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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O KADAFI DE CARACAS DEVERIA INDICAR LULA COMO EMBAIXADOR DA PAZ NA LÍBIA DO KADAFI DE VERDADE

Hugo Chávez só faltou dizer, hoje, à imprensa, que foram os ocidentais que fomentaram a rebelião na Líbia. Acusou os Estados Unidos de estarem interessados em invadir o país e tomar o petróleo líbio. O mundo todo condena a brutalidade do ditador Kadafi e espera uma atitude dos líderes internacionais, mas Chávez raciocina como um alucinado. (Talvez tenha recebido alguma ligação de Fidel Castro...)


"Em vez de mandar soldados e aviões, por que não enviamos uma comissão de boa vontade que vá ajudar para que não sigam matando na Líbia?", disse Chávez. O coronel venezuelano disse que tem poucas informações sobre o massacre imposto ao povo líbio pelo seu amigo coronel Kadafi.

Talvez não saiba que as mortes já passaram de mil e que há violentos combates,  em  diversas regiões, ameaçando desintegrar o país. Talvez até saiba, mas esteja preocupado com a situação dramática da própria Venezuela, onde ele parece um novo Kadafi.

Até pouco tempo atrás o ex-presidente Lula parecia estar convencido de que poderia alterar tudo no mundo; como dizia ser amigo de Kadafi, e também de Chávez, por que este não o indica como embaixador da paz em Trípoli. Poderia ir acompanhado de Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia.

Experiência internacional não lhes falta; basta a lembrança da Pensão Brasil, em Tegucigalpa, onde Manuel  Zelaya passou dias muito agradáveis por conta do contribuínte brasileiro.

Eis aí algo que gostaria de ver. Lula contando farofas para Kadafi em meio a metáforas futebolísticas e histórias de como reinventou o Brasil, tudo em meio a rajadas de metralhadoras.

CINISMO AO QUADRADO.

Na semana passada fui pego de surpresa pelo cinismo com que um representante do Hamas (aquele movimento palestino que não tem pudor em explodir ônibus escolares, desde que as crianças sejam judias) e o próprio presidente do Irã, Ahmadinejad , mostraram-se espantados com a violência cometida por Muamar Kadafi, da Líbia, contra seu próprio povo. 

É bom lembrar que o Hamas utilizou, muitas vezes, os civis palestinos como linha de frente para atacar Israel. Quando Israel revidava, atingia os coitados. Oh! Clamor internacional. 

Ahmadinejad, o que foi acusado de fraudar a própria reeleição, reprimiu duramente os iranianos que o criticaram e foram às ruas. Não vamos nos esquecer de Neda Soltan.
Mesmo agora, nos atuais episódios, seus militantes pediram a morte para os opositores do regime.

Essa gente é cínica demais. 
O pior é que fazem um jogo de cena que consegue obter muito espaço na idiotizada imprensa ocidental, como se tudo fosse realmente de verdade; e eles devessem ser levados a sério.

NÃO HÁ DUAS ESQUERDAS NA AMÉRICA LATINA. Há somente uma, com duas caras, para enganar os observadores americanos

sábado, 26 de fevereiro de 2011


Entrevista de Olavo de Carvalho a Jeffrey Nyquist

(Foto)
Jeffrey Nyquist: Financial Sense, 18 de fevereiro de 2011
Tradução e link*: Dextra








