Os autoritários e totalitários andam muito assanhados ultimamente. Querem se intrometer na vida das pessoas, regular os costumes de sua família, dizer o que devemos comer, controlar nossos remédios e consultas médicas. Como e o que devemos ler ou pensar, e até como devemos falar.
Querem nos impor um mundo novo, certinho (ao modo deles), e não gostam quando os criticamos. Como acham que estão certos, nossa crítica é vista como coisa de gente atrasada e ranzinza.
Esta é a era da intromissão.
Os responsáveis por esta era de intromissão antidemocrática e fascista são os movimentos multiculturalistas e os politicamente corretos, incluindo os ecochatos de plantão, os defensores das pulgas e carrapatos, ou de algum tipo de formiga e perereca que só existe naqueles 500 metros quadrados do Universo onde querem construir um viaduto.
Geralmente os fascistas mais radicais de hoje, por incrível que pareça, são os que se dizem de esquerda. Nada mais fascista hoje em dia que ser de esquerda. Deus me livre!
É um tempo estranho, em que as pessoas, além de cuidarem da própria vida, querem cuidar da vida dos outros, para isso usando até a força. Alguns são tão bondosos que são capazes de matar. Querem fazer o bem na marra, gostemos ou não. Ou nos mandam para o cemitério.
Que façam sua pregação, pois há liberdade de expressão para tanto, mas deixem de patrulhar os outros. Agem como se fossem os justiceiros, os que sabem o que é bom para os outros, os patrulheiros da ciência, guardiões do futuro limpo e sadio.
Não sei porquê, mas quando começo a escutar esses discursos acho-os cada vez mais parecidos com o discurso nazista da limpeza geral. Gostam de falar de racismo e homofobia, mas eles são os patrulheiros do novo “racismo”, o “bom mocismo” dos defensores da mamãe natureza e da nossa saúde.
Aqueles que nos querem obrigar a sermos bons, limpos, politicamente corretos, multiculturalistas, ateus, vegetarianos, não fumantes e distantes do álcool. E a favor do aborto.
Questão de princípios
Critico essa atitude de patrulha por uma questão de princípios.
Não sou fumante e bebo um ou outro copo de vinho ou uma cerveja muito raramente (mas é bom). Não sou fã de ficar fazendo exercícios em academia, embora tenha sido atleta durante muitos anos. Não encho o saco de meus amigos que fumam. Eles têm bom caráter.
Conheço muitos canalhas que não fumam. Meus filhos sempre comeram lanches da McDonald´s e são ótimas pessoas. Têm ótima saúde. Têm excelente caráter. Seriam melhores se só comessem brócolis com queijo de soja? Não sei. Mas são ótimos do modo que são, e os amo. O que os patrulheiros pentelhos têm que meter-se na vida dos outros, para nos ensinar a cuidar de nossos filhos?
Fora patrulha!
Os patrulheiros do bem são intoleráveis, porque transformam aquilo que fazem em norma, régua e compasso para todos os demais. Muita gente não fuma, mas sonega imposto de renda. Muita gente não fuma, mas não vê nada demais em matar fetos. Propõem, em nome da liberdade individual, matar o outro. O feto é o outro.
Eles não ligam para isso, os fetos que se danem. Mas eles defendem com unhas e dentes, e paus e pedras, suas idéias de como não devemos usar peles de animais. Ou matam pessoas, se for preciso, para preservar a perereca do brejo. A perereca do brejo vale mais que um feto humano para esses calhordas.
Vejo amantes do meio ambiente que não respeitam o silêncio do ambiente deixando o celular ligado no cinema. São uns hipócritas.
É um pessoal incapaz de sustentar uma conversa sem logo adjetivar o adversário de troglodita, reacionário, quadrado, retrógrado, direitista, como se usar atirar essas pedras verbais contra os outros fosse um grande argumento lógico ou de retórica.
Os não fumantes olham feio para os fumantes.
Vegetarianos olham de modo superior para os que gostam de um churrasco vez ou outra.
