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domingo, 11 de agosto de 2013

O MISTÉRIO DA FAMÍLIA DOS PMS PESSEGHINI. CINCO PESSOAS, CINCO SENTENÇAS, CINCO BALAS, CINCO MORTES. Aparentemente todas as balas saíram de uma mesma pistola, encontrada na mão do filho de 13 anos do casal. O que torna o caso controverso, é que ninguém parece aceitar que o menino pudesse ter feito tudo aquilo.



CABO ANDRÉIA, SARGENTO PESSEGHINI, MARCELO
A casa da família dos PMS sargento Luiz Pesseghini e cabo Andréia Bovo Pesseghini, número 42 da rua Dom Sebastião, na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo, está destinada a chamar a atenção das pessoas que passam por ali, assim como a virar local de visitação, às vezes nem tão discreta, como ficou a famosa casa do caso da Rua Cuba, ou o que restou da Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

As pessoas passam, param, olham atentamente, querendo entender o que aconteceu; outras fazem o sinal da cruz, como a abençoar o local onde ocorreram as mortes do pai, da mãe, da tia-avó e da avó, de Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, de 13 anos, ele também morto, mas suspeito de haver atirado em todos os parentes e, ao final, dado um tiro na própria cabeça.

Cinco pessoas, cinco sentenças, cinco balas, cinco mortes.

Atualmente, em paralelo às investigações policiais, ouvindo pessoas, cruzando dados examinando chamadas telefônicas e computadores,  e aos procedimentos da Polícia Científica na produção dos laudos, a imprensa gera uma confusão danada por conta de relatos diversos que são lidos às partes, e fora de ordem, pelo público.

Assim, embora a tragédia real da família Pesseghini, de qualquer modo que seja vista, tenha sido tão dramática, no imaginário popular gera diversas histórias e narrativas conflitantes e amalucadas. Há desde versões sobre o envolvimento de quadrilhas de bandidos até à participação de policiais bandidos, tudo isso ocultado e manipulado pela Polícia Militar.

É da ordem das coisas. Quanto mais improvável um desfecho, mais discussão e surpresa causa. Lamentavelmente, a tragédia dos Pesseghini foi um acontecimento real, não uma novela de televisão. E, pelo modo como as pessoas imaginam e fabulam enredos, fica parecendo tratar-se de uma novela do mundo da ficção.

Que a verdade seja dita



RUA DOM SEBASTIÃO, 42, VILA BRASILÂNDIA
A grade de metal que fecha a entrada da garagem recebeu uma pichação que revela muito bem como milhares de pessoas encaram a história da família morta dos policiais: “Que a verdade seja dita”. Não picharam “Que a verdade apareça”, mas que seja dita!

Qual a diferença? 

Muita, ora. Numa investigação aguardamos que a verdade apareça e não que seja dita. Quando alguém formula a frase assim, é porque se acredita que alguém sabe, já conhece a verdade, mas não quer revelá-la.

No caso dos Pesseghini, só Deus sabe a resposta. E o matador. Mas, conforme a hipótese da linha de investigação, na qual acredito, o garoto é essa pessoa e, lamentavelmente, ele também morreu.

A verdade aparecerá pela investigação e pelos laudos, não por meio de palpites, enquetes, pesquisas de opinião.

A verdade é o que é, não aquilo que queiramos que ela seja.

Exatamente isso que faz o caso Pesseghini ser tão discutido e atrair a atenção de milhões de pessoas; o inusitado. Quanto mais imaginamos que é de um modo, mais fácil, mais conforme ao noticiário do cotidiano, com PMS sendo mortos por bandidos,  que demoramos a aceitar a possibilidade de que o matador de todos seja um menino de 13 anos de idade, bom aluno, comportado, tranqüilo.


DESMOND MILES
Mas esse menino tranqüilo, pelo visto, ficava horas e horas no computador jogando, e gostava de jogos violentos como Assassin´s Creed. 

Talvez ele imaginasse ser Desmond Miles,o vingador do jogo. 

Adam Lanza, aquele que matou 20 crianças e seis adultos, inclusive a mãe, em Sandy Creek, e depois se suicidou, era fanático pelo jogo Call of Duty, um jogo em que soldados devem cumprir sua missão: matar.

Sou contra os jogos eletrônicos? Não, pois estudos médicos mostram que os jogos podem ser estimulantes positivos para funções cerebrais. Mas e se o jogador for propenso ao exagero ou predisposto por algum tipo de patologia? Bem, aí estamos falando de juntara fome com a vontade de comer.

