HENRIQUE: DEZ MESES EM COMA |
A imprensa publica hoje uma notícia que merece algum comentário. Diz a Folha de São Paulo que os pais de Henrique Carvalho Pereira, jovem que foi atacado com um golpe de um taco de beisebol na cabeça, em 2009, e morreu após dez meses de coma, pedem uma indenização de R$ 2 milhões por dano moral e material.
De fato, talvez alguém venha e deva ser responsabilizado pela morte de Henrique, ou não, como diria Caetano.
Pedem a indenização não à família do sujeito que desferiu a pancada, mas à Livraria Cultura (aquela loja da Avenida Paulista), onde o fato aconteceu.
Este não é um blog destinado a discutir questões jurídicas; ademais, com o devido respeito à família de Henrique, pela dor da perda, existe algo que se convencionou chamar de “jus sperneandi”; isto é, pode-se pleitear qualquer coisa, é mais ou menos como registrar um Boletim de Ocorrência no distrito mais próximo.
Não entro no mérito da pretensão da família; se ela tem razão ou não, e se a livraria deve ser responsabilizada ou não, será decidido pela Justiça. O que me interessa são os comentários que as pessoas escrevem no espaço destinado a comentários colocado ao pé das notícias, nos sites informativos.
Acho fascinante ler o que pensam as pessoas sobre os fatos noticiados. É um tipo de amostra, embora não valha coisa alguma como pesquisa, sendo apenas uma indicação do que fazem desocupados (uma alternativa), ou de como pensam pessoas que, de algum modo, representam idéias e valores que circulam pelo espaço social em um tempo.
Excelente exercício para estudantes de Jornalismo interessados em analisar fatos e como as pessoas expõem seus argumentos.
Há os que, decididamente criticam a segurança pública!, ou a falta dela, como se um sujeito entrar com um taco de beisebol em uma loja e bater na cabeça de um cidadão fosse um problema de segurança pública.
Conforme o modo como o comentário está escrito dá, até, para saber que quem o fez está de plantão, em algum escritório partidário, só para comentar notícias, de modo desfavorável, no caso do nosso estado, ao governo tucano.
Essa é uma questão, de fato. Nota-se que há redatores-vigias de plantão que procuram notícias apenas para desgastar o governo do Estado. Bem esse é um problema para a Assessoria de Comunicação do Governo do Estado.
Há outras pessoas que logo condenam a empresa, “como os seguranças não viram; como não fizeram nada?”. Outros começam a cantilena contra o capitalismo e conseguem falar mal do lucro, em um caso de pura agressão de uma pessoa contra outra, que poderia estar caminhando tranquilamente pela calçada da Avenida Paulista e ser agredida ali mesmo. É tudo muito rápido.
Outras, supostamente com mais bom senso, recomendam à família da vítima acionar a família do matador tresloucado.
Ao menos não li nada, ainda, que incriminasse a própria vitima por estar ali procurando livros, em uma livraria. Até me surpreendi com isso, de certa forma, pois neste mundo dominado pela esquerda, em certos casos, a vitima acaba sendo a culpada, para livrar a cara do criminoso.
Como se alguém dissesse, e li quase isso: a culpa foi de Eloá por ficar no caminho das balas expedidas por Lindemberg!
MUITA PRESSA, POUCA REFLEXÃO.
Uma das características mais preocupantes dos tempos elétricos é a própria aceleração do tempo, ou a sensação de rapidez que deriva do fato de tocarmos num botão e a luz acender, ou o computador ligar. Repararam como as pessoas ficam nervosas se o computador demorar alguns segundos a mais para funcionar?
Antigamente tínhamos que aguardar o sol aparecer para iluminar o mundo! Em muitos lugares do interior ainda é assim.
Então, as pessoas apressam o pensamento e não raciocinam com clareza. Soltam julgamentos e impropérios, até ofensivos que, por si só, poderiam caracterizar transgressão ao Código Penal, por injúria, calúnia, ou difamação.
Após o processo correr na Justiça, pode ser que a decisão seja favorável ao que a família quer, mas para isso algumas questões terão que ser respondidas: houve negligência da segurança? Era possível imaginar que o sujeito mataria alguém? Alguém viu uma pessoa com um olhar vidrado, espumando de raiva e balançando perigosamente um taco e não fez absolutamente nada?
As matérias informam que, um ano antes, o sujeito havia quebrado uma vitrina da mesma loja. Doze meses antes! Por acaso havia algum cartaz do tipo procura-se com a foto do sujeito para alertar a segurança e os clientes? Ou deveria haver? Convenhamos...
É como num acidente de trânsito: houve imperícia, imprudência, negligência? Examinadas as provas, se a Justiça decidir que sim, então sim, com direito a recurso, até uma decisão final.
Muitos comentários revelam que, nestes tempos de tantos direitos (e poucos deveres), as pessoas acreditam ser possível que mais segurança pública evitaria tudo. Nem que houvesse um policial para acompanhar cada cidadão! Um absurdo.
Ou indicam que no imaginário contemporâneo não há mais lugar para o imprevisto. Li que uma criança foi brincar na casa de outra. A coisa mais banal da vida. Mas a criança visita caiu de um balanço no quintal –onde todos os dias balançava o filho do dono da casa- e o pai da “vitima” não perdeu tempo e acionou o vizinho.
Crianças tropeçam e se machucam. Crianças caem de balanços! Crianças fazem cortes nos joelhos. Claro, não estou defendendo que o sujeito fizesse o garotinho voar a 100 km/h no balanço!
O que me chama a atenção é que as boas e velhas relações humanas, relações de amizade, cordialidade estejam se transformando agora, por conta de alguma perversão, em relação de negócios. Assim não haverá humanidade que agüente, não é?
Não questiono aqui a pretensão da família de Henrique, sim o modo como as pessoas comentam a notícia, indicando que boa parte parece estar num jogo de beisebol, com um taco na mão, desferindo tacadas no bom senso e, às vezes, na própria verdade dos fatos.
LEIA MAIS EM:
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1049602-pais-de-jovem-agredido-em-livraria-pedem-r-2-mi-de-indenizacao.shtml
Foto: divulgação
Eu prefiro acreditar que a parte insana do ser humano se sente protegida quando se encontra frente ao monitor submerso na internet. Contudo na vida real, raciocinios baseados em bom senso ficam mais expostos. Chegamos a conclusao que todos que fazem comentarios exdruxulos sabem que o fazem e sentem vergonha
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