Pesquisar este blog

sexta-feira, 16 de março de 2012

GERALDA, A MULHER SEM ROSTO; GABRIELA, A MENINA DO HOPI HARI E GRAZIELLA, A GAROTINHA ATROPELADA POR JET SKI. EM BERTIOGA. Ou, o trabalho da Imprensa, as investigações policiais e o interesse público: como acabarão esses casos?


PS – ATUALIZADO ÀS 16h50 DE  9 DE MAIO DE 2012.


A imprensa informa que  o Ministério Público de São Paulo apresentou nesta quarta-feira (9), em Campinas, denúncia de homicídio culposo (sem intenção de matar) contra 2 pessoas pela morte da adolescente Gabriela Nishimura, de 14 anos de idade, no parque de diversões Hopi Hari (Vinhedo). Ela morreu no dia 24 de fevereiro deste ano ao cair do brinquedo "La Tour Eiffel", de uma altura estimada de 30 metros.

Os nomes dos denunciados à Justiça Criminal foram divulgados em coletiva pelo promotor criminal de Vinhedo, Rogério Sanches, e incluem quatro diretores do parque: o presidente do Hopi Hari, Armando Pereira Filho e os diretores Flávio da Silva Perreira, Fábio Ferreira da Silva e Stefan Fridoloin.

Foram denunciados também oito funcionários dos setores de operação e manutenção dos brinquedos: Marcos Antonio Leal, Vitor Igor Spinucci de Oliveira, Amanda Cristina Amador, Edson da Silva, Lucas Martins Figueiredo, Adriano Cesar de Souza, Luiz Carlos Pereira de Sousa e Juliano Ambrósio. Caso sejam condenados, poderão ter pena de um a três anos de prisão.

À lista dos indiciados dos que haviam sido inicialmente indiciados pela Policia, o MP acrescentou três pessoas --Amanda Cristina Amador Flávio da Silva Perreira e Fábio Ferreira da Silva-- e não denunciou Claudio Luis Pinheiro Guimarães (vice-presidente) e Rodolfo Rocha de Aguiar Santos (técnico em eletrônica), que estavam entre os indiciados.

No último dia 27, o delegado que indiciou o grupo, Álvaro Santucci Junior, declarara que os responsáveis pela morte da menina haviam sido “negligentes, relapsos, omissos e imprudentes”.

Gabriela foi entregue às mãos de Deus, os indiciados deverão, agora, ser julgados pela Justiça dos homens.   



Uma coisa que intriga as pessoas é saber por que razão as informações sobre alguns fatos que foram noticiados com destaque pela imprensa desaparecem depois de algum tempo.

Na realidade, não há nada muito estranho nisso: é que surgem novos casos que ganham destaque, chamam a atenção do público, e passam a ocupar o espaço e o tempo dos meios de comunicação por alguns dias, até que outros fatos aconteçam.

Alguns criticam o modo como os meios tratam certos assuntos, destacando que a linguagem, às vezes, é exagerada, chamada de sensacionalista. 

Outros vão além e pregam a censura ou as limitações à liberdade de imprensa ou de expressão, em nome de causas obscuras, às vezes chamadas de interesse público, ou por outras razões.

Importância da liberdade de imprensa.

Vou procurar demonstrar a importância da liberdade de expressão por meio do uso de casos comuns do noticiário. Tomarei o exemplo das notícias relativas à morte estranha e violenta da senhora Geralda Guabiraba, de 54 anos, em Mairiporã, a qual mataram e ainda tiraram a pele do rosto e os olhos!; a morte absolutamente absurda da jovem Gabriela Nishimura, que despencou de uma cadeira do brinquedo Torre Eifell, no Hopi Hari, por evidente negligência do parque; e a morte inusitada da menininha Grazielli Lanes, de 3 anos, que morreu atropelada por um jet-ski, na areia da praia!         

Evidentemente os meios de comunicação jornalísticos trabalham com dois critérios necessários: escolhem notícias que possam interessar ao maior número de pessoas e, ao mesmo tempo, selecionam aquilo que julgam importante ao público saber.

