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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

OS PROPRIETÁRIOS DA BOATE KISS E DOIS MÚSICOS DA BANDA GURIZADA FANDANGUEIRA FORAM PRESOS PREVENTIVAMENTE. BOATE KISS, OU O BEIJO DA MORTE. A tragédia de Santa Maria. Cerca de mil pessoas apertadas em um caixão fechado de 650 metros quadrados de área, com uma única porta de acesso e saída. Não é possível falar apenas em fatalidade. As circunstâncias objetivas e a soma de pequenas falhas eram a crônica de uma morte anunciada, ou um desastre possível.




As rodas da Lei começaram a andar em Santa Maria, RS. Talvez um pouco mais tarde que as rodas do Destino, sempre mais apressado. A polícia cumprindo ordem judicial prendeu preventivamente um dos donos da Boate Kiss, Elissandro Callegaro Spohr e está procurando Mauro Hoffman, que deve se apresentar hoje à tarde. (Atualização: Hoffman apresentou-se à polícia nesta tarde). 

Dois integrantes do grupo musical Gurizada  Fandangueira, que fazia o show na noite de sábado, Luciano Augusto Bonilha e Marcelo de Jesus Santos também foram presos, pois seriam os que teriam manipulado os sinalizadores que provocaram o incêndio. A Justiça acatou o pedido da Promotoria e mandou prender aquelas pessoas por cinco dias, com mais cinco de renovação, se for o caso. Há suspeita de adulteração de provas (fitas magnéticas dos vídeos). 

Na madrugada de domingo o teto da boate começou a pegar fogo após ter sido atingido, segundo testemunhas, por faíscas dos sinalizadores. Com uma sinalização deficiente, e uma certa demora para que o pessoal da segurança começasse a entender o que realmente acontecia, as pessoas, em desespero, correram para a saída, que estava fechada.

Um comandante do Corpo de Bombeiros, emocionado, disse que nunca havia visto algo assim. Em um dos banheiros, próximo à saída, ele encontrou, quando conseguiu entrar, após a dissipação da enorme quantidade de fumaça tóxica, uma pilha trágica de 180 corpos!

As pessoas estavam amontoadas umas sobre as outras. Entravam no banheiro e não podiam mais sair, pois eram esmagadas pelas outras que tentavam entrar.

A cena, dantesca, não deixa de remeter às imagens que conhecemos da tragédia de Herculano, quando a cidade foi soterrada pela lavas e cinzas do Vesúvio.

Dois mil anos depois pesquisadores encontraram, nas casas, famílias inteiras abraçadas e de mãos dadas, buscando o último conforto antes da morte, sufocados pelas cinzas e pelos gases vulcânicos.

Técnicos em segurança disseram queuma boate de 650 metros quadrados de área teria que ter uma entrada de sete metros de largura, pela lei.

A entrada da Kiss, segundo eles, tinha dois metros. Mas uma coisa que chama a atenção é que o edifício não tem saídas de emergência, pois o galpão da boate está cercado por outras construções.

É difícil imaginar como a bota poderia funcionar dessa forma, sem que, ao lado da entrada principal houvessem saídas de emergência. Entre a porta de entrada e o salão de festas havia um hall, com outra porta. Evidentemente algo assim provoca um funil.

Como cerca de mil pessoas conseguiriam escapar em meio à fumaça preta e ao desespero?

Isso torna, de certa forma, irrelevante a questão de saber se a boate estava com a licença do bombeiros vencida. Isso teria feito alguma diferença? Antes de estar a licença vencida a situação não era a mesma? Consta que a licença venceu em agosto de 2012. teria o prédio passado por alguma grande reforma desde então? Se não tinha saídas de emergência agora, teria antes?

BURACOS NO TETO FEITO PELO FOGO
Esse exemplo mostra como a realidade é bem diferente dos discursos e das narrativas. A questão é saber como um caixote de 650 metros quadrados podia funcionar com mil ou mais  pessoas dentro sem as menores condições de fuga.

PESSOAS NÃO SE PREOCUPAM

De certa forma, talvez confiando na sorte, ou que os outros tenham cumprido com os seus deveres, as pessoas amontoam-se em locais de show e acabam se esquecendo de observar as questões de segurança. Ninguém imagina que poderá ter que escapar correndo de algum lugar.


REPRODUÇÃO DA PÁGINA DO GLOBO, INTERNET

Mas um exemplo curioso, de Santa Maria mesmo, é relativo à boate do DCE da UFSM que foi interditada pela Prefeitura, atendendo a questões levantadas pela Promotoria Federal, no dia 9 de janeiro!

