CARTA À PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF
Por Milton Simon Pires (médico)
Excelentíssima Sra. Presidente da
República Dilma Rousseff
Permita-me a apresentação: na
minha opinião eu sou um médico; na sua um “trabalhador da saúde”. Na minha
opinião, medicina é cuidar de pessoas doentes; na sua é fazer “transformação
social”. Eu penso em salvar vidas; a senhora em ganhar votos.
Como podemos ver, a senhora e eu
eu, não temos muito em comum à primeira vista mas existem na minha vida alguns
fatos que a senhora desconhece. Assim como a senhora, eu já fui marxista – e
dos fanáticos! Brigava com colegas da faculdade no final dos 80 e inicio dos
anos 90 para ver seu projeto de poder realizado. Caminhei ao lado daquele seu
amigo que gosta de uma cachacinha e costuma ser fotografado com livros de
cabeça para baixo... Conversei pessoalmente com o “poeta do sêmen derramado”
que agora governa o Rio Grande do Sul.
Não tinha idéia correta daquilo
que havia acontecido no Brasil entre 1964 e 1985. Imaginava, como a senhora
quer fazer parecer até hoje, que tudo estava indo bem até que militares malvados
que não tinham nada para fazer decidiram, com ajuda dos americanos, derrubar o
governo brasileiro.
Eu só me dei conta, presidente,
de quem Lula, a senhora e seu Partido-religião representavam quando comecei a
trabalhar com a gente de vocês aqui em Porto Alegre a partir de 98. Duvido que eu
estivesse mal-preparado, sabe? Eu já tinha feito 6 anos de faculdade, um ano de
residência em Pediatria, um de Medicina Interna e dois de Cardiologia. Gostaria
que a senhora visse em que lugar seus “cumpanheros” aqui dos pampas me
colocaram para trabalhar.
Imagino a senhora doente naquelas
condições de segurança, higiene, espaço e administração que a ralé do PT do Rio
Grande do Sul nos ofereceu. A senhora tem idéia de como deve se sentir um
médico ao ter seu estágio probatório avaliado por técnicos de enfermagem? A
senhora sabe o que é receber, depois de tudo que se estudou na vida, ordens de
enfermeiras, presidente? Em nome de que? Em nome de um delírio chamado
“democratização da gestão”? Em nome de um absurdo chamado “controle social”?
A senhora tem alguma noção de
quantas pessoas eu vi morrerem depois que esse seu partido de assassinos e
mensaleiros terminou com o resto da rede hospitalar brasileira “aparelhando” a
gestão dela com uma legião de analfabetos, recalcados, alcoólatras e
incompetentes que por oferecer uma parte de seu salário ao PT passaram a dar
ordens a homens e mulheres com capacidade de salvar vidas ?
Mas por favor, não fique ofendida
comigo presidente, de certa forma essa carta é um agradecimento, sabe? Formado
há quase 20 anos, eu nunca havia visto os médicos brasileiros tão unidos quanto
agora. É mais um mérito seu e desse seu partido a promover a maior humilhação
que os médicos de um país sofreram até hoje!
A senhora não tem vergonha de apelar
para uma ditadura bananeira, para um país que mata, tortura, prende e vigia
seus próprios cidadãos para fornecer médicos para o SEU povo?
A senhora é brasileira, ou não,
presidente Dilma? Se não tem vergonha da medicina do seu país, tenha pelo menos
do seu povo! A senhora nasceu aqui e a primeira pessoa que lhe viu foi
provavelmente um médico do Brasil. Provavelmente vai ser algum colega,
intensivista como eu sou hoje, quem vai estar ao seu lado no último momento e
mesmo assim a senhora quer chamar médicos cubanos para enganar nossa gente
pobre e doente a ponto de garantir sua reeleição.
Quem lhe deu esse conselho,
presidente Dilma? Identifique por favor, um por um, os médicos que lhe cercam e
sugeriram semelhante ideia! A senhora e eu já conhecemos alguns, né? Vamos
apresentar os demais ao Conselho Federal de Medicina, ou não?
Presidente Dilma, até bandidos e
prostitutas se ofendem quando tem seu território e ganha pão ameaçados. Nós
somos médicos, nós salvamos vidas e não vamos permitir que uma profissão cuja
origem se perde no tempo seja levada ao fundo do poço por um partido como o da
senhora com o argumento de que estamos sendo corporativistas e o Brasil está
sem médicos.
Deus lhe proteja na batalha que
vai enfrentar conosco, presidente. Se a senhora for ferida vai precisar ser
atendida por um médico – e eu duvido muito que ele fale português.
Milton Simon Pires
Porto Alegre, 2 de julho de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário