A História do Jornalismo está cheia de vítimas, não apenas aquelas pobres vítimas de enchentes, guerras, rebeliões, incêndios, maremotos, terremotos, acidentes graves que o pessoal da imprensa registra e transmite ao mundo. Mas também das vítimas profissionais como os próprios jornalistas e cinegrafistas que fazem o seu trabalho. Vez ou outra um profissional não volta para casa.
É IMPOSSÍVEL ENVIAR UM PROFISSIONAL PARA UM CONFLITO, UMA GUERRA E PROMETER QUE ELE NÃO MORRERÁ.
Lamento muitíssimo por Gelson Domingos, era uma vida valiosa. Todas as vidas são valiosas. Mas, por melhores que sejam as condições de trabalho, ninguém pode dizer ao outro: “vá para a guerra que hoje você não morrerá”.
E cobrir conflitos não é brincar de ficar atrás de uma mesa dirigindo um sindicato. Repórteres, fotógrafos, cinegrafistas se expõem porque é a sua missão. Alguém precisa estar lá para contar a história. Alguns não voltam vivos, infelizmente.
Segundo a imprensa noticia, o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro responsabilizou a TV Bandeirantes pela morte do repórter cinematográfico Gelson Domingos, 46 anos, ocorrida neste domingo. Ele foi atingido no peito por um tiro de fuzil durante a cobertura de uma operação da Polícia Militar contra o tráfico de drogas na favela de Antares, em Santa Cruz , na zona oeste da cidade. É um certo exagero despropositado colocara culpa na emissora. Bombeiros, soldados, policiais, jornalistas, em muitos tipos de serviço correm risco de vida. Em qualquer lugar do mundo.
Claro que um profissional que se expõe precisa ter seguro, colete à prova de balas, se for o caso, e outros cuidados, mas a guerra, o conflito, é o puro imprevisto, o aleatório absoluto. Ninguém sabe, nunca, se voltará para casa ao final do dia. Mesmo aquele que vai trabalhar no sindicato pode ser vítima de uma bala perdida.
Pessoas morrem todos os dias porque despencam marquises na cabeça, porque explodem botijões de gás, porque um motorista bebeu demais.
A História do Fotojornalismo, por exemplo, está cheia de grandes fotos e algumas dessas imagens foram feitas por fotógrafos não voltaram mais para casa. Um dos mais importantes fotógrafos do Século XX, Robert Capa, um dos lendários fundadores da Agência Magum, com H. Cartier-Bresson e Ernst Haas e outros, morreu ao pisar em uma mina na guerra francesa do Vietnã, em 1954. Com evitar que alguém pise em uma mina? Foi culpa da revista que o mandou?
O grande repórter brasileiro, José Hamilton Ribeiro, nos anos 60, foi cobrir a Guerra do Vietnã e também perdeu uma perna ao pisar em uma mina. Culpa da revista Realidade?
Uma coisa é dar apoio à família do profissional, caso ele morra ou fique muito ferido, fazer um bom seguro, outra é a demagogia fantasiosa de que um mundo perfeito é possível e, caso haja alguma coisa imprevisível, nada de mau acontecerá. Esse mundo ainda não foi inventado. Nesse mundo também não haveria notícias e nem jornalismo. E nem cobertura de guerras e conflitos.
Tim Page, um dos maiores fotógrafos de imprensa da segunda metade do Século XX também pisou em uma mina, no Vietnã, e perdeu 20% de seu cérebro. Culpa de quem? Da mina, é claro. Como obter boas imagens, imagens chocantes, sem o risco necessário? Viver é uma coisa muito perigosa, no jornalismo, em certas áreas, mais perigoso, ainda. Page costuma dizer "Há coisas das quais nada podemos dizer porque não vivemos aquilo. depois, existem coisas das quais só podemos falar com quem já passou por isso". Page sabe do que está falando, assim como dezenas de outros profissioais de imprensa.
Um dos maiores fotógrafos de conflito do mundo, Don McCullin, após mais de 25 anos de cobertura de violência, guerra, miséria e fome, ficou altamente perturbado psicologicamente. Não fotografa mais pessoas.
Culpar a quem?
