Mohamed ElBaradei, líder oposicionista e prêmio Nobel da Paz, não esconde a vontade de assumir o poder no Egito. Dizendo canalizar a vontade de segmentos oposicionistas, o que inclui a nada pacífica Irmandade Muçulmana, quer que o ditador-presidente (30 anos no poder) Mohamed Mubarak deixe o governo para que haja alguma negociação.
Nas manifestações de hoje, no Cairo, centenas de milhares de pessoas foram às ruas, sem confusão, uma vez que o exército havia divulgado que não haveria reações violentas, desde que a população respeite as propriedades.
A onda de protestos públicos nas ditaduras e monarquias árabes-islâmicas começou na Tunísia, em dezembro do ano passado, tempo como limite a auto-imolação de um desempregado chamado Mohammed Bouazizi. Ele vendia frutas em uma banca de rua e foi insultado e espancado por fiscais e policiais. Dizendo-se desempregado, apesar de diploma superior, o cidadão humilhado ateou fogo nas próprias vestes, morrendo em seguida. (Fotos podem ser vistas no site da Allvoices.com). Foi o estopim da rebelião em um país assolado pela pobreza, pelo desemprego e pela corrupção nos altos escalões.
Como a situação mudou nos últimos anos, incorporando as inovações tecnológicas, as redes sociais e as TVs árabes espalharam as imagens chocantes e a revolta começou, levando o ditador Ben Ali a deixar o governo em um mês de confrontos entre o povo e a polícia.
As imagens e as notícias da situação tunisiana, onde morreram mais de 200 pessoas nos choques, estimulou outras populações a ser rebelarem ou exigirem mudanças no governo, foi o caso da Jordânia e do Egito, por exemplo.
Na Jordânia, o Rei Abdullah, após fortes manifestações populares, aceitou a renúncia de todo o ministério e do primeiro-ministro, prometendo mudanças que satisfação a opinião pública.
OCIDENTALIZAÇÃO E TRADIÇÃO.
Essa onda de revoltas não pode ser lida, apenas, como um movimento espontâneo de massas contra as ditaduras. As massas foram às ruas e as pessoas utilizaram os recursos modernos de comunicação. Ditaduras (todas elas) provocam sofrimento, mas existem forças que observam os fatos e se movem nas sombras, pois são contra as ditaduras (geralmente desligadas do poder religioso), mas tambem são contra a modernização ocidentalizante. São organizações como a Irmandade Muçulmana, o Hamas, o Hezbollah. No final, implantam outra ditadura ainda mais cruel e sufocante.
Muitas de suas posições são convergentes com a da esquerda árabe, mas o que querem, de fato é a implantação de estados religiosos, como o do Irã. E Gahnem disse ontem em entrevista no Irã que o Egito fará guerra a Israel. Esses são os pacifistas que estão ao lado do prêmio Nobel da Paz, Mohamed ElBaradei.
Neste momento, ElBaradei e Mohamed Gahnem (da I. Muçulmana) podem dar-se as mãos para derrubar Mubarak, mas, dentro em pouco tempo, creio, Baradei, se for feito presidente, será engolido, como Kerenski o foi na Revolução Russa.
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