Por que parou? Parou por quê?
Percival Puggina
12 Julho 2013
Agora que a noite caiu sobre a greve, depois de o jornalismo
nacional haver colhido e exibido em todo país, repetidas vezes, cenas do dia
11, faço uma leitura do que aconteceu.
O título acima reproduz conhecido refrão dos movimentos
grevistas para apresentar suas reivindicações. Neste caso, a pergunta do refrão
deve ser dirigida, mesmo, às centrais sindicais. Por que vocês resolveram parar
o país? Qual a urgência que determinou essa desmobilização nacional, esse
singular feriado ou feriadão de julho? São perguntas que todos nos fazemos
nesta manhã do dia 12. Afinal, o que aconteceu, ontem, no Brasil? Por que
paramos? Paramos por quê?
A greve teve intensidade abaixo da média em relação ao que
se podia esperar de um evento dessa magnitude. Em muitas das grandes cidades a
vida transcorreu normalmente. Noutras o comércio fechou porque os empresários
foram advertidos de que poderia haver depredações caso os estabelecimentos
abrissem as portas. Onde o transporte coletivo aderiu, as consequências foram
mais visíveis no panorama urbano. As ruas ficaram com jeito de feriado.
Mas
ninguém sabia exatamente porque aquilo estava acontecendo. As centrais
sindicais, é verdade, elencaram um pot-pourri de reivindicações para justificar
a absurda paralisação. Mas o real motivo de quem precisa elencar muitos para
justificar o que faz nunca está entre os motivos apresentados.
As principais centrais sindicais são braços de partidos da
base do governo. E a base do governo, acuada pelas mobilizações dos últimos
dias, pensou que se o povo estava saindo para a rua com tamanha determinação, o
governo deveria colocar na pista seu próprio bloco. Ou seja, gente, muita
gente, portando pautas genéricas, mas sem esconjurar o governo e,
principalmente, sem os "Fora Dilma!" que tão fortemente latejam nos
ouvidos oficiais.
E por que as centrais
sindicais toparam prestar-se a essa pantomima? Porque já lhes era perguntado,
não sem razão, o porquê de sua silenciosa omissão diante dos protestos em curso
no país.
O resultado, tudo visto e contabilizado, foi pífio.
Sabiamente, o povo não compareceu. Em inúmeras cidades, os
"grevistas" precisaram interromper o trânsito em avenidas e rodovias
como forma de dar aparente vulto ao que faziam (fosse lá o que fosse aquilo que
faziam).
O grande visual era proporcionado pelos milhares de veículos obrigados
a parar enquanto meia dúzia de dirigentes sindicais, de modo delinquente,
queimavam pneus na pista por horas a fio. Governo e sindicalismo pelego deram
ao país um prejuízo de bilhões de reais com a interrupção de inúmeras
atividades produtivas.
O dia 11 de julho de 2013 vai entrar para a memória nacional
como alarmante evidência de que esse governo conduz suas estratégias políticas
e suas ações de gestão de modo igualmente incoerente e irresponsável.
TEXTO REPRODUZIDO DO SITE MÍDIA SEM MÁSCARA:
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