Jornais de língua espanhola informam que há grande apreensão
na Venezuela com a verdadeira intervenção que ocorre no país após o sumiço de
mais de 30 dias de Hugo Chávez. Para piorar, há quase cinco mil soldados do
exército cubano aquartelados... na Venezuela, além dos 30 mil civis que
trabalham na saúde, cartórios, controles de fronteiras e educação naquele país.
Em suma, a Venezuela já está sendo comandada por Havana.
Em suma, a Venezuela já está sendo comandada por Havana.
O que isso tudo tem a ver com Lula e Dilma? Nada e tudo, ao
mesmo tempo. Mais tudo que nada. Me explico. Cuba, Venezuela e Brasil, além de
outras repúblicas bananeiras, fazem parte do Foro de São Paulo, aquela
instituição que é um clube de partidos e movimentos de esquerda, inclusive simpáticos ao
terrorismo, fundado em 1990 por Fidel Castro e Luís Inácio Lula da Silva, em
pessoa.
O Foro foi criado para tentar recuperar a perda do
socialismo mundial com a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética.
Temos visto que vale tudo para chegar aos tais fins. Há exemplos gritantes como
os de Honduras, Equador, Bolívia, Paraguai, Argentina, Colômbia, Venezuela e,
agora, Brasil.
Dentro da idéia vaga e confusa de uma irmandade socialista
bananeira, Cuba, que depende absolutamente do petróleo venezuelano, conseguiu atrair
Hugo Chávez para orbitar Havana e, nestes anos, foi enfeitiçado por Fidel
Castro. Passou a dar o petróleo dos venezuelanos quase de graça aos cubanos.
Agora os cubanos foram além, e mantém Chávez (não se sabe se
vivo quase morto) em um hospital de Havana e encontraram um modo de impor
condições aos auxiliares de Chávez que viajam a Cuba a cada decisão de governo
que precisam tomar.
Em suma, Cuba transformou a Venezuela numa colônia cubana.
Essa é a mais cristalina verdade. Voltarei à questão em outro texto.
E Lula e Dilma? Lula transformou Dilma em Hugo Chávez.
Bem, é uma outra história, mas ainda assim uma história que
mostra como as coisas devem se acomodar aos interesses de Lula, como a
Venezuela se amoldou aos interesses cubanos.
Antes da eleição de Dilma Rousseff, ela foi chamada de poste
de Lula, tal a sua falta de exuberância e vida própria. Após a eleição Lula
tentou controlar a presidente mas ela conseguiu alguma autonomia, começando por
aquilo que se chamou de faxina, com a demissão de alguns ministros da área de
influência de Lula. Mas aquilo era só um teatrinho.
Lula acabou se afastando um pouco e vazando o vapor após o
andamento do julgamento do Mensalão, da condenação de petistas ligados a ele
por corrupção e formação de quadrilha e, também, pelo escândalo Rosegate. Mas
Lula é aquele ex-presidente que não se acomoda no papel de ex-presidente.
Como conseguiria ficar longe dos holofotes, sem dar receitas
ao mundo de como acabar com a fome, a sede, a falta de dinheiro, como diminuir
o efeito estufa e a poluição das cidades? Lula gosta de falar, falar, falar.
Embora ande mais mudo que passarinho na muda.
Como não agüentou a coceirinha e não pode ficar longe do
poder, mais que dos holofotes, encontrou um modo governar, meio que
indiretamente: fez uma palestra aos secretários do governo de Fernando Haddad,
dando orientações de como agir, etc, tudo sob o olhar constrangido de Haddad
(basta olhar as fotos publicadas).
Em suma, fez uma intervenção em São Paulo deixando claro
que ele, o dono do PT, ainda controla os cordéis do bonequinho. O bonequinho é
o prefeito, outro poste eleito por intervenção direta de Lula.
