Marina Silva, dissimulação e petismo envergonhado
Não pode haver surpresa com o fato de que Marina Silva
apareça, nas últimas pesquisas, como a grande beneficiária das manifestações
nacionais que andaram pedindo o fim da política e dos políticos.
Sem cargo legislativo ou executivo desde 2009 – e sem
partido até o início deste ano - a fundadora do PT, ex- vereadora, ex-deputada
estadual, ex-senadora e ex-ministra do governo Lula vem alimentando, com
sucesso, uma imagem de criatura pura, jamais maculada pelos trâmites
tradicionais da política nacional.
Mas não é só dos desavisados que ignoram sua longa carreira
política dentro de um sistema que hoje ela diz condenar, que o marketing de
Marina Silva se beneficia. Ela também encanta porque se apresenta como ícone do
petismo envergonhado – a turma que votou em Lula em 2002 e sentiu-se traída em
meados de 2005, quando o mensalão veio à tona. Para estes, Marina coloca-se
como representante máxima da decepção e revolta com um PT que "se desviou
do bom caminho", adotando táticas que condenara até chegar ao poder.
Seria lindo se não fosse uma mentira deslavada – do tipo que
só está colando porque ninguém tem coragem de chamar Marina Silva pelo que ela
realmente é: uma oportunista, com ares de santa e ambições comuns a qualquer
outro político que caminhe sobre a face da terra. “Qualquer outro político” é,
na verdade, uma injustiça. Marina “pode ser comparada aos piores se
considerarmos como ela manipula a opinião pública dizendo combater um sistema
no qual tem se banqueteado há pelo menos três décadas”.
Hoje Marina se diz chocada com o maior escândalo de
corrupção que a república já viu: o mensalão petista. E, embora jamais o diga
literalmente, sua postura sempre deixa subentendido nas entrelinhas que o
mensalão foi o motivo pelo qual ela teria abandonado o PT.
Nada mais ilusório. Na verdade, depois que as denúncias do
mensalão estouraram, Marina se manteve no PT por quatro longos anos. De 2005 a
2009 ela conviveu, ombro a ombro, com os colegas mensaleiros – governando, sem
qualquer pudor, com eles e para Lula. Queixava-se, sim, da “generalização” com
a qual o senso comum julgava todos os membros do partido pelos atos de uns
poucos – discurso que, aliás, mantém até hoje.
Se Marina saiu do PT em
2009 não foi por estar escandalizada com a falta de ética do partido –
fosse isso, teria motivos de sobra para sair em já em 2005. Marina só saiu do PT porque abandonara o
governo Lula, um ano antes, derrotada numa disputa política– daquelas bem
típicas da política que ela hoje diz renegar – com o então ministro de assuntos
estratégicos de Lula, Roberto Mangabeira Unger.
Afastada do governo, Marina Silva foi viver da política
tradicional que ela hoje condena: reassumiu sua vaga no Senado Federal, de onde
saiu apenas para candidatar-se à presidência da república pelo Partido Verde.
Tendo conquistado quase 20 milhões de votos no pleito de
2010, ela se manteve no PV até meados de 2011, quando parece ter percebido que
ali não haveria espaço para suas ambições pessoais.
Dissimulada, em 07 de julho de 2011 Marina comunicou sua
desfiliação do Partido Verde jurando, por todos os santos, que fazia tal coisa
sem qualquer motivação eleitoral. Desde então tem trabalhado dia e noite para
construir um partido que lhe permita candidatar-se novamente à presidência.
É por isso que sorrio constrangida sempre que alguém me diz
que Marina Silva pode ser um “novo caminho” para a política nacional. Em
primeiro lugar porque, como se viu, não há nada de novo em Marina Silva. Desde
os tempos de Chico Mendes, tudo nela é dissimulação e vitimismo colocados a
serviço do marketing eleitoral.
Depois, porque é óbvio que Marina só pode convencer a dois
tipos de eleitor: os jovenzinhos crédulos e os ex-petistas que se dizem
envergonhados. Os primeiros serão ludibriados por sua falta de cultura
política. Os segundos se deixarão iludir novamente porque, ao que parece, não
resistem à lábia de um falso messias.
(Nariz Gelado)
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