O que os diretores da entidade estudantil fizeram? Uma carta à Prefeitura acusando-a de “criminalizar espaços de cultura jovem e de autoritarismo”. Isto é, a boate localizada em um subsolo, não estaria atendendo exigências legais e foi interditada temporariamente.

Se houvesse um incêndio lá e morressem pessoas, o DCE acusaria a prefeitura por falta de fiscalização?

A tragédia de Santa Maria teve as suas vítimas, e, certamente, terá que encontrar seus culpados. Não há como escapar disso. Fica evidente que não é possível falar apenas em fatalidade. Mas todos precisam fazer a sua parte para que não aconteça outro episódio parecido.



Seria esperar demais?


LEIAM ATENTAMENTE O QUE VAI ABAIXO.   

O CASO DA PREFEITURA DE SANTA MARIA X A BOATE DO DCE

09/01/2013 10h04min
Vigilância Sanitária interdita a Boate do DCE em Santa Maria
Fiscalização foi motivada por pedido do Ministério Público Federal

Agentes do setor de Fiscalização da Superintendência em Saúde da Prefeitura interditaram, na tarde desta terça-feira, a Boate do Diretório Central de Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que funciona no subsolo da Casa de Estudantes, na Rua Professor Braga.

Segundo a Assessoria de Imprensa da prefeitura de Santa Maria, a postura foi tomada após tentativa de fiscalizar o local, em atendimento à solicitação do Ministério Público Federal (MPF), que pediu um levantamento sobre a situação da boate. O objetivo era verificar a existência e validade do alvará de funcionamento, condições de acessibilidade e a eficiência do isolamento acústico da boate, visto serem constantes as reclamações de perturbação do sossego público.

Os agentes não obtiveram acesso ao local, que está com o alvará de funcionamento vencido desde 2002 e em desobediência com a Lei Municipal que estabelece as normas de acessibilidade para estabelecimentos do gênero. Os responsáveis foram notificados sobre os procedimentos e para que providenciem os ajustes necessários para que a boate possa reabrir as portas.

A Prefeitura repassará as informações coletadas ao MPF, que analisa as condições de funcionamento da boate.

O Diretório Central dos Estudantes (DCE), divulgou uma nota de esclarecimento:

"Na tarde de hoje (08), o DCE da UFSM foi surpreendido por uma notificação da Prefeitura de Santa de Maria, através da Diretoria de Vigilância Sanitária da Secretária da Saúde, onde o fiscal Jefferson Müller interdita a Boate do DCE. Tal documento foi recebido e assinado pelo servidor da UFSM, Marcelino Cabral, responsável pelo Labinfo da CEU 1. 

Na argumentação da prefeitura, a Boate do DCE foi interditada por não ter acessibilidade e por perturbação do sossego público. O fiscal conversou com membros do DCE, mas nenhuma vistoria foi feita para a interdição, segundo o fiscal a interdição foi uma medida preventiva. Diferente do que foi divulgado por alguns meios de comunicação com base em declarações da Prefeitura, o fiscal não foi impedido de entrar na Boate, sendo que todas as chaves estão disponíveis na entrada da CEU 1.

Tal atitude da Prefeitura de Santa Maria é encarada por nós como uma medida autoritária, não isolada de outros eventos na cidade, como a proibição de festas no Centro de Eventos e na Praça Saturnino de Brito, que tem o objetivo de criminalizar os espaços públicos culturais da juventude. O DCE esclarece também que vem conversando com a Pró-Reitoria de Infraestrutura (ProInfra) para que sejam realizadas reformas e se garanta a acessibilidade na Boate. Em relação ao isolamento acústico, a Boate possuiu isolamento e até o mês de novembro não havia isolamento acústico na Catacumba, porém por meio da ProInfra foram colocadas novas portas para garantir um melhor isolamento do local. Por esse motivo, a Catacumba ficou fechada em parte de 2012.

Amanhã pela parte da manhã, iremos à Prefeitura e à Reitoria da UFSM para esclarecer essas questões e garantir a abertura da Boate do DCE nessa sexta-feira, dia 11. Uma nova reunião da Direção Executiva do DCE será realizada amanhã às 13h no campus, onde iremos definir os próximos passos e ações concretas a serem tomadas. O DCE da UFSM não deixará que a Boate do DCE, um patrimônio dos estudantes e símbolo da cidade de Santa Maria seja motivo de perseguição política por parte da Prefeitura de Santa Maria e espera que UFSM esteja ao lado de seus estudantes para garantir que a Boate continue sendo um importante espaço cultural contra hegemônico na cidade.

Boate do DCE - Um lugar do Caralho!

Gestão Vozes Em Movimento - 2012/2013"

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