula.

Fora de parêntesis, confesso: chamo-me Alberto e sou um bocadinho "islamofóbico". Nem sei bem porquê. Talvez porque, no meu tempo de vida, nenhuma outra religião inspirou tantas chacinas (já repararam que há pouquíssimos atentados reivindicados por católicos, baptistas, judeus, budistas ou hindus?). Talvez porque nenhuma outra religião relevante pune os apóstatas com a pena de morte.

Talvez porque não perceba que os países subjugados à palavra do Profeta consagrem na lei ou no costume o desprezo (e coisas piores) de mulheres, homossexuais, pretos, brancos e fiéis de outras religiões. Talvez porque não se possa dizer que a sharia trata as minorias abaixo de cão dado que, não satisfeitos com o enxovalho dos semelhantes, os muçulmanos também acreditam que os cães são uma emanação do demónio e sujeitam os bichos a crueldades inomináveis.

Talvez porque alguns líderes espirituais do islão foram convictos aliados de Hitler na época do primeiro Holocausto e alguns dos seus sucessores ganham a vida a exigir o segundo. Talvez porque a presumível maioria de muçulmanos ditos "moderados" é discreta ou omissa na condenação dos muçulmanos imoderados.

Talvez porque, nas raras oportunidades democráticas de que dispõem, os muçulmanos ditos "moderados" teimem em votar nos partidos menos moderados (na Argélia ou em Gaza, por exemplo). Talvez porque inúmeros muçulmanos se ofendam com as liberdades que o Ocidente demorou séculos a conquistar, incluindo o subvalorizado mas fundamental direito ao deboche.

Talvez porque uma considerável quantidade de imigrantes muçulmanos no Ocidente rejeite qualquer esboço de integração e, pelo contrário, procure impor as respectivas (e admiráveis) tradições. Talvez porque, no Ocidente, o fervor islâmico colhe a simpatia dos espíritos totalitários à direita (já vi skinheads a desfilar lenços palestinianos e a manifestar-se em prol do Irão) e, hoje, sobretudo à esquerda.

E é isto. São minudências assim que determinam a minha fobia, no fundo uma cisma pouco fundamentada. Um preconceito, quase. Sucede que muitos dos que, do lado de cá de Bizâncio, acham intolerável tal intolerância, são pródigos na exibição impune de fobias ao cristianismo ou ao judaísmo (o popular "anti-sionismo").

E essa disparidade masoquista, receosa e ecuménica de pesos e medidas constitui, no fundo, o reconhecimento do confronto que nos opõe ao islão, mesmo o islão secular e cavalheiro da praça Tahrir, e o maior sintoma de que eles estão a ganhar por desistência. Adivinhem quem está a perder.

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1788366&seccao=Alberto%20Gon%E7alves&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco

3 comentários:

  1. Oi!
    Vi o seu comentário no Neuromante e decidi vir espreitar.
    Apesar do meu blogue ser sobre uma temática diferente, os meus interesses não se esgotam aí...
    Fico a seguir...
    Abraço

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  2. Olá Gutenberg:

    De facto a situação aqui na Europa é pesada. Há zonas de França, Holanda, Inglaterra e Suécia, em que os naturais já não podem entrar. A islamização prossegue e a Europa transforma-se lentamente em Eurábia.
    Os idiotas úteis da esquerda e da direita europeia, confundiram tolerância com atropelo aos direitos universais fundamentais que devem reger a Civilização. Por exemplo, os muçulmanos consideram as mulheres como propriedade dos machos da família, e o que dizem os liberais, os esquerdistas e a femininistas europeias? Limitam-se a afirmar que eles pertecem a uma civilização diferente...mas ao mesmo tempo negam que exista um choque de civilizações.
    Prabéns pelo seu blog e bem-vindo a esta cada vez maior armada mundial que combate o islamismo.
    rui

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  3. Obrigado pela visita, Lolipop, volte sempre que quiser.
    Gutenberg

    A você, Rui, muito obrigado também. Aqui no Brasil, embora não tenhamos o problema desses verdadeiros guetos que se formaram, ameaçando a cultura de cada país, e os valores ocidentais, também há um esquerdismo danoso e uma visão politicamente correta imbecilóide. Gosto muito dos textos de seu conterrãneo João Pereira Coutinho, que escreve na FSPaulo. Para ele, os verdes atuais são os vermelhos disfarçados.
    Abs
    Volte sempre
    Gutenberg

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