Sim, Nicolas Maduro é o marido da procuradora-geral da
República, a chavista Cília Flores, que já foi presidente da Assembleia, como
Diosdado Cabello. A vantagem de uma ditadura é que não há satisfações a dar a
ninguém.
Pela Constituição, o mandato de Hugo Chávez terminava hoje.
Embora tivesse sido eleito, hoje deveria haver a cerimônia de posse. Então ele
indicaria um vice-presidente. No dia 9 de dezembro, antes de ir a Cuba para se
internar para a quarta operação de seu câncer em metástase, Chávez falou ao
povo pela TV e foi bem claro: “se eu não voltar para a posse até o dia dez de
janeiro, por algum impedimento (doença), o Diosdado Cabello assumirá o governo
e marcará eleições em 30 dias”.
Chávez indicou o seu candidato, em caso de nova eleição:
Nicolas Maduro.
Então, se o roteiro já estava escrito, porque não o
seguiram? Bem, ou era um teatro de Chávez sabendo que talvez não pudesse mais
voltar à Venezuela e nem controlar os fatos a parir daí, ou Cabello e Maduro
ficaram com medo de perder o poder em novas eleições para Henrique Capriles, da
oposição, que em outubro teve 6 milhões de votos.
O fato é que a esticada do mandato de Chávez anunciada pelo
Tribunal Superior de Justiça foi um golpe na Constituição. Na Lei Maior não há
previsão de mandato esticado.
Outra especulação na Venezuela é que Cabello e Maduro não
são exatamente amigos, e que um não confia muito no outro. Cabello poderia
assumir o governo e também ficar mais que os trinta dias, providenciando algum
arranjo com o Tribunal.
Todavia, uma coisa é certa: Nicolas Maduro é que é casado
com a procuradora-geral Cília Flores, aquela que inventou essa solução
esquisita para que a Venezuela continuasse sendo governada pelo vice de Chávez,
sem que Chávez tenha que assumir o governo.
A conclusão é curiosa: Chávez não está bom de saúde para
assumir, mas está bom de saúde para ter o mandato esticado.
Prestem atenção à reação do Brasil: claro que aprovou o
golpe. Quando, dentro da lei, Fernando Lugo foi afastado, por incompetência, no
Paraguai, o Brasil ajudou a expulsar o Paraguai do MERCOSUL para colocar em seu
lugar a Venezuela, uma ditadura.
No fundo, muita gente em Brasília inveja a Venezuela e suas
soluções toscas e ditatoriais. Não seria muito mais fácil para os petistas
mensaleiros se o STF fosse todo formado por ministros petistas, como na
Venezuela? Lá todos os ministros do Judiciário são chavistas indicados por Hugo
Chávez.
Assim fica fácil governar, não é mesmo?
O BRASIL QUER SER A VENEZUELA, AMANHÃ
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