Os grifos e o título são deste blog.
24 DE FEVEREIRO DE 2011
O que estava em jogo, ontem, na votação do salário mínimo pelo Senado era muito mais do que um valor financeiro. Este, sabidamente, já estava aprovado pela maioria esmagadora do governo. O que estava em jogo, ali, era o maior valor democrático: o respeito à Constituição Federal. Era a validação, por parte do Legisltivo, de um instrumento que o usurpa e o invalida. Era a consagração do AI-1 de Dilma Rousseff, como este blog denunciou ontem pela manhã fazendo uma analogia com o regime militar, expressão utilizada mais tarde por Itamar Franco (PPS-MG), em suas considerações, durante a votação.
Todos sabiam que o valor de R$ 545 seria aprovado e a luta entre a oposição em minoria e o governo com avassaladora maioria era marcar, em um e outro lado, o estigma do arrocho salarial, da traição aos princípios, o distanciamento ou a aproximação com as promessas da campanha eleitoral. Além, é claro, do caráter anti-democrático ou não da medida governamental.
Todos os argumentos foram buscados. A lei delegada de Aécio Neves em confronto com o decreto presidencial de Dilma Rousseff. O salário mínimo trazido ao dólar, um parâmetro sem nenhum valor, a velha mentira petista que anima a sua militância burra e amestrada. Os R$ 600 de José Serra x os R$ 560 de Aécio Neves, tucano contra tucano e o Brasil entrando pelo cano.
Todos sabiam, da mesma forma, que o decreto que estupra a Constituição Federal seria aprovado, movido pelas nomeações para o segundo escalão e pela liberação das emendas. Tanto é que o ponto alto da noite foi a intervenção de um jovem senador, Pedro Taque (PDT-MT), que denunciou a chantagem, com a seguinte declaração:
"O artigo terceiro ofende o texto da Constituição, subtraindo um direito do Legislativo. Me disseram que se eu fizesse isso, que eu poderia ser retirado da Comissão de Constituição e Justiça, que eu não teria minhas emendas ao Orçamento liberadas e teria retirado dos cargos de segundo e terceiro escalões indicados para o governo. Mas não serão palavras desta ordem que mudarão minha convicção."
Foi o primeiro senador a silenciar o plenário. O segundo foi uma senadora, Kátia Abreu (DEM-TO), que surpreendentemente anunciou que não votaria nos R$ 560 e nos R$ 600. Absteve-se e deu os motivos.
A senadora Kátia Abreu também é presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, que hoje luta contra os poderosos interesses das ongs financiadas pelo agronegócio internacional, que paga laudos de cientistas, campanhas de políticos verdes e até mesmo invasões do MST, para frear a concorrência brasileira no mercado internacional e para transformar o Brasil em um spa ecológico, onde os americanos e europeus virão purgar as suas culpas pela destruição do planeta. Que domina o INCRA e o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Que tem fundas raízes no PT. A luta dos agricultores e pecuaristas brasileiros é pela aprovação do Código Florestal Brasileiro. É uma luta apartidária, basta ver que o relator é o deputado Aldro Rebelo (PCdoB-SP). É uma luta quase solitária, basta ver, por exemplo, o quanto os tucanos, aliados dos democratas, paparicam o onguismo e o verdismo da Avenida Paulista.
O TEXTO COMPLETO ESTÁ NO BLOG COTURNO NOTURNO:
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