Esta semana eu tive o prazer de entrevistar o filósofo brasileiro e presidente do Inter-American Institute, Olavo de Carvalho. Durante a conversa, eu sugeri que há algo de errado com nosso pensamento, hoje; que não adoramos a Deus do mesmo modo, nem obedecemos as regras do mesmo modo, nem observamos as boas maneiras como no passado. "Para alguém como eu", começou ele, "que visitou este país nos anos 80 e voltei para viver aqui em 2005, as mudanças que a mentalidade americana sofreu em décadas recentes é realmente chocante."
Carvalho recomendou que eu lêsse o livro de Tamar Frankel Trust and Honesty: America's Business Culture at the Crossroad [Confiança e Honestidade: A Cultura Americana dos Negócios em uma Encruzilhada], o qual, ele explicou, "descreve o declínio alarmante dos padrões morais no mundo americano dos negócios..." De acordo com o livro de Frankel, a erosão da confiança e da honestidade tem a ver com a aceitação e a justificação crescentes de práticas fraudulentas. "O que mudou", escreve ela, "é a atitude em relação à desonestidade e a quebra da confiança. Hoje, há uma maior aceitação e mais justificação da desonestidade." Como isto aconteceu? Com a remoção de certas barreiras à fraude, a tentação aumentou.
Carvalho têm suas próprias opiniões a respeito das causas da deterioração moral e intelectual dos Estados Unidos. "Um dos fatores que causou esta mudança, com suas consequências altamente corrosivas para a vida diária dos americanos, foi o "neo-liberalismo" em voga, que via o mundo dos negócios como um poder auto-regulado, capaz de se sobrepor à moralidade, à religião e à cultura e de ditar padrões de conduta com base no poder supostamente milagroso das leis do mercado. O que fez a grandeza da América não foi só a economia de livre mercado, mas uma síntese disto com a moral cristã e com uma cultura que incluia o amor ao país e à família. Separada destas forças regulatórias, a economia capitalista se torna um motor de auto- destruição, que é exatamente o que está acontecendo hoje.”
Sem dúvida, há muita verdade na afirmação de que a sociedade americana tradicional desabou, sendo substituída pela "sociedade aberta", assim batizada por George Soros e Karl Popper. De acordo com Carvalho, a sociedade aberta se define como "não reconhecendo quaisquer valores transcendentes e deixando tudo à mercê das conveniências econômicas -- conveniências que são algo que se alega para se justificar a própria demolição dos mercados livres e sua substituição pelo estado de bem-estar social, baseado em taxação e déficits." Em outras palavras, Carvalho está dizendo que o livre mercado não torna os homens bons. Ele não os adestra para serem morais. Ele não se dá ao trabalho de se defender do socialismo. Estes elementos na sociedade que anteriormente instilavam valores morais não são mais tão eficazes, se é que têm alguma eficácia.
Carvalho é de opinião que o conceito da “sociedade aberta ” é usado pelos inimigos da nação para destruirem "tudo o que é bom e grande neste país." Ele então menciona o pensador geo-político russo Alexander Dugin, e 'o novo esquema russo-chinês...'. Usando uma propaganda sutil, observa Carvalho, a "sociedade aberta" se torna um pretexto para difundir o ódio generalizado global contra os Estados Unidos, pois a "sociedade aberta" produz uma degradação moral que é em seguida atribuída ao modo americano de vida, o que supostamente demonstra a perversidade e decadência particulares do povo americano. Isto leva diretamente a uma discussão sobre os males do imperialismo cultural americano -- o grito de guerra dos estrategistas russos e chineses, cujo objetivo é a eliminação dos Estados Unidos como potência mundial. A eficácia desta estratégia não deve ser subestimada. Como explica Carvalho, "A influência russo-chinesa tem crescido cada vez mais na América Latina. O governo dos Estados Unidos não percebeu isto porque ainda vê a Rússia e a China como aliados, apesar do fato de que eles são os dois maiores fornecedores de armas para o terrorismo ao redor do mundo. É preciso lembrar que a política externa de Putin é hoje guiada pela estratégia assim chamada "eurasiana", inventada pelo filósofo russo Alexander Dugin, que propõe que a Rússia, a China e o Islam se aliem com todas as forças anti-americanas na Europa Ocidental, na África e na América Latina, com o propósito de fazerem um cerco final aos Estados Unidos. Esta estratégia já tem forte apoio militar na Shanghai Cooperation Organization, um tipo de versão oriental da OTAN que reúne a Rússia, a China, o Kazaquistão, o Quirguistão, o Tajiquistão e o Uzbequistão.”
Perguntei a Carvalho sobre informações recentes de um acordo entre o Irã islâmico e a Venezuela comunista para construírem uma base estratégica de mísseis apontados para os Estados Unidos. Perguntei se os marxistas da América do Sul estavam aliados à al Qaeda e Teerã. “Sim, estão," respondeu ele. “Eles também estão aliados ao ETA, que é uma organização terrorista basca. Há muitos agentes destas organizações no séquito de Hugo Chavez. Este fato não é desconhecido de muitos governos latino-americanos, mas a maioria deles está comprometida a ficar em silêncio sobre isto por causa dos acordos que assinaram como membros do Fórum de São Paulo, a ponta de lança do movimento comunista na América Latina.”
Eu então pedi a Carvalho para dar os nomes dos países trabalhando com os terroristas em todo o mundo pela destruição dos Estados Unidos. Ele respondeu assim: "Irã, Síria, Coréia do Norte, Cuba, Rússia e especialmente a China são os principais. Na América Latina, a Venezuela é o exemplo mais óbvio, mas a Venezuela não seria nada sem o apóio que recebe de todos os governos do Fórum de São Paulo, cujo líder é o Brasil.”
De acordo com Carvalho, a Esquerda continua a consolidar sua posição na América Latina. "Ela tem seguido uma estratégia que foi explicitamente apresentada em um congresso comunista chinês há poucos anos: tomar o poder por meio de eleições legais e então erodir o sistema democrático a partir de dentro, para impedir a oposição de jamais voltar ao poder em eleições futuras," explica ele. "Ou seja: eles vencem uma primeira disputa e em seguida passam a mudar as regras do jogo. No Brasil, esta estratégia tem levado a resultados espetaculares. Primeiro, a idéia era limitar o campo político a apenas dois disputantes: a Esquerda radical e a Esquerda moderada. Todas as outras forças políticas foram desmanteladas por meio de auditorias fiscais seletivas e acusações de corrupção que sequer precisavam ser provadas, já que elas destruiam reputações para sempre, assim que eram trombeteadas pela mídia.”
Poderia o aliado tradicional dos Estados Unidos na América do Sul estar sob o controle de um movimento totalitário? Como poderíamos não ter percebido um acontecimento tão espantoso? "Os formadores de opinião americanos têm uma visão errada do Brasil", diz Carvalho, "porque o governo brasileiro sempre agiu com duas caras e de modo camuflado. Por um lado eles cortejam os investidores americanos para fortalecerem a economia brasileira, mas por outro eles tiram proveito do sucesso econômico a fim de consolidarem o poder esquerdista em casa, tornarem impossível qualquer oposição política que não seja da esquerda moderada, e darem apoio efetivo à ascenção da Esquerda nos países vizinhos, enquanto protejem organizações abertamente terroristas como as FARC e o MIR chileno, que assim acabou controlando o crime organizado local e ganhando o monopólio do mercado das drogas no Brasil. Na Venezuela, Hugo Chavez também desmantelou a oposição, mas usando métodos mais crassos."
Já que o Brasil abriga o cerne do movimento comunista na América Latina, como tem progredido a campanha anti-americana?  De acordo com Carvalho, a Esquerda nem sempre consegue avançar. "Ela segue um rítmo alternante", explica ele, "dependendo de se o importante no momento é adular os investidores estrangeiros ou unificar e fortalecer a Esquerda latino-americana.”
“Há mais de dez anos", observa Carvalho, "eu tenho alertado que o Partido dos Trabalhadores (no Brasil) não é uma organização como as outras; ou seja, disposta a se alternar no poder com a oposição. O Partido dos Trabalhadores é uma organização revolucionária, comprometida com o amoldamento do estado e da sociedade inteira à sua imagem e semelhança, usando, para este fim, os meios mais vis e corruptos. Como ninguém nunca acreditou em nada disto,  todos se desarmaram gentilmente em face a este partido em ascenção e agora que ele controla tudo, ninguém pode fazer nada contra ele. O Brasil é governado por um só partido com muitos nomes. Não vejo perspectivas de se mudar esta situação no curto ou médio prazo*."
Perguntei a Carvalho sobre o Chile, que se desviou da Esquerda nas últimas eleições. De todos os países na América do Sul, qual é o segredo do aparente conservadorismo do Chile? "A elite chilena é infinitamente mais educada e moralmente melhor preparada do que a elite brasileira," responde ele. "Quando as coisas começam a caminhar para o abismo, os chilenos conseguem entender o que está acontecendo e mudar de curso antes que o desastre ocorra. Você não consegue imaginar a preguiça intelectual dos empresários, políticos e militares brasileiros. Mesmo quando a situação se torna alarmante, eles se aferram a suas crenças confortáveis e costumeiras e se recusam a se informarem sobre o que está de fato acontecendo. As classes ricas no Brasil são presunçosas e indefesas. Elas não sabem como resistir ao jogo sutil das lisonjas e ameaças jogado pelo governo esquerdista que as controla. Não só no Chile, mas também na Argentina, as elites estão muito melhor preparadas para enfrentar tal situação."
E qual é a coisa mais importante que os americanos devem saber sobre a presente situação política na América do Sul? "A coisa mais importante", diz Olavo, "é a profunda e sólida unidade dos movimenos esquerdistas locais através das fronteiras nacionais, a unidade da estratégia revolucionária subjacente às diferenças aparentes e enganadoras de caráter nacional. Não há isto de 'duas Esquerdas' na América Latina. Há apenas uma Esquerda, que tem tanta solidariedade consigo mesma que nunca perde controle das duas caras que emprega para tapear os observadores americanos."
Ouvindo Carvalho caracterizar a elite empresarial e política brasileira como intelectualmente preguiçosa, não pude deixar de pensar na elite americana. Também eles se recusam a mudar de curso em face do desastre que se aproxima. Mesmo a situação se tornando alarmante, eles gastam mais e mais dinheiro. Eles cortejam os inimigos e traem os aliados. É verdade, também, que eles "não sabem resistir ao jogo sutil das lisonjas e ameaças" jogado pelo poder esquerdista.

TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO NO BLOG DEXTRA VERA:                               http://veradextra.blogspot.com/
Veja também: VÍDEO: Entrevista exclusiva com Graça Salgueiro.

UM HOSPÍCIO CHAMADO BRASIL. E ainda dirigido pelos loucos!

O Brasil falante

Olavo de Carvalho
28 Fevereiro 2011

A destruição da cultura superior evidencia-se não somente na desaparição dos espíritos criadores, mas na inversão da escala de julgamentos: na ausência de qualquer grandeza à vista, a pequenez torna-se a medida da máxima grandeza concebível.

Quanto mais de longe se olha o Brasil, mais se vê que não é um país: é um hospício. Um hospício sem médicos, administrado pelos próprios loucos que se imaginam médicos.

Nada aí funciona segundo os preceitos normais do cérebro humano. É o perfeito "mundo às avessas" do Dr. Emir Sader - chefe do conselho médico desde que o Dr. Simão Bacamarte deixou este baixo mundo.

A loucura não vem de hoje. Certo dia, após uma das minhas aulas na PUC do Paraná, reuniu-se um grupo de alunos para ouvir e apoiar o protesto de um deles, que, entre lágrimas - sim, entre lágrimas -, clamava contra o que lhe parecia uma depreciação infamante da cultura nacional. "Onde já se viu - soluçava o rapaz - chamar de decadente e miserável um país que tem intelectuais da envergadura de Chico Buarque de Holanda?"

Eu soube do caso por terceiros, mas se ali estivesse teria gravado o episódio em vídeo, para ilustrar as aulas subsequentes, quando voltasse ao tema da patologia mental brasileira.

A destruição da cultura superior evidencia-se não somente na desaparição dos espíritos criadores, mas na inversão da escala de julgamentos: na ausência de qualquer grandeza à vista, a pequenez torna-se a medida da máxima grandeza concebível. Pois um professor gaúcho não chegou a proclamar o referido Chico um artista universal da envergadura de Michelangelo? Seria preciso anos de exercícios de percepção para fazer ver a essas criaturas que numa só pincelada de Michelangelo há mais riqueza de intenções, mais informação essencial, mais intensidade de consciência do que em tudo o que se publicou no Brasil sob o rótulo de "literatura" desde a década de 80, da autoria de não sei quantos Chicos.

Mas a mera sugestão de que deveriam submeter-se a esse aprendizado lhes soaria brutalmente ofensiva - uma prova de autoritarismo fascista. A ideia mesma de que a literatura deva refletir uma intensidade de consciência, uma riqueza de experiência humana, acabou por se tornar incompreensível quando tudo o que se espera é, na mais ambiciosa das hipóteses, que o artista invente variações engraçadinhas para os slogans de praxe (isso é a definição de Chico Buarque de Holanda, com a diferença de que ele já não é mais tão engraçadinho).

Nos anos mais recentes, porém, a situação agravou-se para além da possibilidade de uma descrição de conjunto. O máximo que se pode fazer é chamar a atenção para detalhes significativos, na esperança de que o interlocutor vislumbre a gravidade da doença pelo sintoma isolado. E um desses sintomas é a decomposição do idioma.

Dou graças aos céus por não ser escritor de ficção nos dias que correm, quando se tornou impossível conciliar linguagem coloquial e correção da gramática.

Leiam Marques Rebelo ou Graciliano Ramos e entenderão o que estou dizendo. Os personagens deles falavam com extrema naturalidade sem incorrer em solecismos. Hoje em dia, tudo o que se pode fazer é escrever como gente nos trechos narrativos e descritivos, deixando que nos diálogos os personagens falem como macacos nerds. É a literatura exemplificando o abismo entre a linguagem culta e a fala cotidiana. Mas a existência desse abismo prova, ao mesmo tempo, a inutilidade social de uma literatura que já não poderia ser compreendida pelos seus próprios personagens.

Antigamente esse dualismo extremo de linguagem culta e vulgar só aparecia quando o autor queria documentar a fala das classes muito pobres, afastadas da civilização por circunstâncias econômicas ou geográficas insanáveis.

Na era Lula tornou-se necessário usá-lo para reproduzir a fala de um presidente da República - e, depois, a de senadores, deputados, líderes empresariais e tutti quanti. Um jornalista decente já não pode escrever na linguagem de seus entrevistados. Não há mais medida comum entre a consciência e os dados que ela apreende. Isso é o mesmo que dizer que já não é mais possível elaborar intelectualmente a realidade, ao menos sem improvisar arranjos linguísticos que estão acima do alcance da maioria.

Alguns ouvintes já entenderam que a linguagem paradoxal do meu programa True Outspeak - explicações eruditas entremeadas de palavrões grosseiros - é um esforço barroco, talvez falhado, de sintetizar o insintetizável, de resgatar para a esfera da alta cultura a fala disforme e quase animal do novo Brasil. Muitos nem percebem a diferença entre a linguagem tosca e sua imitação caricatural.

Texto reproduzido do site Midia Sem Máscara 
http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/11888-o-brasil-falante.html

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O FERVOR ISLÂMICO COLHE A SIMPATIA DOS TOTALITÁRIOS, À DIREITA E À ESQUERDA

Um "islamofóbico" confessa-se

20/02/2011

ALBERTO GONÇALVES  (DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS, PORTUGAL)

Em plena praça Tahrir, 200 cidadãos festejaram a queda de Mubarak violando ou, para usar o eufemismo em voga, agredindo sexualmente a jornalista americana Lara Logan (do 60 Minutes). Fonte da CBS, a estação de Logan, afirma que esses pacifistas sedentos de liberdade (e de senhoras, aparentemente) gritavam a palavra Jew! (Judia!) durante o acto, pormenor omitido na vasta maioria das notícias sobre o episódio.

Compreende-se a omissão. O optimismo face à evolução da situação egípcia é tal que qualquer nota dissonante arrisca-se a ser mal interpretada. Eu, por exemplo, estive quase a sugerir aos que comparam o levantamento no Cairo com o 25 de Abril ou com o fim do comunismo no Leste europeu que inventariassem o número de repórteres violadas, perdão, sexualmente agredidas por multidões na Lisboa de 1974 ou na Budapeste de 1989. Porém, depois desisti.

A mais vaga reticência à pureza intrínseca dos muçulmanos em êxtase suscita logo insinuações de "islamofobia" e "racismo". Por acaso, não vejo de que modo a opinião negativa sobre uma determinada crença religiosa pode indiciar racismo. Quanto à crença propriamente dita, parece-me confuso acusar-se os cépticos de aversão ao islão enquanto se garante que a revolta no Egipto é completamente secular. Entre parêntesis, convém notar que a presença de um tarado teocrático à frente da novíssima reforma constitucional garante uma secularização sem mácula.

Fora de parêntesis, confesso: chamo-me Alberto e sou um bocadinho "islamofóbico". Nem sei bem porquê. Talvez porque, no meu tempo de vida, nenhuma outra religião inspirou tantas chacinas (já repararam que há pouquíssimos atentados reivindicados por católicos, baptistas, judeus, budistas ou hindus?). Talvez porque nenhuma outra religião relevante pune os apóstatas com a pena de morte.

Talvez porque não perceba que os países subjugados à palavra do Profeta consagrem na lei ou no costume o desprezo (e coisas piores) de mulheres, homossexuais, pretos, brancos e fiéis de outras religiões. Talvez porque não se possa dizer que a sharia trata as minorias abaixo de cão dado que, não satisfeitos com o enxovalho dos semelhantes, os muçulmanos também acreditam que os cães são uma emanação do demónio e sujeitam os bichos a crueldades inomináveis.

Talvez porque alguns líderes espirituais do islão foram convictos aliados de Hitler na época do primeiro Holocausto e alguns dos seus sucessores ganham a vida a exigir o segundo. Talvez porque a presumível maioria de muçulmanos ditos "moderados" é discreta ou omissa na condenação dos muçulmanos imoderados.

Talvez porque, nas raras oportunidades democráticas de que dispõem, os muçulmanos ditos "moderados" teimem em votar nos partidos menos moderados (na Argélia ou em Gaza, por exemplo). Talvez porque inúmeros muçulmanos se ofendam com as liberdades que o Ocidente demorou séculos a conquistar, incluindo o subvalorizado mas fundamental direito ao deboche.

Talvez porque uma considerável quantidade de imigrantes muçulmanos no Ocidente rejeite qualquer esboço de integração e, pelo contrário, procure impor as respectivas (e admiráveis) tradições. Talvez porque, no Ocidente, o fervor islâmico colhe a simpatia dos espíritos totalitários à direita (já vi skinheads a desfilar lenços palestinianos e a manifestar-se em prol do Irão) e, hoje, sobretudo à esquerda.