Recentemente, dois pilotos de corridas morreram em acidentes lamentáveis e violentos, apesar de toda a segurança possível nas pistas. Um na Formula Indy, Dan Wheldon, em Las Vegas ; e outro no GP de Motos da Malásia, Simoncelli. Coisas do esporte. Sempre será assim. Culpa de quem?
Sindicato critica TV Bandeirantes
Gelson Domingos, que também trabalhava na TV Brasil, usava um colete à prova de balas, mas o projétil ultrapassou a proteção. Para a presidente do sindicato, Suzana Blass, a morte do cinegrafista foi uma tragédia anunciada, porque os coletes fornecidos pelas empresas de comunicação não resistem a tiros de fuzil.
"Isso do colete é uma maquiagem. Os coletes não oferecem segurança para o profissional porque não protegem contra os tiros de fuzil, a arma mais usada pelos bandidos e também pela polícia no Rio. E as emissoras só dão o colete porque a convenção coletiva de trabalho estabeleceu que o equipamento é obrigatório em coberturas de risco."
Contatada pelo Terra, A TV Bandeirantes afirmou que o colete utilizado pelo cinegrafista é o modelo de maior capacidade de proteção liberado pelas Forças Armadas para utilização por civis. "A Band adotou o uso do colete em 2004, muito antes de qualquer imposição feita pelo Sindicato", afirmou a emissora.
Suzana Blass disse que o sindicato propôs às empresas de comunicação a criação de uma comissão de segurança para acompanhar a cobertura jornalística em situações de risco, mas que a proposta não foi aceita. "Sabemos que as condições oferecidas são precárias, mas as empresas alegam que a comissão seria uma ingerência no trabalho delas e que iriam sugerir um outro formato, mas até agora nada ofereceram."
A emissora afirmou ao Terra que nunca se negou a discutir ações relacionadas à segurança dos funcionários. "O sindicato propôs um curso dado por policiais do Bope sobre posicionamento em áreas de risco. Repórteres e cinegrafistas da Band foram treinados", disse a empresa, por meio de sua assessoria.
"Também já pedimos que as empresas de comunicação façam um seguro diferenciado para as coberturas de risco, mas elas responderam que já protegem seus funcionários e classificaram a proposta do sindicato como uma interferência em seu trabalho", acrescentou Blass. Suzana disse que o sindicato pode recorrer à Justiça para obrigar a Bandeirantes a amparar a família de Domingos.
A TV Bandeirantes afirmou que "todos os repórteres e cinegrafistas que trabalham com reportagem de rua têm um seguro diferenciado contratado pela empresa" e que "além do seguro, que cobre questões financeiras, a emissora está dando suporte total à família" do cinegrafista.
Outro problema, segundo a presidente do sindicato, é que muitas empresas contratam operadores de câmera externa para exercer a função de repórter cinematográfico, porque os salários são menores, o que acarreta em prejuízos no resultado do trabalho.
Para Suzana Blass, além da falta de condições de trabalho, o profissional de comunicação convive diariamente com uma questão cultural, pois está sempre em busca da melhor imagem. "Com isso, ele acaba aceitando o trabalho sem pensar no risco que vai correr, sem pensar na necessidade de se prevenir contra os acidentes e também para não ficar com fama de 'marrento' caso se recuse a cumprir a pauta."
Pela TV Brasil, o cinegrafista Gelson Domingos e o repórter Paulo Garritano ganharam, no ano passado, menção honrosa na 32ª edição do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria TV Documentário, com a série sobre pistolagem no Nordeste, exibida no programa Caminhos da Reportagem.
Com informações da Agência Brasil
e Terra
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5457066-EI5030,00-Sindicato+culpa+TV+Bandeirantes+por+morte+de+cinegrafista.html
e Terra
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5457066-EI5030,00-Sindicato+culpa+TV+Bandeirantes+por+morte+de+cinegrafista.html
By Judy Malloy
From NYFA Current, March 3, 2004
TRAVELING EXHIBITION COMMEMORATES THE WORK OF PHOTOGRAPHERS WHO DIED IN VIETNAM
"....Between the height of the French Indochina War in the fifties and the fall of Phnom Penh and Saigon in 1975, 135 photographers from all sides of the conflict w ere recorded as missing or dead. This exhibition is a memorial to those men and women, and in many cases it includes the last photographs they took...."
For the traveling exhibition REQUIEM: BY THE PHOTOGRAPHERS WHO DIED IN VIETNAM AND INDOCHINA, Horst Faas and Tim Page -- two photographers who were wounded while working in Vietnam -- brought together almost 300 black and white and color photographs taken in Indochina by their colleagues who did not return.
Based on their book of the same name (Random House, 1997), the exhibition includes images taken by men and women on both sides of the conflicts -- not only photographs taken by Americans, Europeans, Cambodians, and South Vietnamese, but also photographs taken by the North Vietnamese and Vietcong.
Among the 135 photojournalists who died while covering the Vietnam era Wars are Larry Burrows, Taizo Ichinose, Luong Ngha Dung, Everette Dixoe Reese, Sean Flynn, Henri Huet, Thong Veasna, Dana Stone, Dickey Chapelle, Sam Kai Faye, Terence Khoo, Huynh Thanh My, and Kyochi Sawada.
Robert Capa, the photographer who landed in the first wave on Omaha Beach on June 6, 1944, was killed when he stepped on a land mine.
Robert Jackson Ellison, who photographed Martin Luther King's March from Selma , Alabama to Montgomery for EBONY magazine, died when the cargo plane he was on was shot down.
The genesis of the book was photographer Tim Page's quest to discover the fate of his friends Sean Flynn (actor Errol Flynn's son) and Dana Stone, who were both reportedly captured and executed by the Khmer Rouge in Cambodia , and Page's subsequent founding of the Indochina Media Memorial Foundation. Page himself -- who was wounded four times; the last time almost fatally -- photographed the War in Vietnam for The Associated Press, UPI and PARIS MATCH.
Pulitzer prize-wining Photographer Horst Faas, who co-authored the project, was based in Saigon from 1962 to 1974 as the AP's chief photographer for Southeast Asia . "...I was told frequently by Vietnamese, young and old, that this was the first opportunity to see photographs of the real face of the Vietnam war - and indeed many looked at each picture for a long time," he wrote when the exhibition was shown in Hanoi . "Many old men brought their children and grandchildren, and as at exhibitions elsewhere we witnessed some unashamedly emotional scenes..."
Organized in association with the George Eastman House International Museum of Photography and Film, REQUIEM: BY THE PHOTOGRAPHERS WHO DIED IN VIETNAM AND INDOCHINA has been shown at the Kentucky History Center in Frankfort, KY; the Newseum in Arlington, VA; The Institute of Texan Cultures in San Antonio, TX; the War Crimes Museum in Ho Chi Minh City; in Hanoi; and at Queensland College of Art in Australia; among many other places.
More than 150 photographs from this traveling exhibition will be at the North Carolina State University (NCSU) Library in North Carolina from March 11 through May 25, 2004.
Sources/resources:
Tim Page, REQUIEM: BY THE PHOTOGRAPHERS WHO DIED IN VIETNAM AND INDOCHINA RANDOM HOUSE -- http://www.randomhouse.com/catalog/display.pperl?0679456570
The book includes written contributions by Peter Arnett, Tad Bartimus, David Halberstamm, and Neil Sheehan.
REQUIEM
THE DIGITAL JOURNALIST -- http://www.digitaljournalist.org/issue9711/req1.htm
a series of pages with photographs from the book and text
Horst Faas, "'Requiem' Exhibit Travels to Vietnam "
THE DIGITAL JOURNALIST -- http://www.digitaljournalist.org/issue0004/faas1.htm
REQUIEM -- http://www.wardogs.com/requiem.html
includes a review by Marianne Fulton and photographs from the book.
Return to Revelations of Secret Surveillance _______
Judy Malloy was the Editor of Arts Wire Current from 1996 - 2002. In November 2002, Arts Wire Current became NYFA Current. Malloy continued as Editor of NYFA Current until the Spring of 2004, when The New York Foundation for the Arts (NYFA) took it completely in house. The new NYFA Current is available at http://www.nyfa.org/current
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