Seria o caso de Marcelo Pesseghini? Não sabemos; ainda não sabemos; talvez nunca saibamos. Isso ainda depende dos exames de ligações telefônicas e conteúdos pesquisados nos computadores.

O menino era doente, tinha fibrose cística, uma doença mortal. Segundo os pais contavam, ele teria, ao nascer, poucos anos de vida. O amor dos pais ao garoto, filho único, fez que com ele chegasse bem aos 13 anos de idade. Tinha 1,60 metro de altura, não era franzino.

Certamente levava uma vida regrada, por conta dos remédios e tratamentos que tinha que fazer. Aparentemente seu perfil mais tranqüilo ajudou a que vivesse tanto. Poderia ter vivido mais, mas médicos dizem que em média chegaria a uns trinta anos. Ele sabia de tudo isso, mas nunca deu sinais de revolta por conta dessa situação.

Ultimamente havia ficado com diabete, tendo que receber uma dose diária de insulina. Esse controle todo poderia afetar um adolescente? Que respondam os psicólogos e psiquiatras. Os pais e parentes pareciam não haver observado nada de diferente.

Mas alguns relatos à polícia mostram uma outra faceta do menino. Andou falando para um amigo (o amigo contou ao delegado do caso) que queria matar os pais e transformar-se em assassino profissional, fugindo com o carro da família. Já sabia dirigir e atirar.

Algumas questões

Se não foi Marcelo que matou a família e atirou na própria cabeça, o que aconteceu, então?

Se o pai, a mãe, a tia e a avó morreram no fim da noite de domingo ou na madrugada de segunda-feira (dia 5), porque o assassino poupou o menino?

Afinal, o menino foi à aula no outro dia normalmente, todo o mundo o viu lá, e, na volta para casa pediu ao pai de seu colega que lhe deu carona para parar o carro porque queria pegar alguma coisa no carro de sua mãe que estava estacionado perto da escola. 

Como sabia que o carro estava ali?
Se Marcelo não matou a família, onde ficou entre a morte deles e a manhã em que foi para a escola? Ficou cinco ou seis horas perambulando em São Paulo?

Se um matador houvesse entrado em sua casa para matar a todos porque deixaria o garoto ir à escola no outro dia? Ou porque deixaria o garoto dar umas voltas no carro de sua mãe de madrugada?

Isso tudo não parece absurdo aos senhores?

Se o matador fosse alguém muito conhecido ou próximo de Marcelo mataria a família toda e deixaria a morte de Marcelo para o outro dia, após a volta da escola? Então quando o matador matou quatro pessoas o menino não estava em casa? De madrugada?

Nada disso se encaixa.

O que se encaixa, embora nos horripile, nos assuste, nos assombre, é que Marcelo possa ter planejado a morte dos pais, pesquisado sobre como fazer adultos adormecerem na Internet, esperado que adormecessem, deu um tiro na cabeça de cada um (talvez a mãe tenha tentado alguma reação), pego o carro da mãe, enchido uma mochila com alguns pertences, como poucas roupas, papel higiênico, uma faca, e ter ido para perto da escola, onde dormiu dentro do veículo. 

Porque não dormiu em casa naquela madrugada?

De manhã foi à aula e depois voltou para casa.

Já escrevi antes, acho que ao entrar em casa (não sei porque não voltou com o carro da mãe) e ver a família morta caiu em si, percebeu o que havia feito, que aquilo não era um jogo eletrônico, era a vida real.

Como Marcelo talvez, apesar de tudo, fosse um bom filho, uma boa criança, embora com alguma perturbação não percebida, preferiu pagar com a própria vida.

Se fosse um garoto perverso qualquer, como tantos outros sobre os quais lemos no noticiário policial, que fazem barbaridades sorrindo, teria escolhido outro fim para essa tragédia.

Milhares de jovens da idade dele já mataram pessoas, até com prazer, por conta da frouxidão do Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA. São menores maus, perversos, pequenos psicopatas. Se Marcelo fosse assim teria preferido ir para a Fundação Casa. Dela sairia em poucos anos.

Vocês acham que um menino esperto, filho e parente de policiais, não saberia as vantagens de ser uma criança assassina neste País?

Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, já disse antes, agiu, ao fim das contas, como um pequeno samurai. 

Preferiu morrer.



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