Quando comecei no jornalismo, os melhores livros e manuais
sobre a profissão eram os americanos. Jornais como New York Times, Washington Post
eram referência obrigatória, devido ao incentivo às reportagens aprofundadas,
feitas com critério, demolidoras. O caso “cult” foi o impeachment de Richard Nixon,
o presidente bisbilhoteiro.
O Caso Watergate, como ficou conhecido, só andou devido ao
empenho de dois jovens repórteres Bob Woodward e Karl Bernstein que, durante
meses, com grande tenacidade, e contra pressões imensa, com o apoio da chefia e
de uma fonte secreta “Deep throat” acabaram com a felicidade de Nixon.
Depois desse caso, nada mais dessa envergadura aconteceu, e,
com o passar dos anos, a imprensa americana foi decaindo – assim como a nossa –
num certo tipo de mundo paralelo, lá adotando a cartilha politicamente correta,
aqui a oficialista também, de tal modo que a leitura de jornais ficou altamente
desestimulante.
Vez ou outra há um trabalho interessante, mesmo no New York
Times,sempre tão alinhado com Barack Obama,perdendo, assim, o charme da
independência editorial. Mas como Nova York não é aqui, apesar de Lula ter sido
divulgado como colunista do jornal (como isso é possível?); nunca imaginei que
Lula redigisse com um estilo tão contrário à sua habitual verborragia
populista!, o NYT nos brindou com uma boa matéria sobre a crise no Brasil.
Neste momento em que os protestos, apesar de menos intensos,
entram pelo segundo mês de vida, somos obrigados a ler, na imprensa nacional,
que tudo reproduz sem questionamento, que a Presidente Dilma Rousseff explicou
(inclusive ao Papa Francisco) que os brasileiros estão protestando porque querem
mais,os ingratos. Eles tiveram tantos benefícios governamentais, que ficaram ávidos
por sair do terceiro mundo para o primeiro, saltando sobre qualquer coisa que
seja o segundo.
Lula, o silencioso, agora começou a falar,mesmo que
indiretamente pelos seus assessores formais e informais (na imprensa) e diz que
os protestos são culpa da elite.
Lula adora falar em elite. Penso que ele nunca se olha no espelho. Dadas
as medidas da presidente para desonerar diversos setores, para incrementar o
consumo, ninguém da elite poderia abrir o bico, mesmo os bancos, os maiores beneficiários
destes governos petistas. Atribuir as manifestações às elites é uma alucinação
de Lula. Mesmo o PT, sempre querendo achar bodes expiatórios, pisou na bola,
apontando o dedo viciado, mais uma vez, para a imprensa e,pasmem, até para a base
aliada. Logo a base aliada, aquela que lhe dá sustentação por puro idealismo
ministerial.
Em suma, os petistas ficaram encastelados em Brasília
usufruindo as maravilhas do país imaginário que construíram e o povo foi ficando
cansado de ser esquecido. Uma coisa é o cidadão ficar em casa vendo TV ouvindo sobre todos aqueles investimentos
bilionários de que tanto fala a nossa presidente (ela nunca fala em milhões, só
em bilhões! – uma síndrome eike-batistiana); outra muito diferente é cair no
mundo real e tentar usar transporte coletivo, os serviços públicos de saúde e
fazer uso do péssimo ensino do sistema escolar, especialmente o público.
CENA DO VÍDEO SOBRE O BRASIL |
Os brasileiros cansaram. Agora querem resultados.
É sobre isso que trata a matéria do New York Times. O jornalista
partir da economia do cotidiano: quanto custa uma pizza no Brasil, um Big Mac,
um carro popular, um simples celular, e comparou com o preço em outras
economias. Simples. Uma coisa que poderia ter sido feita por qualquer jornal
brasileiro, ao invés de relatar o Brasil Maravilha de Dilma, Lula e o PT.
Vejam o vídeo e leiam a matéria sobre “As sementes dos
protestos”
CLIQUE NESTE LINK PARA VER O VÍDEO : http://nyti.ms/12Ik3SL
LEIA A REPORTAGEM DE SIMON ROMERO (NEW YORK TIMES) SOBRE
A SEMENTE DA CRISE NO BRASOL (EM INGLÊS):
http://www.nytimes.com/2013/07/23/world/americas/prices-fuel-outrage-in-brazil-home-of-the-30-cheese-pizza.html
A SEMENTE DA CRISE NO BRASOL (EM INGLÊS):
http://www.nytimes.com/2013/07/23/world/americas/prices-fuel-outrage-in-brazil-home-of-the-30-cheese-pizza.html
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