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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

MINA AHADI: "EU RENUNCIEI AO ISLÃ". Ou: a mulher que luta contra os fanáticos


Mina Ahadi, contra a morte por apedrejamento
 (http://www.secularism.org.uk/images/93394/original.jpg)

Para quem tem um tempinho de sobra sugiro a leitura da entrevista concedida pela iraniana Mina Ahadi à jornalista Thaís Oyama (Veja) na revista Veja, edição de 2 de fevereiro de 2011.

A ativista iraniana, que mora na Alemanha há 14 anos, em endereço incerto, pois é ameaçada de morte pelos islâmicos radicais, fala como a religião islâmica foi se transformando, em muitos países, em "barbárie e crueldade".

Diz ela, "o Islã se voltou contra os muçulmanos". (Aliás, a respeito do tema, aconselho aos interessados acessar o blog Vera Dextra, em que os autores reúnem notícias de todos os lugares sobre as barbaridades cometidas por islâmicos radicais contra crentes de outras religiões, especialmente cristãos, e, o mais curiosos, contra outros islâmicos, como se houvesse um campeonato para saber quem é  mais fiel a Alá. Quem for menos, morrerá.)

Mina espera que a presidente Dilma Rousseff se afaste de regimes tirânicos como o do Irã. Ela combate práticas absurdas como o apedrejamento. Segundo a iraniana, mais de 100 pessoas foram mortas desta forma no Irã, desde 1979, e 27 estão na fila da morte.

Em termos de matança, o regime iraniano é bem ativo, sendo a média, segundo Mina, de "uma execução a cada oito horas". Façam as contas!

Mina Ahadi critica muito o ex-presidente Lula, "que (Dilma) se recuse a manter relações diplomáticas com um regime assassino como o de Ahmadinejad, a quem Lula chamava de "amigo"."

Carta enviada a Lula em agosto de 2010 ficou sem resposta.

                                                                       A Carta:

Caro presidente Lula da Silva,


Sua oferta de conceder asilo no Brasil a Sakine Ashtiani, sentenciada à morte por adultério, é um passo importante para salvá-la, assim como a seus filhos. Espero que, com os esforços internacionais e com as ações de milhares de pessoas, nós possamos salvar Sakine. Que ela e seus filhos se abracem novamente em breve.
Enquanto escrevo esta carta, vejo à minha frente o rosto de Maryam Ayoubi, que foi apedrejada até à morte em 2001. Vejo os rostos de Shahnaz, Shahla, Kobra e dezenas de outras mulheres que foram enterradas até o peito e mortas por pedras arremessadas contra elas. 

Eu ainda vejo tudo isso diante dos meus olhos. As vozes das crianças que me ligaram para dizer: “Nossa mãe foi apedrejada até a morte” – ainda consigo ouvi-las. Esse é o regime islâmico. Os governantes do Irã não sobreviveriam um dia sem execuções e terror, sem espalhar o medo. 

Mesmo que o regime islâmico tenha retrocedido um pouco por conta da pressão em favor de Sakine, ele ainda espalha o medo na sociedade executando outros prisioneiros, especialmente os políticos.

Hoje, dia 2 de agosto, nove prisioneiros foram sentenciados à morte em Kerman. Em Teerã, seis prisioneiros políticos foram sentenciados à morte, entre eles Jafar Kazemi, que pode ser executado a qualquer momento. Zeynab Jalalian, um outro prisioneiro político, também corre o risco de ser morto em breve. 

Há mais pessoas na lista de execução: Mohammad Reza Haddadi foi setenciado à morte enquanto era menor; acaba de completar 18 anos e pode ser executado a qualquer momento. Há mais de 130 menores na prisão, com penas semelhantes. O regime islâmico é o único do mundo que executa menores.

Presidente Lula da Silva, hoje há 17 famílias de prisioneiros políticos em greve de fome na frente da prisão de Evin, em Teerã. Elas prestam solidariedade à greve de fome que seus filhos começaram lá dentro, dias atrás. 

Esse é um protesto contra a brutalidade das autoridades carcerárias com os presos políticos. O destino de três jovens alpinistas americanos e as lágrimas de suas mães também entristeceram a população. Esse regime prendeu parentes do senhor Mostafaei, o advogado de Sakine Ashtiani, e os levou como reféns até que ele se entregue.

Presidente Lula da Silva, o Irã é um país com um regime criminoso e brutal. É um regime assassino que deve ser condenado por todas as pessoas e governos. Permita-me, como uma representante do povo oprimido do Irã, dizer que não quero apenas salvar Sakine e abolir o apedrejamento, mas também pedir a todos os líderes nacionais que não reconheçam o regime islâmico como representante dos iranianos, mas sim como o assassino desse povo.

Esse é um regime que apedreja e executa, que prende pessoas todos os dias e corta suas mãos e pés. Nenhum outro governo do mundo realiza tantas execuções per capita quanto ele. Tal regime não deveria ser reconhecido por organizações internacionais ou chefes de estado.


Cordialmente.
Mina Ahadi
Porta voz do Comitê Internacional contra a Execução e do Comitê Internacional contra o Apedrejamento 
(http://liberdadedeexpressaovirtual.blogspot.com/2010/08/carta-aberta-ao-presidente-lula-mina.html)

 

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