(Reprodução de Veja)
O PMDB resolveu ocupar espaço e mostrar que o Congresso pode também sugerir medidas à presidente acostumada a ver os congressistas dizerem "Amém" às suas medidas provisórias.
Dilma titubeia, repetindo aqueles espasmos distributivos em que, quando os tem, anuncia a distribuição fantasiosa de bilhões de reais inexistentes.
O povo deixou claro que está cheio da gastança, do desperdício e da corrupção; 39 ministérios é uma coisa absurda e injustificável mesmo. FHC deixou 24 ministérios.Lula, o modesto, mais 13, somando 37. Dilma emplacou mais dois. Provavelmente Dilma nem saiba o nome de cada um de seus ministros.
Lula, o agora mudo, que só manda uns artiguinhos escritos por ghost-writer para o New York Times, chegou a criticar Dilma, por meio de assessores, sugerindo que ela economizasse, cortando ministérios. Cínico! Ele criou 13 deles! Provavelmente para obter apoio que facilitasse a governança.
Agora foi a vez do PMDB. Os motivos da sugestão não ficam muito claros, mas é mesmo uma boa oportunidade para Dilma mostrar, ao menos, que ouviu a voz das ruas. Porque a história de reforma política, consulta popular e plebiscito devem ter sido alucinações.
(Da Folha S Paulo)
O presidente da Câmara dos
Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), recomendou ontem à presidente
Dilma Rousseff que comece a preparar já uma reforma ministerial e reduza de 39
para 25 o número de pastas.Em entrevista à Folha e ao UOL, o deputado sugeriu
que Dilma converse mais com os congressistas, retomando as reuniões do conselho
de líderes partidários criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Há quanto tempo não se reúne o conselho político? Eu não me lembro."
Henrique Alves acha que a reforma
deve ser definida no início de agosto, quando deputados e senadores voltarão ao
trabalho após o recesso de julho. A nomeação dos novos ministros seria em
setembro.Quantas deveriam ser as pastas? "Com a vontade de enxugar a
máquina, de fazê-la mais objetiva, em torno de 25 ministérios seria do tamanho
do Brasil." Ou seja, um corte de 14 dos 39 existentes.
Há duas lógicas por trás da
formulação proposta por Henrique Alves. Uma é política. Dilma até agora apenas
repassou ao Congresso demandas que ela diz ter interpretado a partir dos
protestos de rua ocorridos em junho.Agora, ao recomendar uma reforma
ministerial, o PMDB repassa a bola para o Palácio do Planalto. "Há um
consenso hoje na questão do número exagerado de ministérios", diz o
presidente da Câmara.Alves afirma que "os partidos da base deveriam dar
essa colaboração, delegando à presidente Dilma ampla liberdade de recompor o
ministério" e "reduzir sem nenhuma nova imposição partidária".
E o PMDB? "Estamos dispostos
a oferecer porque queremos encontrar uma saída", diz Alves. "Queremos
um Brasil mais ágil. Que a presidente dê respostas novas. As movimentações [de
rua] cessaram um pouco, mas está latente ainda a insatisfação."O PMDB,
principal parceiro dos petistas na coalizão governista, controla cinco
ministérios hoje: Agricultura, Minas e Energia, Previdência Social, Turismo e a
Secretaria da Aviação Civil, que tem status formal de ministério. Se Dilma
cortasse parte de seus ministérios, "daria uma resposta ao que o país
quer: redução de quadros, mudança, portanto, de ordenamento
político-administrativo".
DA FOLHA DE SÃO PAULO
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