E é isto. São minudências assim que determinam a minha fobia, no fundo uma cisma pouco fundamentada. Um preconceito, quase. Sucede que muitos dos que, do lado de cá de Bizâncio, acham intolerável tal intolerância, são pródigos na exibição impune de fobias ao cristianismo ou ao judaísmo (o popular "anti-sionismo").

E essa disparidade masoquista, receosa e ecuménica de pesos e medidas constitui, no fundo, o reconhecimento do confronto que nos opõe ao islão, mesmo o islão secular e cavalheiro da praça Tahrir, e o maior sintoma de que eles estão a ganhar por desistência. Adivinhem quem está a perder.

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1788366&seccao=Alberto%20Gon%E7alves&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco

ESTE É O MODERADO AL-QARADAWI. Ou: herói dos idiotas politicamente corretos

“Pode até haver algumas mulheres que não concordem em apanhar do marido e vejam a punição como humilhação. Muitas mulheres, porém, gostam de apanhar e consideram adequado que o marido bata nelas apenas para fazê-las sofrer”.
(Artigo escrito em 2007 para o site IslamOnline.net) (do blog de Reinaldo Azevedo).
A imagem é de Al-Qaradawi pregando na Praça Tahrir, Cairo, contra Israel (http://www.nowtheendbegins.com/blog/?p=2283)

O NAZISMO NADA OCULTO NAS PALAVRAS DE AL-QARADAWI

Al-Qaradawi é também famoso pelas suas aparições na televisão árabe Al Jazeera. Numa destas emissões, em Janeiro de 2009, transmitida pela MEMRI, Midle East Media Research Institute, Qaradawi alargou-se no tópico dos Judeus. E disse: “Através da história, Alá impôs aos judeus pessoas que os puniriam pela sua corrupção. A última punição foi levada a cabo por Adolf Hitler. Por tudo o que Hitler lhes fez, conseguiu pô-los no lugar que eles merecem.”

E que lugar será esse? pergunto eu. Os campos de concentração, presumo. Estas frases que sugerem que Hitler fez o trabalho de Alá na oratória de Qaradawi, não surgem de um pequeno canto esconso e pouco conhecido do Corão. Pelo contrário, é central na mensagem punitiva aos não-muçulanos com particular destaque para os judeus.

Por outro lado, as televisões em língua árabe, são hoje os equivalentes, na sua disposição arabista militante, às rádios que emitiam em ondas curtas dos anos trinta e quarenta que difundiam a propaganda Nazi.

O trecho acima foi extraído do excelente blog :

http://neuroamante.blogspot.com/2010_06_01_archive.html

O blog indicado tem amplo arquivo de textos e imagens que mostram as ligações entre a visão nacional-socialista alemã (nazista) e sua influência no radicalismo islâmico. Essa influência vem desde o início dos anos 30.

Imagem de : http://freethinker.co.uk/

SECRETÁRIO BRUNO COVAS, REFÉM DO POLITICAMENTE CORRETO?

O jornal Estado de São Paulo publicou entrevista com o deputado Bruno Covas, Secretário do Meio Ambiente de São Paulo, na qual tratou da necessidade de grandes obras de ampliação no Porto de Santos, que ele considera "um gargalo". 

Deve ser dada continuidade ao projeto de ampliação do Porto de Santos?
Sim. É um gargalo muito grande hoje a ampliação do Porto de Santos, sua modernização. A quantidade de caminhoneiros que fica ali esperando para embarcar o contêiner é muito grande.
Mas não dá para fazer isso desrespeitando a legislação ambiental. A gente deve encontrar uma forma de compensação, de garantir a preservação em outros locais.

Por que o zoneamento ecológico-econômico (espécie de ordenamento territorial) na Baixada Santista vem se arrastando há dez anos?
Por que não é fácil colocar no papel o planejamento de uma área que tem a possibilidade de grande expansão com o pré-sal. E a ampliação do porto de Santos é outro tema que acaba dividindo. Algumas áreas, são poucas, fazem com que o processo não se conclua. É prioridade aprovar o zoneamento logo, até para orientar os investidores em que área é possível fazer essa expansão.
Uma das nossas propostas é ampliar o zoneamento ecológico-econômico para todo o Estado de São Paulo, até para ajudar os municípios com seus licenciamentos, sua lei de uso e ocupação do solo. Hoje a gente já tem no litoral norte, tem um projeto para litoral sul e para o Vale do Ribeira.

O senhor pensa em criar novos parques ou áreas de proteção no Estado?
O Instituto Florestal tem estudos em dez áreas do Estado já identificadas para a criação de parques estaduais. Vamos avançar. Até o final deste governo a gente consegue criar novas Unidades de Conservação.

Está em discussão a revisão do Código Florestal. A proposta do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) é criticada por pesquisadores e ambientalistas. Que posição o Estado vai tomar?
Eu me reuni no começo de janeiro com o secretário João Sampaio, da Agricultura, para ver se a gente encontra uma solução conjunta. Se é para escolher um lado, claro que estou do lado dos ambientalistas. Mas eu venho do Parlamento, não dá para deixar de acreditar no debate, no diálogo, na construção de uma saída. A preocupação é válida. Não pode desmatar em nome do desenvolvimento. Mas eu acho que é possível, sim, encontrar saídas que agradem a todos. Seria uma contribuição muito grande para o Brasil se São Paulo conseguisse propor um substitutivo.

COMENTO:

A resposta de Bruno Covas indica que é mesmo um político. Por que ele teria que estar, necessariamente, do lado dos ambientalistas? Eles estão sempre certos? Há muita militância nesse meio e muitos interesses ideológicos.

A pergunta, como foi feita pelo jornal, já condiciona a resposta. Quem quereria ficar contra os ambientalistas e pesquisadores que estão criticando o projeto do Código Florestal, se a imprensa engajada e a militância cravaram no imaginário popular a ideia de que basta alguém dizer que é ambientalista para ser visto como especialista e sempre certo?  O projeto do deputado Aldo rebelo também foi elogiado por muitos setores e especialistas, mas já sofre de uma condenação prévia.

Seria mais interessante ele dizer que está sempre ao lado do melhor para o meio ambiente e para a sociedade. Pode ser que seja o Código Florestal, e não os  ativistas que usam o meio ambiente para fazer luta ideológica contra o capitalismo e as atividades empresariais e agrícolas.

Hoje em dia, diz o jornalista João Pereira Coutinho, "os vermelhos são os verdes" 

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O IMPERIALISMO E A RAPADURA DO RETIRANTE


“Os Estados Unidos precisam usar sua influência para que os golpistas aceitem um acordo”, começou a miar o chanceler Celso Amorim no fim de 2009, depois de descobrir que o governo interino de Honduras não se dispunha a perder tempo com bravatas em mau português. Se o governo americano não tivesse articulado o acordo que restabeleceu a normalidade política no país caribenho, o companheiro Manuel Zelaya ainda estaria hospedado na pensão a que foi reduzida a embaixada brasileira em Tegucigalpa, jogando lenha na fogueira que Hugo Chávez acendeu e Lula alimentou.

A recente conversa entre Antonio Patriota e Hillary Clinton sobre a retirada dos brasileiros em perigo na Líbia atesta que o Planalto gostou tanto da fórmula inaugurada em Honduras que pretende induzir a Casa Branca a engolir uma exótica parceria: o Brasil sempre entra com o problema e os Estados Unidos entram sempre com a solução. Confrontado com a insurreição popular que surpreendeu Muamar Kadafi, Patriota nem sequer sugeriu a Lula que conseguisse do seu “amigo e irmão”, como recitou o então presidente no encontro da União Africana em 2009, autorização para a entrada de embarcações estrangeiras em águas líbias. Tratou de pedir socorro à secretária de Estado do governo Barack Obama.

