A Esfinge deve andar muito cismada com os movimentos espontâneos de massa do Egito. (http://www.clipartpal.com/_thumbs/pd/religion/Sphinx.png) |
Passada a onda inicial de euforia com o poder de mobilização espontânea do Facebook e do Twiter, parece que a realidade vai tomando conta do noticiário sobre o Egito. Já escrevi aqui sobre o processo de ocidentalização do Oriente Médio e Norte da África, mostrando que as forças armadas, por incrível que pareça, são pontas-de-lança da modernização ocidental naqueles recantos. Militares são ordenadores e podem ser autoritários. Assim, quem estiver associados a eles pode chegar e ficar um bom tempo no poder, como ocorreu com Mubarak e outros líderes árabes-islâmicos.
O que chamou a atenção de bem poucos, no início do movimento popular, foi exatamente a espontaneidade do acontecimento. Não é comum pessoas comuns saírem da sua rotina para provocarem a Ordem. O Egito não está em um estado de penúria em que nada mais importe. Os movimentos provocaram prejuízos gigantescos com a fuga de mais de um milhão de turistas e cancelamento de vagas hoteleiras. O Turismo é uma forte indústria no Egito.
Alguns dias depois dos tumultos, em que o Exército adotou uma posição moderada, começam a aparecer os manipuladores dos cordéis: os adeptos da Irmandade Muçulmana, que no início diziam-se surpresos com os fatos, agora procuram ocupar todos os lugares na mesa de negociação com o governo para uma transição. Reinaldo Azevedo vem também chamando a atenção para esse ponto, assim como Olavo de Carvalho (ler "Perigo à vista", no Diário do Comércio de hoje) esclarece o papel da Irmandade Muçulmana na construção de um mundo árabe-islâmico, a Liga Árabe, um tipo de nacionalismo regional.
Não houve nada de espontâneo nem no Egito ou em qualquer país do Norte da África ou do Oriente Médio. As tecnologias de comunicação ajudaram um pouco - é preciso lembrar que não são sociedades tão informatizadas como as ocidentais-; as condições econômicas também não são muito boas em alguns daqueles países; mas há a pressa dos islâmicos em assumirem o poder e partirem para o confronto com o Ocidente e com Israel.
Não creio, nem um pouco, no desejo de democracia por quem manipula os cordéis.
Os jovens nas ruas e na praça Tahrir ?
Talvez tenham alguma esperança democrática, mas acho que ficarão desapontados.
PS: Há um texto muito interessante sobre a questão do Egito, de Luiz Felipe Pondé: "JOVENS DA `REVOLUÇÃO DO QUIBE´ QUEREM EMPREGO, NÃO `LIBERDADE´
http://www.paulopes.com.br/2011/02/jovens-da-revolucao-do-quibe-querem.html
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