Macondo é na imaginária Colômbia de Gabriel Garcia Márquez,
mas Macondo poderia ser em qualquer uma das repúblicas bananeiras da América
Latina. Este é um mundo surrealista, de fazer inveja ou deixar confuso, até a
Jorge Luiz Borges.
MACONDO |
Agora Macondo é na Venezuela. Quem poderia imaginar que, há
30 dias, o ditador da Venezuela, o temido Chapolim de Caracas, deixou um
testamento verbal, falado, dito com pompa e circunstância diante de milhões de
venezuelanos, pela TV, no dia 9 de dezembro, e que os próprios chavistas, por
conveniência, é claro, iriam desrespeitá-lo?
Desrespeitar a vontade de El Comandante?!?
Como não considerar patética a cena em que Maduro caminha
entre o cocalero Morales e o defensor da maconha estatal uruguaia Mujica, em
Caracas, num ato de apoio a Hugo Chávez?
Mas quem precisava de apoio? Ninguém ameaça Chávez! Na
verdade, tudo foi montado para encenar uma crise inexistente, e, aí sim, um verdadeiro
golpe foi dado contra a Constituição Venezuelana.
Por uma trama da Procuradoria Geral e do Tribunal Superior,
o mandato de Hugo Chávez foi estendido, de forma indefinida. Isto é, sem
definição de prazo para terminar!
Hugo Chávez pode voltar daqui a um ano, e ainda estará no
poder. Dois anos, idem; dez anos, a
mesma coisa! É um ditador vitalício.
É absolutamente absurdo e patético como as autoridades dos
países vizinhos e amigos dos bolivarianos juntaram-se ao circo do faz-de-conta. O Brasil, que criticou o Paraguai por conta da cassação (absolutamente dentro da lei) de Lugo, agora endossa esse golpe farsesco dos chavistas. Um autogolpe. Golpe em nome de Chávez, pela falta de Chávez.
A coisa toda é muito clara. Claríssima.
Chávez mesmo disse ao povo que caso não voltasse de Havana (sabia que
poderia ficar muito tempo hospitalizado, ou até morrer) que Cabello, que
assumiria o poder por 30 dias, convocaria eleições.
O que fizeram os patetas dos chavistas? Foram a Havana,
conversaram com Raul Castro, fingiram que conversaram com Hugo Chávez (que está inconsciente), e deram
o seguinte recado: Hugo Chávez mandou dizer que não pode assumir, então
decidimos que o mandato será estendido, até que ele possa reassumir a presidência!
Essa balela foi referendada pela Suprema Corte, que deu um nó
na Constituição e jogou no lixo. Se Chávez está tão doente que não pode tomar
posse (impedimento), como seu mandato pode ser estendido sem que ele vá
governar por estar, justamente, muito doente?
Aqui está o golpe. Ninguém tirou o lugar de Chávez. Ele não
aparece, mas governam em seu lugar, como se ele estivesse para chegar a
qualquer hora. O certo seria fazer o que ele mesmo havia indicado em 9 de dezembro:
diante de seu impedimento (e creio que ele está eternamente impedido!) Cabello
deveria assumir e marcar eleições, sendo Maduro o candidato.
Ocorre que o chavismo, sem Chávez, pode entrar em crise. Como provavelmente o chacismo já está mesmo sem Chávez, a solução foi inventar que
ele ainda está impedido, mas que voltará, manter o seu mandato para inglês ver, e
com a junta Cabello-Maduro-Flores tomando conta da Venezuela.
Foram aconselhados a ficarem juntos para evitar uma forte crise no regime. E ainda havia o grande risco de Capriles ganhar a nova eleição.
Foi o modo engendrado, em Cuba, para que a ilhota pudesse
continuar mamando o petróleo do povo da Venezuela.
Para mim, certamente posso estar errado, Hugo Chávez não
voltará mais (vivo) para Caracas. Ele agora vive em Macondo. E , no momento,
passa férias na casa dos Castro, que o mantém como a uma múmia seqüestrada.
E
manter Chávez, vivo ou morto, em Havana vale muito para a sobrevivência de Cuba.
QUADRO MACONDO:
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