Os que não bebem adoram fazer sermões para os que tomam uns tragos nos finais de semana. Se você usa uma peça qualquer de couro poderá escutar um sermão de um tonto defensor do direito dos animais que estará usando, também, alguma peça de couro (talvez um cuecão de couro!).
Se você não anda de bicicleta e gasta alguns litros de gasolina para ir ao trabalho de moto ou carro é fuzilado pelos ambientalistas que discutem se um saco plástico leva 100 ou 450 anos para se deteriorar.
O ar de Nova York é poluído por milhares de veículos a combustão, mas o prefeito demagogo, de olho apenas na próxima eleição, fez aprovar uma lei proibindo os fumantes de fumarem ao ar livre, em parques públicos, para não contaminar os pulmões alheios.
Essa é a maior balela dos últimos tempos. Não há uma única pesquisa científica séria que demonstre que existe o tal fumante passivo e suas seqüelas. Mas a propaganda funciona, todos querem acreditar nela, e as leis impositivas e ditatoriais são aplicadas de modo oportunista, fechando o cerco contra os consumidores. Mas o que eles querem mesmo, é atingir a indústria e a liberdade do mercado.
O que me espanta é as corporações entrarem nesse joguinho sem volta, cedendo cada vez mais terrenos para não perder o território. Não sobrará território! A esquerda não gosta da liberdade de iniciativa.
Policiar as indústrias e os consumidores é uma forma de matar as indústrias e o capitalismo. A esquerda nunca leu von Mises, mas os empresários deveriam lê-lo, mas ele está fora de moda. E um simples blogueiro, um indivíduo faz o que as corporações deveriam estar fazendo: defender seus territórios sem ceder um milímetro. Sem medo de chamar demagogos de demagogos. Pois demagogos são demagogos!
Mas o pessoal de Marketing das corporações é covarde demais para aconselhar a resistir. Vejam o que aconteceu com a Arezzo, a produtora de sapatos. Perdeu milhões de uma coleção porque os bate-bumbo começaram a chiar contra bolsas de pele de coelho. A Arezzo não mata coelhos. Compra peles certificadas para fazer produtos.
Mas os patrulheiros, que usam blusões de couro, amedrontaram a Arezzo, que desrespeitou todos os seus consumidores para atender aos patrulheiros dos coelhos. Os barulhentos que tocam a vuvuzela da mídia.
O argumento científico é usado para tudo. A esquerda iluminista descobriu que usar explicações pseudo-científicas para impressionar muito ao populacho ignorante funciona. Quem quer ficar contra a “ciência”? Quem quer ser chamado de ignorante? Ninguém, não é?
Se eu perguntar: quem é contra o meio ambiente? Quem responderá: Eu!?
Mas o que significa essa pergunta? O que é meio ambiente? É tudo? Então não podemos soltar um pum sossegados? Não podemos cortar uma árvore? Não podemos fazer uma casa, abrir uma rua, plantar alimentos? Essa idiotia politicamente correta que advoga absolutos não tem o menor sentido.
Se alguém perguntar: quem é a favor da poluição? Quem dirá que sim?
Mas o que é a História da Humanidade? Uma coisa é destruir de modo estúpido o meio ambiente, é claro, outra coisa é não fazermos nada, ficarmos imobilizados porque os ambientalistas e pachamameros vão gritar: é crime!. Assim não firaríamos um poço para ir buscar água para matar a sede.
O que seria da Humanidade se esses fanáticos vivessem nos séculos passados? Temos informações sobre os danos à Natureza, mas muito do que se fala é alarmismo e faz parte de um grande negócio, um milionário negócio: o negócio de bilhões de dólares dos que se opõem, como ecologistas e ecochatos, aos que movimentam bilhões de dólares para que possamos ter um mínimo de conforto nesta vida.
Assim, os “agentes do bem”, nem sempre tão convencidos do que defendem, mas sabendo manipular as informações, vão criando um mundo cada vez de mais restrições e proibições. Isso levará a alguma igualdade? No fundo é disso que se trata. Esse pessoal é capaz de mandar arrancar os óculos de quem usa óculos para que todos fiquem iguais. Loucura? Não. Isso já aconteceu no Camboja, nos anos 70.