Agora Lula extrapolou, e fez o mesmo a nível federal, e
ainda assumiu funções de negociação com a base aliada. Se a presidente – que
embora tenha feito parte da equipe anterior, de Lula – tiver um pouco de
cuidado e brio- vai dar um basta a isso.
As tais negociações com a base aliada é que levaram ao Mensalão.
Lula usurpou um papel que é de Dilma, pela natureza do
cargo. Se ela ficar quieta é porque aceita ou porque está fingindo que aceita.
Mas não há o menor sentido em imaginar que uma presidente da República possa
deixar alguém brincando de presidente, não estando o posto vago, não é mesmo?
Lula perdeu o freio, ou a vergonha, ou o pudor, e está
chamando Dilma de poste. Pode até ter uma certa graça, nestes tempos de apagões. Um
poste sem luz.
Porém, a coisa, do ponto de vista institucional é muito
séria.
Mas este é o retrato da America Latina bananeira. A
Venezuela chavista urra ameaçadora contra o gigante americano, mas se entrega
mansa e amorosa à ilhota castrista. Lula
não desencarna do papel de presidente e trata a Presidência como se fosse a
Venezuela. Lula se imagina um Castro (o que também não é lá grande coisa...) e
parece dominar mansamente a sua cria. E a cria parece concordar.
LEIAM AQUI O QUE ESCREVEU REINALDO AZEVEDO SOBRE A OUSADIA
DE LULA
LULA METE O PÉ NA PORTA DE DILMA E ANUNCIA O GOLPE.
Reinaldo Azevedo
Um prepotente desocupado num ambiente doméstico ruim é a
morada do capeta. O sujeito começa a cultivar ideias estranhas. É o caso de
Luiz Inácio Lula da Silva, que deve andar tomando umas sovas de pau de macarrão
de Marisa Letícia desde que explodiu o “Rosegate”. Consta que a
ex-primeira-dama, e parece bastante razoável, não gostou de tudo o que a
imprensa andou publicando a respeito das relações do marido com a ex-chefe de
gabinete da Presidência em
São Paulo, Rosemary Nóvoa Noronha. E parece que gostou menos
ainda do que a imprensa não andou publicando…
O caso, com todos os seus
aspectos, vamos dizer, fesceninos, é um emblema da arrogância de Lula e da
sem-cerimônia com que ele mete os pés pelas mãos, não reconhecendo fronteiras
entre o público e o privado, o decoroso e o indecoroso, o devido e o indevido
para um, então, presidente da República. E ele não se emenda. E ele não
aprende. Ontem, o Babalorixá de Banânia liderou um seminário sobre integração
latino-americana, a que compareceram expoentes do governo Dilma, como o
ministro megalonanico Celso Amorim (Defesa) e o presidente do BNDES, Luciano
Coutinho. Já seria despropósito bastante não fosse Lula quem é. A turma foi
além e anunciou, sem nenhuma cerimônia, que Dilma, eleita pelo povo, foi
expropriada de algumas de suas funções. Lula, o desocupado, decidiu inaugurar
um novo regime de governo no país, que a gente poderia chamar de “Lulismo
mitigado”.
Em que consistiria esse regime, ao menos segundo o que foi anunciado
nesta segunda, como se fosse coisa corriqueira? Lula seria o coordenador
político da base aliada e quem se encarregaria de todas as negociações com o
Congresso. Na prática, passaria a ser o verdadeiro presidente da República, uma
vez que as prioridades de um governo se definem é nesse ambiente. Dilma
voltaria a ser, assim, apenas a gerentona, aquela que se encarrega das tarefas
executivas. O noticiário político, mais uma vez, voltaria a girar em torno do
“homem”, do “mito”…
O “anúncio” foi feito sem nenhuma cerimônia por Paulo
Vannuchi, ex-ministro dos Direitos Humanos e um dos chefões do Instituto Lula:
“Lula vai jogar toda sua energia para a manutenção e a consolidação da aliança.
