SANTA MARIA COMEÇOU A ENTERRAR SEUS MORTOS |
O incêndio na boate Kiss na madrugada de domingo deixará
marcas por muito tempo. Na cidade as floriculturas não tem mais flores
naturais, e provavelmente não existiria um estoque tão grande de mais de 200
caixões. A Universidade Federal de Santa Maria perdeu, de uma vez, 101 de seus
alunos.
Uma multidão em desespero com o fogo que se alastra pelo
teto e a fumaça preta que asfixia. Porta fechada para evitar a “fuga” de
pessoas que não pagaram as contas. Gente esmagada pelo chão e nos banheiros,
cujas portas foram confundidas com saídas de emergência.
Nada mais horrível que a consciência da Morte que chega, sem
dó, e leva as pessoas. Nada mais horrível que saber ser impossível sair dali,
caído no chão, sendo pisado por desesperados que também cairão e também serão
pisoteados por outros desesperados que tentam fugir.
Dizem os bombeiros que a fumaça é muito forte e provoca a
inconsciência logo. Ao menos esse consolo. Não é necessário incluir relatos de
sobreviventes. Todos falam do horror, do medo, do desespero, e da falta de
compreensão imediata sobre o que acontecia por aqueles que tomavam conta da
porta.
Não consigo entender, pelo que li, talvez houvesse um salão
de festas e portas de emergência que conduziam à porta principal. Nada de
portas de emergência que abrissem e colocassem as pessoas diretamente na rua
como era de se esperar.
Ouvir a discurseira oficial das autoridades chega a dar nojo,
tal a eficiência que demonstram... após 232 mortes e 116 feridos!
O prefeito garante que a fiscalização das boates e locais de
eventos é muito rigorosa. Os donos da boate dizem que os funcionários são eficientíssimos e muito bem treinados. Em
suma, ninguém consegue explicar como, com tanta eficiência e fiscalização, uma
catástrofe dessas proporções aconteceu.
O governador está certo em parte, ninguém pode acusar este
ou aquele agora, mas a verdade terá que aparecer. De certa forma já temos uma
vaga idéia, e isso é igual em quase todo o Brasil.
Uns fingem que fiscalizam, ou que cumprem suas funções e nós
mesmos fingimos que acreditamos nisso tudo.
A única coisa concreta, real e muito dolorosa, é a morte de
tanta gente, e a dor intraduzível de suas famílias. Espero que as autoridades
tenham, também, um pouco de pudor, e também respeitem as famílias.
Há o ano inteiro para mentiras e fantasias de eficiência.
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