Geralda Guabiraba

Uma pergunta que permanece sem resposta há mais de dois meses: quem matou a senhora Geralda Guabiraba? E outras: por quê ela morreu do modo que morreu? Foi um crime encomendado? Foi um crime de natureza passional? Foi um mero azar? Foi um ritual de magia negra?

Provavelmente algumas dessas perguntas, ou todas elas, ficarão sem resposta por um bom tempo, pois, desde os primeiros dias do início do inquérito, a delegada de Mairiporã, Cláudia Patrícia Dalvia, pediu à Justiça que decretasse que o inquérito seguisse sob segredo de Justiça.

Qual o motivo disso? Provavelmente a delegada considerou que a exposição de detalhes do caso fossem penosos à família de Dona Geralda. Concordo que ler detalhes sobre como a pessoa foi morta pode chocar os familiares, assim como a exposição de informações que revelaram que dona Geralda andava depressiva, que, segundo uma amiga, havia sido internada em 2011 em uma clínica psiquiátrica para tratamento de depressão.
Mas a imprensa também noticiou que, nos últimos dois anos mais duas pessoas foram assassinadas de modo não muito diferente ao de dona Geralda, com a pele do rosto arrancada também. Há um assassino serial à solta? Há uma seita que escolhe alguém para matar em algum ritual secreto?

Essas questões são de interesse coletivo, pois trata-se de segurança pública.

Com a decretação do sigilo judicial, não ficamos sabendo quem está sendo chamado para depor e se há algum suspeito próximo a ela. Claro que são detalhes do inquérito e que nem tudo deve ser revelado instantâneamente porque as investigações podem ser atrapalhadas. O que ficamos sabendo pelo noticiário?

Que dona Geralda saiu de casa e deixou jóias e documentos em casa, parecendo ir encontrar-se com alguém conhecido. Que ao sair da garagem seu carro foi seguido por dois ou três veículos, o que se confirma pelas gravações das câmaras de rua. Que um dos carros periciados pela policia pertencia a uma ordem religiosa ligada à paróquia a qual ela freqüentava, e que o padre foi chamado a depor, àquela altura, por duas vezes, a segunda dela, ao que se soube, acompanhado por um advogado.

Uma amiga dela declarou à policia que Geralda havia confessado que precisa lhe contar algo importante, e que a amiga poderia se decepcionar com ela Geralda, e que isso se relacionava ao padre. Apenas isso. Claro que a partir daí não é possível concluir nada, mas pode-se supor muitas coisas. Quando não há informação segura vinda das fontes, não se pode inventar, mas surgem, inevitavelmente, especulações.
Quanto mais informações seguras sobre um caso, menos boatos.

A imprensa não pode inventar uma história, mas o inquérito precisa checar todos os pontos obscuros para que não restem dúvidas sobre todos os supostos envolvidos ou testemunhas. Afinal, o que uma senhora casada, de 54 anos, beata, reconhecidamente boa, caridosa, dedicada aos pobres, poderia ter feito de errado o suficiente para uma sua amiga perder a admiração por ela? Sendo Geralda católica tradicional deveria levar os pecados a sério. Qual pecado poderia estar corroendo a sua alma?

Creio que detalhes escabrosos dos casos não nos interessam, mas a policia precisa informar se o inquérito acabou, se há culpados ou se a investigação receberá o carimbo de caso insolúvel, ficado empoeirado nas prateleiras da História. Geralda morreu na madrugada do dia 14 de janeiro e, até agora, nada mais foi divulgado sobre o caso.

Gabriela Nishimura

O trágico caso da garota Gabriela destaca, por si só, a importância da liberdade de circulação de informações e liberdade de imprensa. Inicialmente a notícia é a de que a menina caiu da altura de 25 ou 30 metros da cadeira de um brinquedo do Hopi Hari.
Alguns dias após algumas desinformações e aparentes contradições foi ficando claro que a vítima não poderia ter sido ela própria a culpada pela sua própria morte.