Fazer uma agenda de conversas, ver quais são as questões, onde estão as
disputas, como fazer para compor as forças”. Ora, algo com essa importância
requereria uma comunicação formal da própria Presidência da República; teria de
ser feito necessariamente no ambiente do próprio governo, não num seminário
liderado por um chefe de facção, ainda que estivessem presentes expoentes do
primeiro escalão.
Entendam bem o que está em curso, ainda que a própria Dilma
venha a público, a reboque dos fatos, para negá-lo: Lula está usando a força do
seu partido e as interlocuções que mantém na base aliada para usurpar uma
parcela de poder de Dilma. Luiz Dulci, outro ex-ministro e diretor do instituto
emendou: “Ele [Lula] tem um papel político a cumprir na constituição da nossa
base política e social para 2014″. Eis o homem que anunciou que seria um
ex-presidente como nunca se viu na história destepaiz…
Lula não se conforma com a condição de ex-presidente da
República. Só sabe ser chefe. Estava certo de que Dilma declinaria da disputa
pela reeleição em seu favor. Achava e acha que ela lhe deve isso; que o
protagonismo exercido até aqui já está de bom tamanho. Mais dois anos, e seria
a hora da volta triunfal do Senhor das Esferas… Mas ela tomou gosto pela
cadeira, conta com a aprovação da maioria dos brasileiros (e pouco importa se
isso é justificado ou não) e é franca favorita na disputa de 2014. Tudo como
Lula NÃO queria.
“Pô, Reinaldo, esse não pode ser um movimento combinado com
Dilma?” Se esse absurdo prosperar, restará a ela dizer que sim, mas a resposta
certa é uma só: “É claro que não houve combinação nenhuma”, ou o anúncio teria
se dado de outra forma. O que os lulistas fizeram ontem foi meter o pé da porta
de Dilma e dar um chega pra lá. Já que ela não abre mão da reeleição, terá de
devolver a Lula o controle político do país.
É um momento delicado pra Dilma. É certo que ela governou
nestes dois anos atendendo a muitos dos pleitos petistas. Mantém no governo
alguns espiões de Lula e está ciente disso. Embora não seja uma figura
importante ou querida no partido, comunga das ideias gerais do petismo e coisa
e tal. É, sim, fiel a Lula, mas não foi mero títere do antecessor. Governou
também com ideias próprias, não necessariamente boas — mas esses são outros
quinhentos.
Lula se cansou dessa realidade e quer de volta o que acha
que é seu por merecimento e direito divino: o comando político do país. A
reivindicação atende a demandas rasas e profundas do seu caráter. Não concebe o
país com outro governante que não ele próprio, enquanto vivo for. Considera-se,
de fato, um iluminado e um evento único na história da humanidade. Essa é a
dimensão profunda. Nas questões mais à flor da pele, está o seu inconformismo
com o Rosegate, que já o fez dormir no sofá algumas vezes — e não no de sua
casa… Ele acha que Dilma fez muito pouco para preservá-lo do que considera a
maior fonte de desgaste pessoal desde que faz política. O que esperava? Não
sei! Não custa lembrar que ele se opôs pessoalmente à demissão de todos os
ministros flagrados com a boca na botija.
Dilma enfrenta a partir de agora o momento mais difícil de
seu governo. Conforme o previsto, quem a está deixando em maus lençóis não é a
oposição, mas Lula, talhado, desde sempre, para ser o maior desafio da
presidente.
Dilma pode mobilizar a sua turma nessa terça e fazer esse
troço recuar, jogando tudo na conta de um mal-entendido. A imprensa, como de
hábito, pode ser acusada de distorcer as falas dos petistas e coisa e tal. Mas
Dilma também pode se intimidar e deixar a coisa fluir por medo do PT. Nesse
caso, seu governo começou a acabar ontem. Ainda que seja reeleita em 2014,
ficará mais quatro anos sendo apenas tolerada na gerência.
(Reinaldo Azevedo)
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