Sem a ajuda dos Estados Unidos, mais de 600 brasileiros ainda estariam a ver navios no litoral de Tripoli e Benghazi. Mas Obama não vai ouvir de Lula, quando o mais loquaz dos governantes recuperar a voz, um único e escasso tanquiú gaguejado em surdina. Tampouco deve esperar agradecimentos formais do Itamaraty. Nessa parceria à brasileira, o País do Carnaval não só entra sempre com o problema como, entre um socorro e outro, debita na conta de quem o socorreu todos os males e pecados do mundo.

É o que fez a companheirada nos oito anos do que Ricardo Setti batizou de lulalato. É o que sempre fizeram os esquerdopatas que passam a vida sonhando com o extermínio do Grande Satã, mas não conseguiriam viver sem ele. “Nós precisamos do imperialismo norte-americano, assim como um retirante precisa de sua rapadura”, ironizou o grande Nelson Rodrigues em março de 1968. “Ele é a água da nossa sede, o pão da nossa fome, é o nosso gesto, é a nossa retórica. Quem nos justifica e quem nos absolve? O imperialismo”.

No parágrafo seguinte, o cronista previu o que aconteceria “se Deus convocasse as nossas elites, as nossas esquerdas, inclusive a católica; se chamasse os estudantes, se chamasse os escritores e lhes perguntasse: ‘Venham cá. Vocês querem que eu expulse o imperialismo americano?”". Nem pensar, concordariam prontamente os consultados, prontos para a cena descrita por Nelson Rodrigues: ‘”Cairíamos de joelhos, na calçada, soluçando o apelo: ‘Não faça isso, Excelência, não faça isso!’”.

A ÚLTIMA BÚSSOLA

Se as coisas eram assim na metade do século passado, pioraram extraordinariamente com o sumiço das demais referências que orientavam os combatentes da Guerra Fria na frente tropical. De lá para cá, desapareceram a União Soviética, o Muro de Berlim, a Cortina de Ferro, o Pacto de Varsóvia, a China maoísta, o Partidão, até a Albânia. Os guerrilheiros de festim lutam contra a calvície, a moral e os bons costumes. Os revolucionários de passeata atacam cofres públicos e facilitam negociatas de capitalistas selvagens. idel Castro virou garoto-propaganda da Adidas e agoniza numa Cuba em decomposição. A última bússola é o imperialismo ianque.
A hostilidade aos Estados Unidos é o derradeiro traço comum da tribo que junta stalinistas farofeiros, vigaristas cucarachas, bufões bolivarianos, terroristas islâmicos, populistas de bolerão,  criminosos comuns e ditadores africanos de diferentes túnicas e contas bancárias na Suiça. Neste começo de milênio, caso acordassem num mundo sem os Estados Unidos, todos se sentiriam mais órfãos que um Pedro II sem pai nem mãe, sem trono e sem José Bonifácio.

“O tal ódio aos americanos não chega a ser um sentimento, não chega a ser uma paixão. É uma defesa”, diagnosticou Nelson Rodrigues. “O imperialismo é culpado de tudo e nós, de nada”. A acreditar na lengalenga dos que despertam no meio da noite berrando insultos ao Tio Sam, é por culpa da nação que garantiu em duas guerras o triunfo da liberdade sobre o totalitarismo que o Brasil ainda não acabou de vez com a fome, o analfabetismo, a seca do Nordeste, o impaludismo, os naufrágios do Enem, os naufrágios do PAC, a mortalidade infantil, o déficit público, a impunidade dos corruptos e dos assassinos, o desmatamento da Amazônia e a pouca vergonha epidêmica.

É também a Casa Branca que impede a paz planetária, avisa uma vez por semana o assessor presidencial Marco Aurélio Garcia. Enquanto o ministro das Relações Exteriores pedia ajuda a Hillary, o conselheiro para complicações cucarachas agora promovido a chanceler sem Itamaraty tirou do armário a farda e a espingarda de veterano da Guerra Fria, desta vez para fuzilar a ideia, esboçada pelos EUA, de apressar com sanções políticas e econômicas a queda de abjeções como Kadafi.

Inimigo do meu inimigo é meu amigo, acredita Garcia. Se os americanos não gostam dele, então o ditador da Líbia é gente fina. Quem deve ser tratado como tirano psicopata é o presidente da mais vigorosa e admirável democracia da História. Por coerência, o governo brasileiro tem de colocar sob suspeição qualquer figura elogiada por Barack Obama, certo? Errado, ensina o título honorífico que Lula mais aprecia.

Ao ouvir do intérprete servil que o colega americano dissera que era ele “o cara”, o alvo da lisonja deveria ter ficado tão ruborizado quanto uma virgem de antigamente: para merecer um afago da personificação do Mal, algum pecado mortal teria cometido. Que nada. Com um sorriso de candidata a Miss Simpatia, Lula amparou-se na expressão arbitrariamente atribuída a Obama para passar a enxergar no espelho o maior dos pais-da-pátria desde Tomé de Souza.

Há três anos, ele lustra o ego com a mesma gabolice: “Não fui eu quem falou que eu era o cara”. Tem razão. Foi nomeado pelo homem que a tribo acusa de chefiar o imperialismo ianque.

Veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O GRANDE INIMIGO DO OCIDENTE.



DE OLHO NA JIHAD
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011


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O professor que sucedeu ao fundador da Irmandade Muçulmana, Hasan al-Banna, inspirou vários terroristas, mas as suas obras doutrinais também contribuíram para dividir a organização mais poderosa do Egipto depois do Exército. E a sua Ikhwan já não é o movimento radical que ele liderou.

Em Novembro de 1948, quando o rei Farouk ordenou a sua prisão, forçando-o a uma apressada partida para os Estados Unidos, Sayyid Qutb, o ideólogo da Irmandade Muçulmana, interrogava-se: “Devo ir para a América, como qualquer outro estudante com uma bolsa de estudos, que só come e dorme, ou devo ser especial? Devo manter-me fiel aos meus princípios islâmicos, enfrentando muitas tentações pecaminosas, ou devo ser indulgente com essas tentações à minha volta?”

Nesta viagem de Alexandria para Nova Iorque, descrita por Lawrence Wright emAs Torres do Desassossego, o fervoroso nacionalista e anticomunista Qutb nem sequer se considerava muito religioso. Havia muito de “ocidental” na sua maneira de ser e agir – “o vestuário, o gosto pela música clássica e filmes de Hollywood. Lera as obras traduzidas de Darwin e Einstein, Byron e Shelley, e imergira profundamente na Literatura francesa, sobretudo Victor Hugo.”

Em todo o caso, Qutb já se mostrava preocupado com “o avanço da civilização ocidental”, que ele via como uma entidade cultural única. “As distinções entre capitalismo e marxismo, cristianismo e judaísmo, fascismo e democracia eram insignificantes, comparadas com a grande divisão presente na mente de Qutb: o islão no Oriente, de um lado; o Ocidente cristão, do outro”, sublinhou Wright.

De início, a América atraía Qutb, um país que ele considerava “assente em valores” e não nas “noções europeias de superioridade e de classes e raças privilegiadas”, uma nação de imigrantes “permeável a relações com o resto do mundo”, incluindo os árabes. Isso mudou quando o Presidente Henry Truman decidiu apoiar a “causa sionista” e um “lar nacional” para os judeus na Palestina.