Essa nova esquerda, disfarçada de agentes do bem, seguidores de uma moderna PachaMama da era industrial ficam enchendo o saco e tratando a McDonald´s, por exemplo, como bode expiatório de nossa época.
Você gosta de McDonald´s? Sim? Eu também.
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O RONALDO É O BODE EXPIATÓRIO DAS PATRULHAS DO BEM. |
O que há de errado com os produtos McDonald´s? Que eu saiba, que eu tenha lido, nada. São produtos feitos conforme a tecnologia da época, adequados aos parâmetros de higiene e saúde, e incorporaram-se aos costumes da sociedade urbano-industrial desde que surgiram, nos anos 30. Essa foi a razão do sucesso: padrão de qualidade, mesma aparência e rapidez de serviço.
Ninguém decretou que alguém teria que consumir McDonald´s. Muitas marcas que surgiram nos anos 30 já desapareceram. Por erros administrativos, crises econômicas, mas, principalmente, não entenderem bem o público. A McDonald´s soube entender esses tempos rápidos, de falta de tempo.
Ela não inventou os tempos modernos. Ela soube interpretar esses tempos. A comida rápida para os tempos rápidos, elétricos. Só isso. Não houve um agente McDonald´s nos colocando um revólver na cabeça para obrigar a comer um Quarterão (sou fã do Quarterão).
Ela oferece brindes? E daí? É proibido? Os pais que saibam educar seus filhos, criar normas e regras, passar valores. Se há gordos e crianças mal criadas, com certeza, a culpa não é da McDonald´s.
Não há decreto que nos faça consumir algo de que não gostemos. Isso de comer o que existe apenas, ou o que se oferece, é coisa de extrema miséria ou de países comunistas, totalitários, de didirgentes que nada aprenderam sobre mercado, Marketing, Oferta e Procura.
A McDonald´s usa propaganda para vender? Usa. É proibido? Não.
A Ford, a GM, a Samsung, a Sony, a Microsoft, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Zé da esquina, usam propaganda para vender. Qual o problema? Nenhum.
Não é crime fazer propaganda para vender.
Não é crime vender hambúrguer.
Não é crime usar um personagem.
O Ronald McDonald não é um bandido, um agente do mal.
Eu, pessoalmente, o acho meio espalhafatoso demais. Mas isso é comigo. Para a empresa funciona. Ponto final.
O governo usa o Zé Gotinha. Nós podemos usar a bruxa para assustar crianças teimosas. O que o governo tem a ver com isso?
A propósito de que escrevi este longo texto?
A propósito de um anúncio colocado por médicos (deve ser alguma Ong por trás) em jornais americanos exigindo que a empresa aposente o Ronald por causa da obesidade infantil nos Estados Unidos.
Como é fácil e simples o mundo dos patrulheiros tontos do bem-estar alheio. Reduzem um mundo complexo a uma única variável e, bingo! És o culpado!
A culpa da obesidade do mundo é do Roald. Essa é a tática de escolher um bode expiatório por vez e ir eliminando-o. Todos sabemos como funciona a fácil tática de apontar um bode que seja o culpado de todos os nossos males.
E assim vão combatendo o Mercado, a Livre Iniciativa, a Liberdade de Expressão, a liberdade dos pais em educar seus filhos e vão construíndo o Admirável Mundo Novo.
Vão construíndo aquela ditadura ideal, em nome da ciência, em que os humanos vão se depurando de sua humanidade (humanos ficam obesos, tossem, choram, riem, amam e odeiam) e se transformando em ordeiras formigas operárias. Formigas costumam ser impassíveis e altamente previsíveis.
Formigas operárias não dão trabalho para ninguém. Transformar-nos em formigas é o sonho dos patrulheiros do bem.
As formigas são o sonho de consumo dos totalitários. Como comer tranquilamente um BigMac pode ser o nosso sonho deste momento.