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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

надежда толоконникова. PUSSY RIOT: DOIS ANOS DE PRISÃO POR VANDALISMO. A Rússia pós-soviética ainda não lida bem com a liberdade de expressão e a critica política, mas os jovens, como sempre, atiram sem rumo e ofendem sentimentos religiosos profundos.

надежда толоконникова
NADEZHDA TOLOKONNIKOVA, 22 ANOS 
A componente mais expressiva do grupo
 já recebeu proposta da Playboy ucraniana
para posar, mas não há resposta.  
надежда quer dizer Esperança

Putin não parece querer desgrudar do poder, ora eleito como primeiro-ministro, ora como presidente. Para ele tanto faz, desde que tenha, sempre, a última palavra. A Rússia, desde que acabou a União Soviética, enfrenta dificuldade para implementar algo que se pareça a uma democracia ocidental. 


Os russos sempre foram submetidos a regimes duros, como o dos czares, e mais ainda sob o tacão dos comunistas. A Santa Rússia, sob um ou outro império, sempre foi ligada profundamente à Igreja Ortodoxa. Apesar do ateísmo oficial dos comunistas, a religiosidade conseguiu sobreviver e hoje o pais tem uma imensa quantidade de fieis.

A hierarquia da Igreja apos Putin. A oposição não. A opinião pública é formada por ondas de apoio e crítica, conforme a economia fui, mas, de modo geral, devido à estabilidade do pais a população, na maioria, apóia Putin e seu governo. Outro czar? Ou outro Stalin?

Ocorre que a Rússia, a despeito de suas características e seu aparente isolamento, está integrada no mundo moderno; além disso, como deixou claro no seu livro "A demolição do Homem" (Der Abbau des Menschlichen), dos anos 80, Konrad Lorenz, a juventude parece captar as tensões e pressões que o mundo moderno e a cultura tecnológica impõem à Humanidade, produzindo ondas de rebelião nas quais as coisas se misturam e faltando canalização adequada daquelas energias.

A  condenação de três integrantes do Pussy Riot a 3 anos de prisão por vandalismo é indicador da situação. Por um lado, há percepção de parte do público a respeito das pretensões autoritárias de Putin, mas ao mesmo tempo aproveitam da estabilidade gerada na economia, o que tranqüiliza.

Há a percepção de que Putin e seu grupo não aceitam criticas, tratando opositores ou críticos como inimigos. A oposição, desorganizada, gera diversas reações, entre elas, espelhadas no ocidente, o movimento punk, que gerou Pussy Riot.

No dia 21 de fevereiro deste ano as integrantes do grupo entraram na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou e cantaram uma canção, com guitarras e tudo, em protesto ap apoio da Igreja a Putin, e a canção era um pedido para que Santa Maria afastasse Putin.

As moças, Maria Alyokhina, Yekaterina Samutsevitch e Nadezhda Tolokonikova foram presas e hoje (17) o tribunal deu a sentença: dois anos de prisão para cada uma. Desde que foram presas há ondas de protesto, com o apoio de estrelas da musica popular como Madonna e Paul McCartney, entre outros à volta do mundo.

Todo o episódio demonstra que Putin não lida bem com a critica e a liberdade de expressão como, em geral, os autoritários e totalitários. Contudo, não há muito sentido em uma integrante do Femem, o grupo de protestos feminino que nasceu na Ucrânia, cortar com uma moto-serra uma cruz em homenagem aos mortos pelo antigo regime. 

A observação de Lorenz em relação ao comportamento rebelde dos jovens é sobre como eles não conseguem fazer um ato rebelde sem ofender  a civilização ou a cultura. Para protestar contra Putin e seu estilo agressivo – com o que muitos concordariam – não é necessário ofender a crença religiosa e nem as vitimas da repressão dos comunistas.

Essa falta de medida, essa desmesura, esse atirar para todo lado que provoca a incompreensão da Opinião Pública em relação ao Pussy Riot. Porque não foram fazer o protesto contra Putin no centro da Praça Vermelha?

Se não o quiseram, para também poder criticar o comando da Igreja, então não podem alegar que são “presas políticas”, vitimas do regime. Agiram politicamente, por óbvio. Provocaram o poder político e a fé do povo ao mesmo tempo. creio que foram com muita sede ao pote. Putin passa, a religiosidade fica.

As moças poderiam ter agido de forma mais esperta. A não ser que, pela própria ideologia do grupo também sejam anti-religiões. Sendo assim, protestassem em praça aberta. Ao invadir um templo ofenderam os fiéis e, talvez, como julgou o tribunal, cometeram vandalismo. Se pensaram nos seus atos, para provocar mesmo Putin e as autoridades, deveriam estar preparadas para a reação.

Conforme a coisa andar, o episódio todo poderá servir para os russos e outros povos pensarem na questão da democracia, liberdade de expressão e política, mas também  no respeito à crença do próximo. Protestar, lutar por outras idéias, ou outros mundos possíveis não obriga à destruição, invasões ou outras formas de ofensa. Será que um dia aprenderemos a discutir idéias? 
IMAGEM DE NADEZHDA:

PUSSY RIOT NO INTERIOR DA CATEDRAL DE MOSCOU



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