Quando Qutb seguia para Nova Iorque, o seu Egipto e outros países árabes estavam na fase final de uma guerra que perderam e estabeleceu o Estado de Israel, em 1948. “Odeio e desprezo todos esses ocidentais”, escreveu Qutb. “Todos eles, sem excepção, os ingleses, os holandeses e, também, os americanos, em quem tantos confiavam.”

Qutb era um solteirão casto e conservador. Tinha três irmãs mas a única mulher que realmente o influenciou foi a sua mãe, Fatima, analfabeta e devota que se sacrificou pela formação académica do filho. O pai morrera em 1933 quando Qutb tinha 27 anos. Para sustentar a família, deu aulas em várias escolas provinciais, até se mudar para Helwan, um bairro próspero do Cairo para onde todos foram viver.

Deixar o aconchego do lar acentuou o sentimento de isolamento e solidão de Qutb (expresso em várias cartas a amigos) quando ele se mudou para Nova Iorque e depois Washington (onde estudou Inglês no Wilson Teachers College) e Greeley/Colorado.

A sua chegada coincidiu com a publicação do relatório “Sexual Behavior in the Human Male”, de Alfred Kinsey, um documento repleto de estatísticas que chocaram a própria sociedade norte-americana. Kinsey revelava, por exemplo, que 69 por cento dos homens confessaram ter pago sexo com prostitutas e 37 por cento admitiram ter mantido relações homossexuais.

Para Qutb, esta imagem de um “país lascivo”, combinada com a de um “país racista”, que discriminava os negros e os “homens de cor” como ele, reforçou o seu cada vez maior fundamentalismo religioso. Em Fevereiro de 1949, quando Qutb foi internado no Hospital da Universidade de George Washington para extrair as amígdalas, os noticiários davam conta da morte de Hasan al-Banna, o carismático fundador da Sociedade dos Irmãos Muçulmanos (al-Ikhwan al-Muslimun), mais conhecida como Irmandade (al-ikhwān).

Foi um “choque profundo” para Qutb, ainda nunca que nunca tivesse sido membro da confraria nem conhecesse, pessoalmente, al-Banna, mas ambos frequentaram a mesma escola de formação de professores, em épocas diferentes, e admiravam-se mutuamente.

“A voz de Banna foi silenciada quando ‘Justiça Social no Islão’, da autoria de Qutb, estava a ser publicado – o livro que lhe daria a reputação de importante pensador islâmico”, realçou Wright. A morte de al-Banna representou um ponto de viragem. A 20 de Agosto de 1950, Qutb regressou ao Egipto para assumir a liderança da Irmandade e reforçar a estrutura de células clandestinas, “difíceis de detectar e impossíveis de erradicar”, envolvida numa série de ataques e homicídios. Em Julho de 1952, os Oficiais Livres, de Gamal Abdel Nasser, derrubaram a monarquia e Qutb escreveu uma carta aos novos dirigentes pedindo a instauração de uma “ditadura justa”.

Nasser convidou Qutb para conselheiro do Conselho do Comando Revolucionário, mas ele recusou. Também declinou ser ministro da Educação ou director-geral da Rádio do Cairo. Nasser queria um regime militar, socialista, secular, industrializado e pan-árabe; Qutb queria “mudar a sociedade da base ao topo, impondo valores islâmicos em todos os aspectos da vida, através da aplicação rigorosa da ‘Shariah’ – menos que isto não era islão”.

A única coisa de comum entre ambos, sublinhou Wright, “era a grandeza das visões respectivas”. Qutb foi preso por ordem de Nasser, pela primeira vez, em 1954, mas foi libertado, três meses depois, e foi editar a revista da Irmandade, “al-Ikhwan al-Muslimun”. Os seus artigos críticos enfureceram Nasser e, em 1954, a revista foi encerrada. A “guerra ideológica” entre os dois atingiu o pico na noite de 26 de Outubro de 1954 quando Nasser foi ferido a tiro, por um activista da Irmandade, no momento em que discursava perante uma multidão concentrada numa praça pública em Alexandria.

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Ao sobreviver, Nasser tornou-se herói e Qutb um mártir. Foi preso e torturado na prisão, mas foi também aqui, sofrendo de tuberculose, pneumonia e bronquite, que escreveu cinco das suas oito obras doutrinais. A mais importante foi “Ma’alim fia l-Tariq”, divulgada e traduzida no exterior, depois de sair, folha a folha, clandestinamente, da sua cela numa enfermaria. Aquele livro foi a única prova apresentada em tribunal para o condenar à morte, em 19 de Abril de 1966.
Ao ouvir o veredicto, Qutb exclamou: “Graças a Deus. Fiz a 'jihad' durante 15 anos e mereci este martírio.” As ruas do Cairo encheram-se de manifestantes, em protestos contra a iminente execução. Nasser enviou o seu vice-presidente, Anwar el-Sadat, ao hospital prisional onde Qutb estava internado, para o convencer a recorrer da sentença. Prometeram-lhe que seria perdoado, e até promovido a ministro da Educação. Uma irmã de Qutb pediu-lhe que cedesse. Ele recusou, e justificou: “As minhas palavras serão mais fortes se eles me matarem.”

Em 29 de Agosto de 1996, Qutb foi enforcado após a primeira oração matinal. O seu corpo não foi entregue à família, porque as autoridades temiam que o túmulo se tornasse centro de peregrinação. A "jihad" de Qutb não terminaria, porém, nessa alvorada.

(Dados extraídos do “Novo Dicionário do Islão”, de Margarida Santos Lopes, Ed. Oficina do Livro)

A CIÊNCIA DA FELICIDADE AINDA ACABARÁ COM A FELICIDADE.

Extraído do blog Bootlead:  http://bootlead.blogspot.com/

Tuesday, February 22, 2011


"Ser ou não ser, eis a questão"




Ilustração by Bootlead
  

A alegria é um produto de mercado
por Arnaldo Jabor

Está chegando o carnaval. Antigamente o carnaval vinha aos poucos, com as cigarras e o imenso verão, com as marchinhas de rádio que aprendíamos a cantar. Hoje, o carnaval se anuncia como um prenúncio de calamidade pública, uma "selva de epiléticos", com massas se esmagando para provar nossa felicidade. A alegria natural do brasileiro foi transformada em produto.

Hoje em dia é proibido sofrer. Temos de "funcionar", temos de rir, de gozar, de ser belos, magros, chiques, tesudos, em suma, temos de ter "qualidade total", como os produtos. Para isso, há o Prozac, o Viagra, os "uppers", os "downers", senão nos encostam como mercadorias depreciadas.

O bode pós-moderno vem da insatisfação de estar aquém da felicidade prometida pela propaganda. É impossível ser feliz como nos anúncios de margarina, é impossível ser sexy como nos comerciais de cerveja. Ninguém quer ser "sujeito", com limites, angústias; homens e mulheres querem ser mercadorias sedutoras, como BMWs, Ninjas Kawasaki. E aí, toma choque, toma pílula, toma tarja preta. Só nos resta essa felicidade vagabunda fetichizada em êxtases volúveis, famas de 15 minutos, "fast fucks", "raves" sem rumo.

A infelicidade de hoje é dissimulada pela alegria obrigatória. "A depressão não é comercial", lamentou um costureiro gay à beira do suicídio, mas que tinha de sorrir sempre, para não perder a freguesia.

O mercado nos satisfaz com rapidez sinistra: a voracidade, a tesão, o amor. E pensamos: Eu posso escolher o filme ou música que quiser, mas, nessa aparente liberdade, "quem" me pergunta o que eu quero? A interatividade é uma falsificação da liberdade, pois ignora meu direito de nada querer. Eu não quero nada. Não quero comprar nada, não quero saber nada, quero ficar deprimido em paz.

