Assim como José Dirceu, há alguns anos, disse que estava cada vez mais convencido de sua própria inocência quanto às acusações relativas à sua participação no Mensalão, talvez Lula, o ora ex-presidente mais mudo do mundo, venha a público dizer que a cada dia que passa sabe cada vez menos sobre o que se passava à sua volta.
Nunca antes nestepaiz...
DE VEJA DESTA SEMANA:
Por Rodrigo Rangel e Daniel Pereira
ESTRELADA - Rosemary Noronha, fotografada três semanas depois de ser indiciada pela Polícia Federal: batom, brincos, unhas feitas e estrelas vermelhas tatuadas no pulso (Fernando Cavalcanti) |
Não era bem o que parecia. Quando o nome de Rosemary Nóvoa
de Noronha veio a público com a deflagração da Operação Porto Seguro, da
Polícia Federal, a amiga íntima do ex-presidente Lula e então chefe do
escritório da Presidência da República em São Paulo não passava de uma “petequeira”.
A
expressão, cunhada pelo ex-deputado Roberto Jefferson para designar
funcionários públicos que se deixam corromper em troca de ninharia, parecia
feita para ela. Rose, como é conhecida, foi acusada de integrar uma quadrilha
especializada em fraudar pareceres oficiais para beneficiar empresários
trambiqueiros.
Defendia os interesses dos criminosos no governo e, em
contrapartida, tinha despesas pagas por eles - de cirurgia plástica a
prestações de carro. A versão da petequeira foi providencialmente adotada pelo
PT. Rose, ventilou o partido, agiria apenas na arraia-miúda do governo e sem
nenhuma relação com a sigla. Eis uma tese que os fatos vêm insistindo em
derrubar.
No mês passado, VEJA revelou que a amiga de Lula usava o
cargo para agendar reuniões com ministros de estado: abria as portas, inclusive
de gabinetes no Palácio do Planalto, a interesses privados. Agora, descobre-se
que sua área de atuação abrangia também setores de orçamentos bilionários, como
o Banco do Brasil (BB) e o fundo de pensão de seus funcionários, a Previ.
Rose,
a petequeira, participou ativamente das negociações de bastidores que definiram
a sucessão no comando tanto do BB quanto no da Previ, defendeu pleitos de
caciques do PT junto à cúpula do banco e atuou como lobista de luxo de
empresários interessados em ter acesso à direção e ao caixa da instituição.
Sua agenda de compromissos como chefe do gabinete da Presidência em São Paulo, obtida por
VEJA, mostra que, graças à intimidade com o então presidente, a mulher que num
passado não muito remoto era uma simples secretária se transformou numa
poderosa personagem do governo Lula.
Rodrigo Rangel e Daniel Pereira
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