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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

CASTELOS DE AREIA, A GAROTA GRAZIELLI LAMES E O JET SKI. Na próxima quinta-feira (23) a família do adolescente suspeito de estar pilotando o jet-ski que matou a menina será levado à delegacia de Bertioga para depor. Grazielli foi enterrada segunda-feira em Artur Nogueira, interior de SP.

O Carnaval de 2012 da família Lames será, talvez para sempre, o pior de todos os carnavais. Nada pode ser pior que perder um filho, e de modo absolutamente inesperado e tão brutal. Eles chegaram com amigos, à casa alugada em Guaratuba, para descansar e levar a filha Grazielli, de três anos, pela primeira vez ao mar.

Grazielli queria erguer castelos de areia. Ela não conseguiu realizar seu sonho. Hoje ela descansa no Cemitério de Artur Nogueira, sob um punhado de terra e uma lápide.
    
A praia de Guaratuba, em Bertioga, já foi uma praia desértica, longa, silenciosa, cheia de pássaros marinhos e conchas. Ela recebe o nome do rio Guaratuba, e fica próxima à praia de Boracéia, quase na divisa entre os municípios de Bertioga e São Sebastião.

Após a construção da Rio-Santos, e da rodovia Mogi-Bertioga, Guaratuba e outras praias foram tomadas por loteamentos de vários tipos. O mar parecido com o de Praia Grande, com larga faixa de areia, é um lugar ainda bom para brincar com crianças à beira d´água.

Quando não havia a estrada, os carros iam de Santos a São Sebastião em trafegavam em longos trechos de praia, Guaratuba era uma delas. E quando a maré subia e pegava motoristas incautos, os carros eram engolidos pela areia. Muita gente perdeu seus automóveis em praias como as de Guaratuba.

Perder um carro é muito chato, e um grande susto, mas perder um filho é algo terrivelmente doloroso, ainda mais quando a criança brinca tranquilamente na beira d´água, os veículos não trafegam mais por ali, pensando em fazer castelos de areia. Foi o que aconteceu com Grazielli.

Era o que fazia a auxiliar de panificação Cirleide Rodrigues de Lames, de 23 anos, no sábado ao final da tarde, com um grupo de amigos e sua pequena filha, de três anos, Grazielli Almeida Lames. Entraram um pouco na água e a menina pediu então para voltarem à areia, onde ela queria construir castelinhos.

Repentinamente, segundo a mãe contou à imprensa, algo passou tão rápido ao seu lado, que ela sentiu o vento, e bateu na sua filha, jogando-a desacordada.

Grazielli chegou a Guaratuba com a família no anoitecer de sexta-feira, feliz por conhecer o mar. Foram para uma casa alugada e a menina não aguentava esperar para ver no dia seguinte o mar de perto, pisar na areia, entrar na água, sentir o sal. Segundo a mãe, no sábado bem cedinho a menina foi conhecer o mar, mas voltou logo para casa, pois era muito branca e o sol forte demais.

A família foi levada a Bertioga pelo marido de Cirleide, o caminhoneiro Gilson Almeida da Silva, de 33 anos. Viajaram desde Artur Nogueira, cidade que fica na região de Campinas.

A menina foi atingida na cabeça e, com o forte impacto, caiu desmaiada. Populares e a própria mãe e socorristas tentaram reanimá-la, até que o socorro chegou em um helicóptero da Polícia Militar, cerca de 30 ou 40 minutos depois, segundo a imprensa, e a equipe levou a menina para o Hospital Municipal de Bertioga, onde ela chegou morta, devido a um traumatismo craniano. 

Tudo foi muito rápido. Um som, um vulto, uma rajada de vento, uma pancada. Quando a mãe percebeu sua filha estava no chão, caída. Algumas pessoas dizem ter visto o adolescente que pilotava o jet-ski sair correndo, abandonando a máquina na areia. Outros relatos são imprecisos, falam em dois ocupantes da moto aquática: o piloto de 14 anos e um garupa também adolescente, mas não se sabe ao certo. O garoto ou os garotos correram e fugiram para um condomínio próximo.

Na segunda-feira, contam os jornais, o advogado Maurimar Bosco Chiasso, contratado pela família do suposto piloto, disse ao delegado de Bertioga que o menino não estaria pilotando o jet-ski, que só teria ligado a máquina, que flutuava no mar por curiosidade e ela arrancou desgovernada. Bem, sobre isso imagino que a polícia terá que fazer uma detalhada investigação, pois existem outras possíveis versões, e o delegado terá que buscar a verdade.


O fato é que no litoral há muitas praias, muitos jet-skis, e eles têm causado problemas, ferimentos e mortes, pois as pessoas imaginam ser fácil pilotar um, mas não é assim tão simples. A lei exige idade mínima de 18 anos de idade e uma habilitação tirada na Marinha, por meio da Capitania dos Portos. Eles são máquinas velozes e exigem habilidade.  

Segundo se lê, após cerca de uma hora do acidente com Grazielli, uma família que estava em um dos condomínios próximos foi embora. Uns dizem que de auomóvel, outros de helicóptero. Tanto faz, fugiam, provavelmente, do medo da reação dos populares.

Informam os jornais que na quinta o garoto se apresentará à polícia, em Bertioga, com a família, para declarações, às 16 horas. Segundo informações, o rapaz estava hospedado na casa de um padrinho, com a mãe. O pai estaria em Mogi das Cruzes.

Há contradições sobre se o adolescente subiu ou não na moto aquática, se subiu e caiu e a máquina andou sozinha. Problema para a polícia verificar.  

Por enquanto, não existem mais que versões.

 A única verdade, absoluta, é que para aquelas duas ou três famílias a festa acabou no sábado de Carnaval. Grazielli saiu sexta-feira de casa com a família de Artur Nogueira e estava de volta no domingo, morta, sendo enterrada na segunda-feira.

Os castelos de areia, que representam sonhos, sempre serão um pesadelo para a família Lames.   

Justiça seja feita.





A MÃE FALA SOBRE O ACIDENTE

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