Acho que a depressão tem grande importância para a sabedoria; sem algum desencanto com a vida, sem um ceticismo crítico, ninguém chega a uma reflexão decente. O bobo alegre não filosofa pois, mesmo para louvar a alegria, é preciso incluir o gosto da tragédia. No pós-guerra, tivemos o existencialismo, a literatura com gênios como Beckett e Camus ou o teatro do absurdo, o homem entre o sim e o não, entre a vida e o nada.

Estava neste ponto do artigo, quando me chegou às mãos um artigo chamado Elogio da Melancolia, de Eric G. Wilson, da Universidade de Wake Forest. Veio a calhar. Com destreza acadêmica, ele aprofunda meus conceitos. Ele escreve:

"Estamos aniquilando a melancolia. Inventaram a ciência da felicidade. Livros de autoajuda, pílulas da alegria, tudo cria um "admirável mundo novo" sem bodes, felicidade sem penas. Isto é perigoso, pois anula uma parte essencial da vida: a tristeza."

Ele continua:

"Não sou contra a alegria em geral, claro... Nem romantizo a depressão clínica, que exige tratamento. Mas, sinto que somos inebriados pela moda americana de felicidade. Podemos crer que estamos levando ótimas vidas livres, quando nos comportamos artificialmente como robôs, caindo no conto dos desgastados comportamentos "felizes", nas convenções do contentamento. Enganados, perdemos o espantoso mistério do cosmo, sua treva luminosa, sua terrível beleza. O sonho americano de felicidade pode ser um pesadelo. O poeta John Keats morreu tuberculoso, em meio a brutais tragédias, mas nunca denunciou a vida. Transformou a desgraça em uma fonte vital de beleza. As coisas são belas, porque morrem – ele clamava. A rosa de porcelana não é tão bela como aquela que desmaia e fenece."

Li também num texto de Adauto Novaes uma citação de Paul Valéry: "O que seria de nós sem o socorro do que não existe? Se uma sociedade elimina tudo que é vago ou irracional para entregar-se ao mensurável e ao verificável, ela poderia sobreviver? (...) tudo o que sabemos e tudo que podemos hoje acabou por opor-se ao que somos. A ordem exige a ação de presença de coisas ausentes".

Ou seja – digo eu –, o que seria de nós sem as coisas vagas com que podemos sonhar?

A resposta a isso eu encontrei num texto de Vargas Llosa publicado no El País: "Palavras como "espírito, ideais, prazer, amor, solidariedade, arte, criação, alma, transcendência" significam ainda alguma coisa? (...) Antes, a razão de ser da cultura era dar resposta a esse tipo de perguntas, porém o que hoje entendemos por cultura está esvaziada por completo de semelhante responsabilidade. Hoje o que chamamos de cultura é um mecanismo que nos permite ignorar assuntos problemáticos; é uma forma de diversão ligeira para o grande público esquecer-se do que é sério, como uma fileira de cocaína ou férias de irrealidade."

Aliás, este é o grande sonho do mercado: a satisfação completa do freguês. No entanto, a melancolia, a consciência do tempo finito é o lugar de onde se contempla a beleza. Há uma conexão entre tristeza, beleza e morte. Só o melancólico cria a arte e pode celebrar a experiência do transitório resplendor da vida. A melancolia, longe de ser uma doença, é quase um convite milagroso para transcender a banalidade cotidiana e imaginar inéditas possibilidades de existência. Sem a melancolia, a terra congelaria num estado fixo. Mas se permitimos que a melancolia floresça no coração, o universo, antes inanimado, ganha vida, subitamente. Regras finitas dissolvem-se diante de infinitas possibilidades. Mas, por que não aceitamos isso? Por que continuamos a desejar o inferno da satisfação total, a felicidade plena?

Por medo. Escondemo-nos atrás de sorrisos tensos porque temos medo de encarar a complexidade do mundo, seu mistério impreciso, suas terríveis belezas. Usamos uma máscara falsa, um disfarce para nos proteger deste abismo da existência. Mas, este abismo é nossa salvação. A aceitação do incompleto é um chamado à vida. A fragmentação é liberdade. É isso aí, bichos – como se dizia em tempos analógicos.



E-mail: a.j.producao@uol.com.br
Publicado no jornal "O Estado de S.Paulo" – (Cultura).
Terça-Feira, 22 de fevereiro de 2011.

COMO AGE UM PROFESSOR MOLESTADOR INTELECTUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Você pode estar sendo molestado doutrinariamente quando seu professor:
- se desvia freqüentemente da matéria objeto da disciplina para assuntos relacionados ao noticiário político ou internacional;
;- adota ou indica livros, publicações e autores identificados com determinada corrente ideológica;
 impõe a leitura de textos que mostram apenas um dos lados de questões controvertidas;
- exibe aos alunos obras de arte de conteúdo político-ideológico, submetendo-as à discussão em sala de aula, sem fornecer os instrumentos necessários à descompactação da mensagem veiculada e sem dar tempo aos alunos para refletir sobre o seu conteúdo;
- ridiculariza gratuitamente ou desqualifica crenças religiosas ou convicções políticas;
- ridiculariza, desqualifica ou difama personalidades históricas, políticas ou religiosas;
- pressiona os alunos a expressar determinados pontos de vista em seus trabalhos;
- alicia alunos para participar de manifestações, atos públicos, passeatas, etc.;
- permite que a convicção política ou religiosa dos alunos interfira positiva ou negativamente em suas notas;
- encaminha o debate de qualquer assunto controvertido para conclusões que necessariamente favoreçam os pontos de vista de determinada corrente de pensamento;
- não só não esconde, como divulga e faz propaganda de suas preferências e antipatias políticas e ideológicas;
- omite ou minimiza fatos desabonadores da corrente político-ideológida de sua preferência;
- transmite aos alunos a impressão de que o mundo da política se divide entre os “do bem” e os “do mal”;
- não admite a mera possibilidade de que o “outro lado” possa ter alguma razão;
- promove uma atmosfera de intimidação em sala de aula, não permitindo, ou desencorajando a manifestação de pontos de vista discordantes dos seus;
- não impede que tal atmosfera seja criada pela ação de outros alunos.
Orientações extraídas do site Escolas sem Partido:  http://www.escolasempartido.org/

PODEM ESTAR MOLESTANDO SEU FILHO NA ESCOLA. A pregação ideológica é um tipo grave de molestação.

Leiam este artigo com atenção.
O trabalho de estupradores e molestadores ideológicos está espalhado pelo Brasil.
Acessem o site Escolas sem Partido e tirem suas conclusões.
Não deixem seus filhos nas mãos de quem quer fazer deles um mero instrumento para transformar o mundo. Poderão transformá-lo num idiota, num delinquente, ou, na pior hipótese, num morto.
Mais tarde voltarei ao assunto.
Leiam, também, o que Reinaldo Azevedo tem postado a respeito da campanha pelo preço das passagens em São Paulo, para entender como funciona a manipulação e a molestação dos jovens. 