Isso não foi sugerido em nenhum lugar, mas poderia ser  uma leitura dos fatos conforme as matérias. Inicialmente nada haveria de errado com as cadeiras. Nem com a manutenção, nem com a vigilância sobre a manutenção. Então, como a menina caiu e morreu?

Vimos, então, que a perícia poderia ter sido levada a examinar a cadeira errada, que não tinha defeitos; que funcionários responsáveis pelo brinquedo teriam comunicado aos superiores um problema no dia em que Gabriela morreu e que a informação não teria gerado nenhuma atitude da chefia, etc. Em suma, isso colocava em linha de tiro a própria cadeia de comando do parque.

Isto verificado, e com a publicação de uma foto em que Gabriela aparecia em outra cadeira, não a examinada, as coisas mudaram de rumo e o caso ganhou outro contorno. A promotoria pública pediu o fechamento do parque por alguns dias examinar outros brinquedos e checar a rotina de manutenção dos brinquedos. Afinal, muitos deles, se operarem com defeito. poderão provocar a morte de usuários.

Claro que o Hopi Hari aceitou a vistoria. Nem poderia ser de outro modo, pois está em risco a imagem institucional do parque, que depende da confiança de milhares de usuários.

Assim, as matérias publicadas pela imprensa com detalhes dados por testemunhas ajuda, de algum modo a obtenção da verdade, e tranqüiliza o público sobre o trabalho das autoridades. Será preciso evitar a morte de outras gabrielas.

Graziella Lanes

O caso da pequena Gabriela é bom exemplo da necessidade da vigilância da imprensa. A menina estava na praia, na faixa de areia com sua mãe, quando foi violentamente atropelada por um  jet-ski que saiu do mar, em velocidade.

No início as coisas ficaram meio confusas, porque ninguém sabia ao certo se o jet-ski
era pilotado por alguém ou não. Claro que, para mim, essa dúvida é meio tola. Afinal, com ou sem piloto a menina morreu, e não pode ser atribuída a ela a culpa da própria morte! Só faltava alguém acabar dizendo: “o que fazia ela ali na beira d´água?”

As coisas acabaram ficam um pouco estranhas, perante a Opinião Pública, quando o delegado de Bertioga, que conduziu as investigações, disse à imprensa que não haveria nenhum adulto indiciado no caso, sendo responsabilizado apenas o garoto de 13 anos que teria ligado o jet-ski.

A família da menina ficou profundamente abalada e revoltada com as declarações do delegado. Creio que com toda a razão. Afinal, como o garoto teve acesso ao jet-ski?
Tanto a solução pareceu um pouco inadequada que o delegado seccional chamou o caso de Bertioga para Santos, onde haveriam mais recursos para averiguar melhor o caso.

Questões expostas nas matérias:

O garoto visitava uma casa em Guaratuba, com sua mãe;
o jet-ski pertence ao filho do dono da casa da família visitada;
um funcionário da casa levou o jet-ski até à praia;
alguém teria emprestado o aparelho para o garoto de 13 anos?,
o jet-ski estava na praia com a chave no contato?;
o menino “furtou” o jet-ski para umas voltinhas?;

Penso que dificilmente possa ser atribuída toda a responsabilidade pelo episódio ao menino. Ele deve ser responsabilizado, pois assim é a vida. O que não estaria correto e seria aviltante, indigno e covarde, é que adultos, por acaso responsáveis, acabassem se escondendo atrás de um menino de 13 anos, pois ele é praticamente um inimputável.

Sou solidário à família de Grazielli. O caso não parece poder ser classificado apenas como uma fatalidade. Aquele jet-ski estava onde não deveria estar, com a chave no contato. Qual a razão dele ter sido tirado da garagem?

Uma coisa é certa. A sua vida de volta Grazielli não terá mais. 

PS:
Pessoas que tiveram acesso a imagens do rosto desfigurado de dona Geralda, ou do corpo ferido ou do rosto de Gabriela e publicaram as fotos, essas sim, foram impiedosas e nem nada ajudam a investigação dos fatos. A polícia está investigando quem vazou as imagens e quem as publicou.

Imagens reproduzidas de álbuns de família. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário