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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A POLÍCIA ASSASSINA E OS BEBÊS DA USP. Como os invasores acreditam em suas próprias fantasias.

reproduzido do Blog de Bruno Pontes

Entrevista com "estudante" da USP

BRUNO PONTES 

"Queremos estudar em paz"

Consegui falar com um meliante acampado no prédio da administração da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Ele nega ser funcionário do tráfico de drogas dentro do campus e desabafa: "Nesses meus dez anos como universitário eu nunca vi um ambiente tão opressor como o atual. Fica difícil estudar".

Quem começou a agressão, vocês ou os policiais?

A culpa é toda da polícia assassina do Geraldo Alckmin. Nós aplaudimos o deputado Paulo Teixeira [líder do PT na Câmara], que apontou o óbvio: a presença da PM junto aos estudantes é uma química que não dá certo. O problema é a polícia. É preciso contar a verdade que o PIG esconde.

O que é PIG? Um departamento da USP?

É o Partido da Imprensa Golpista. O PIG deu a entender que nós provocamos o conflito. Mentira. Não queremos confrontar a polícia. Muito pelo contrário, queremos a polícia bem longe, para que possamos traficar - digo, para que possamos estudar em paz. E nós somos jovens, caramba! PM batendo em jovem? E os nossos direitos humanos?

Mas as imagens mostram que vocês atiraram um cavalete e pedras contra os policiais, ferindo três.

Sim, mas isso já foi em reação à presença dos policiais, entende? Eles vieram com truculência primeiro, querendo autuar uns amigos nossos só porque estavam fumando maconha no campus. Nós apenas reagimos. E tem mais: nós somos jovens!

Quantos anos você tem?

Faço 29 em dezembro.

Muita gente diria que você é adulto já há algum tempo.

Meu filho, é o Estatuto da Juventude que diz que eu sou jovem. Vai duvidar do Estatuto?

Quais são as reivindicações do movimento?

Queremos o fechamento da base estadunidense em Guantánamo, a democratização da comunicação, a superação do capitalismo, a destruição de Israel e a retirada da PM assassina do campus. Nesses meus dez anos como universitário eu nunca vi um ambiente tão opressor como o atual. Fica difícil estudar.

Numa mesma faixa de protesto vocês escreveram "trabaliadores" e erraram uma concordância. Isso prejudica a imagem do movimento?

[Indignado] Prejudica só na cabeça de quem tem preconceito lingüístico. O sistema impõe que existe um jeito certo de falar. É uma visão ultrapassada, autoritária, conservadora e homofóbica, que nós vai superar aqui em São Paulo quando a gente elegermos o Fernando Haddad para a Prefeitura.

Alunos da USP dizem que a maioria aprova a presença da PM no campus e que o protesto de vocês é uma farsa.

São uns playboyzinhos de m**** que só querem saber de estudar e trabalhar e esquecem a função social da universidade. Apesar deles, amanhã há de ser outro dia. Vamos seguir lutando pelo fim da ditadura no campus.
Abaixo o preconceito lingüístico


Meu artigo no Estado
31 DE OUTUBRO DE 2011 
TEXTO REPRODUZIDO DO BLOG DE BRUNO PONTES:

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Os bebês da USP

VINICIUS MOTA

A implantação da USP, em 1934, foi um dos maiores acertos da oligarquia paulista. Era um projeto elitista, no sentido modernizador, que agregou núcleos universitários já existentes (direito, medicina e engenharia) em torno de um novíssimo centro nervoso, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.

Ali, em razão das missões estrangeiras que moldaram professores nativos, deu-se um salto intelectual. A profissionalização de pesquisadores, a adoção de metodologias exaustivas e o mergulho sistemático na tradição filosófica do Ocidente espantaram o diletantismo bacharelesco.

Na FFCL, jovens da classe ascendente -muitos oriundos de famílias imigrantes- fizeram-se intelectuais capazes de influir no destino da nação. A escola formou quadros que tomaram posições em governos. Formou Fernando Henrique Cardoso, mais tarde presidente da República.

É triste testemunhar a decadência sem elegância a que se entrega a faculdade de filosofia, rebatizada de FFLCH. Deixa-se permear por grupelhos semialfabetizados e violentos que impõem a sua agenda sem encontrar resistência à altura. Encanta-se por um bordão do passado, mera forma sem conteúdo, quando clama pela saída da PM do campus.

A polícia representa a tirania? Ou a força legítima que mantém a ordem na democracia? Defendem-se privilégios no campus. Por que razão mágica alguém pego com maconha ali não deveria ser levado à delegacia?

Está livre para o uso de drogas a Cidade Universitária? Significa liberá-la para o tráfico, sem o qual não há consumo -e o tráfico não existe sem crimes conexos, como homicídios.
Instauraremos também a impunidade no campus? Quem destruiu a reitoria pode continuar estudando e trabalhando livremente na USP?

Chega de paternalismo na faculdade de filosofia. Chega de tratar depredadores como bebês inimputáveis. Chega de defender privilégios no campus.

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