Política Partidária e Ideologia na Educação
Por Ignez Martins Tollini

Ao olharmos o Brasil e o mundo vemos que existem diferenças entre países, no que diz respeito a intervenções da política partidária e da ideologia na área da educação. Em paises de origem anglo-saxônica, tais como a Inglaterra e os Estados Unidos da América e paises de origem germânica, tais como a Holanda Alemanha e Áustria, tradicionalmente existe uma consciência, e até militância por parte dos alunos, que seja importante deixar a doutrinação político-partidária e ideológica fora da universidade. Professores não fazem proselitismo em sala de aula, se houver é em dose mínima e os alunos reagem. Há que se notar o período de exceção na Alemanha e Áustria, quando tais países estavam sob o terrível domínio de Hiltler. Países asiáticos, como o Japão, a Coréia do Sul e a Índia também adotam o princípio da não intervenção da política do Estado e de sua ideologia na educação. É importante ressaltar a Coréia do Sul por representar um caso de grande sucesso educacional movido pelo esforço de mudança. Suas antigas práticas educacionais foram substituídas por noções alinhadas com idéias democráticas traduzidas em ações de busca de excelência na educação do povo. É também notável o caso da Índia que, apesar de sua enorme população e as diferenças econômicas entre suas castas, vem preparando profissionais, principalmente nas áreas de ciências exatas, de reconhecida competência internacional.

Cabe também considerar a situação da antiga União Soviética. Alguns anos antes da abertura daquela região para o mundo estivemos na cidade de Minsk, local onde nasceu Lênin e se tornou o berço do comunismo na Bielorússia. Tivemos a oportunidade de visitar uma escola de ensino fundamental na qual a professora mostrava aos alunos fotografias da guerra entre aquele país e a Alemanha, antiga inimiga da União Soviética. Retratos de Lênin estavam em todas as salas da escola, inclusive no banheiro. Tudo que ali vimos fortalece a idéia da educação como área propícia para doutrinação político partidária e ideológica. Paises de regimes autoritários, sejam da esquerda ou da direita, sempre confirmaram esta noção. Em universidades de alguns paises europeus de origem latina, tais como a Espanha, Portugal e especialmente a França e a Itália, existe claro ativismo ideológico, principalmente nas suas faculdades voltadas para as ciências sociais. Observamos esta tendência na Itália quando tivemos contatos, em razão de uma pesquisa, com uma universidade de Roma.

Na América Latina, com exceção de Cuba, é notável o número de greves de professores, tanto nas escolas de ensino básico como nas universidades públicas. Nos moldes da antiga União Soviética, Cuba sempre deu grande importância à educação em geral com ênfase nas áreas de saúde e esportes. Como é de se esperar, o pensamento único marxista parece ter contagiado a maioria dos estudantes daquele país. Dizemos “parece” após o que ouvimos de uma jovem brasileira estudante em Cuba. Tal jovem nos contou que os estudantes cubanos de sua faculdade estão fartos do Estado comunista autoritário e esperam com ansiedade a “contra revolução”. Mencionou, também, que a situação da sociedade naquele país está insustentável, pois a repressão continua sendo total.

Finalmente, uma visão mais detalhada do caso educacional do Brasil mostra a necessidade que professores se decidam a discutir, de modo franco e aberto, tanto nas escolas de ensino básico como nas universidades, o significado da presença da política partidária e sua ideologia na educação. A intervenção de política partidária e de ideologia nas instituições educacionais pode trazer graves conseqüências para a formação de cidadãos pensantes livres, pela possibilidade de criar barreiras para que alunos e professores exponham seus próprios pensamentos ou para que debatam suas idéias com colegas. Por sua vez, isto pode levar à instalação do pensamento único, algo que contradiz o próprio significado de escola e de universidade. Se tal acontece, a democracia, como um bem da nação brasileira, passa a ser seriamente prejudicada pela própria educação pública que deveria exaltá-la.

Ignez Martins Tollini, Mestre em Educação Brasileira, Universidade de Brasília, Master of Sciences in Education, Purdue University, Estados Unidos da América, Ph.D in Education University of London, Inglaterra.

Extraído do site:  Escolas sem Partido:  http://www.escolasempartido.org/

ESQUERDISTAS, AGORA, LUTAM PELA LIBERDADE? Já se esqueceram de Neda Soltan?


A esquerda protestou contra a morte de Neda Agha Soltan nas mãos dos pit-bulls de Ahmadinejad?
http://www.hyscience.com/archives/2009/06/guardian_neda_s.php
 Um ano depois do suicídio reacionário
Transformados em freedom fighters da noite pro dia, os esquerdistas agora querem derrubar ditadores do Oriente Médio, mas não todos. Ahmadinejad, por exemplo, pode ficar sossegado.

Finalmente o PT lançou uma nota de solidariedade aos iranianos que foram protestar nas ruas contra o regime de Mahmoud Ahmadinejad: "O Partido dos Trabalhadores saúda o povo egípcio e presta total solidariedade à luta dos povos árabes e de toda a região contra governos ditatoriais, corruptos e violadores dos direitos humanos. Ao cabo de dezoito dias de luta nas ruas de Cairo e outras cidades do Egito, seu povo - jovens, estudantes, trabalhadores, funcionários, classe média -, defendendo as bandeiras de pão, emprego, justiça social, progresso, liberdade e democracia, derrubou o regime antipopular e ditatorial de Hosni Mubarak".

Perdão. Embaralhei os papéis e transcrevi a nota do PT dedicada aos egípcios. Agora sim segue a mensagem dos petistas ao povo do Irã: "O PT se une aos que desejam que as esperanças que iluminaram as mentes e os corações dos milhões de manifestantes que lotaram as praças, enfrentando a repressão policial e toda sorte de dificuldades, não sejam confiscadas nem traídas, e que a voz do povo se faça ouvir, interna e internacionalmente".

Na verdade, essa ainda é a mensagem dedicada ao Egito. Procurei uma nota do PT simpática aos iranianos e não encontrei. Transformados em freedom fighters da noite pro dia, os esquerdistas agora querem derrubar ditadores do Oriente Médio, mas não todos. Ahmadinejad, por exemplo, pode ficar sossegado. Como em 2009, os rebeldes pacíficos do Irã serão presos ou executados sem que a esquerda espalhe correntes de solidariedade às vítimas. O assunto só interessa aos iranianos, como nos ensinou Lula, o sujeito que considera Muamar Kadafi "meu amigo, meu irmão e líder" (01/07/2009).

Já a questão egípcia transcende fronteiras, pois a Irmandade Muçulmana pode chegar ao poder, incrementar o bloco terrorista antiamericano, romper 31 anos de paz com Israel e juntar-se a Ahmadinejad e companhia na guerra à única democracia do Oriente Médio - ou, no linguajar da esquerda, promover um governo verdadeiramente progressista. Para o PT, Israel comete terrorismo ao não cometer suicídio ante o terrorismo islâmico, e a reação israelense a oito anos de foguetes do Hamas equivale às práticas do regime nacional-socialista. É a mesma opinião de Ahmadinejad, que financia o Hamas e de quem Lula é assessor em assuntos atômicos.

Ontem fez um ano da morte de Orlando Zapata. Na ânsia de trair o comunismo cubano, ele dirigiu-se a uma cela, ficou lá alguns anos, parou de comer e maquiavelicamente deixou-se morrer, bem quando Lula visitava os irmãos Castro. Duas semanas depois do suicídio reacionário de Zapata, o grande timoneiro petista igualou os presos políticos cubanos aos bandidos de São Paulo. Escute a lição: "Eu penso que a greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos para libertar pessoas. Imagina se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade. Temos que respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano". Sobre o Egito, Lula disse que "água mole em pedra dura tanto bate até que fura". No Irã e em Cuba, a depender de Lula, nunca vai furar.
Bruno Pontes é jornalista - http://brunopontes.blogspot.com/
extraído do site: http://www.midiasemmascara.org/artigos/