Pesquisar este blog

domingo, 7 de julho de 2013

ANALISANDO DE FORMA NÃO CONCLUSIVA A ANÁLISE NÃO CONCLUSIVA DO DEPUTADO MARCUS PESTANA (PSDB-MG)




Alguns dias após o início das manifestações em todo o Brasil o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) emitiu uma análise, que considerou provisória sobre os episódios. É razoável, mas mostra como pensam os políticos e como se equivocam em alguns aspectos sobre o que está acontecendo. 

A principal omissão de sua análise é que parece aceitar que as pessoas queiram mais e mais direitos e menos corrupção, mas ele não questiona o fato do Estado avançar sobre a vida das pessoas. Uma segurança que custará a iberdade dos cidadãos. Sim,queremos melhor educação, melhor saúde e melhor transporte, mas menos estado intrometendo-se na nossa vida privada, na vida da família, nas nossas escolhas.

Tais questões nem são colocadas. Aceita-se como natural um estado protetor (típico do Wellfare), mas que cobra o pedágio sobre a nossa liberdade.

Gutenberg J.

 xxxxx

Os mascarados "pacíficos"

 Por Marcus Pestana (azul) - o blog (vermelho) 

Ainda não é possível antever a intensidade das mobilizações de rua no futuro próximo. Mas uma coisa é certa, o Brasil não será mais o mesmo. Em meio a perplexidades e temores despertados, algumas conclusões preliminares são possíveis:

1) As redes sociais vieram para ficar. No Brasil, ainda parecia distante da realidade o protagonismo do Facebook ou do Twitter na vida social e política.

Esta parece ser uma ilusão do deputado sobre o “poder” das redes, a mesma ilusão que alimentou os propagandistas da chamada Primavera Árabe; não foram as redes que produziram a Primavera, foi a insatisfação do povo com a realidade econômica, política e religiosa daqueles países; mais uma indução de bastidores encorajando os movimentos para que movimentos radicais religiosos lucrassem ao final. O mesmo se deu no Brasil. Nada começou de forma espontânea, e não foi por acaso que tudo começou pelo Estado de São Paulo, o alvo predileto dos petistas e suas extensões radicais de esquerda.

2) Índices de popularidade e aprovação de governo são provisórios e relativos. As manifestações mostraram que nem tudo vai bem, nem tudo é céu de brigadeiro, ao contrário da propaganda apologética e unilateral do governo.

Como nem tudo vai bem em diversos campos, a população impactada pelo primeiro movimento em São Paulo foi à rua em vários estados, por uma forma de comportamento mimético, de forma difusa, vaga, imprecisa. Não havia um alvo específico, como no caso da redução das tarifas aumentadas por Fernando Haddad. Os brasileiros, no geral, agiram como se tivessem sofrido uma série de espasmos incontroláveis. As cenas de violência e destruição, ao contrário do que todos imaginam, não foram gratuitas e coisas de vândalos isolados.

3) Instituições e lideranças são movidas pela intensidade da participação social. Todos se movimentaram em resposta às ruas. Dilma tentou recuperar a iniciativa política, vestindo o figurino de estadista, coisa que não fez em dois anos e meio de governo, gerando vácuo de liderança e utopia. O Congresso derrotou a PEC 37, caracterizou como crime hediondo a corrupção e destinou os royalties para educação e saúde. O Supremo decretou a prisão de um deputado federal.

Neste caso, as  autoridades mostraram total despreparo quando sob pressão violenta. Se as passeatas e marchas fossem desde o início pacíficas, dentro dos roteiros autorizados, não teria havido violência. Sem a violência as autoridades não teriam cedido de imediato às exigências. A violência fazia parte de um plano, não foi coisa de vândalos isolados. Quem entende um mínimo de ações de terror (basta ler o Mini Manual de Guerrilha Urbana do Carlos Marighela) saberá de que estou falando. Evidentemente houve atos de vandalismo praticados por ladrões e vagabundos comuns, mas a violência faz parte da estratégia geral. Basta ver a ação violenta de anarquistas em Porto Alegre, pregando, inclusive a luta armada (Zero Hora).   

4) A esmagadora maioria é contra o vandalismo, o banditismo e a violência como arma política. É preciso tolerância zero contra a barbárie.

Esta é uma derrapada do deputado. É óbvio que a maioria da população é pacífica – de modo geral.  Mas as massas, em espamos de protestos, caiam em generalidades. Nada foi específico, focadoem algo para uma solução como no caso dos R$0,20 de São Paulo.
Falou-se em corrupção, violência, educação, saúde e Copa do Mundo. Ninguém sabia da Copa e seus gastos desde anos atrás? Foi surpresa para a população?

5) A democracia representativa precisa ser recheada com alta dose de participação popular. A sociedade contemporânea é fragmentada e multifacetada. A democracia direta é impossível, a exclusivamente representativa se esgotou e é insuficiente.

Esta é outra bobagem do nobre deputado. Na França, Alemanha, Inglaterra, Espanha houve fortes movimentos no últimos anos, alguns deles com o uso das redes sociais. Ne nhum daqueles países pensou em mudar as regras da democracia. Democracia direta é asnice totalitária e dizer que a representativa se esgotou é quase absurdo. Os políticos é que deveriam estar mais perto da população e evitar gastos exagerados, nababescos, prevenir ações de corrupção, ter responsabilidade fiscal, mais vergonha na cara, etc...

6) É preciso atualizar a discussão sobre direitos e deveres entre cidadãos de uma mesma comunidade. O direito de manifestação livre e pacífica é sagrado, mas não é maior do que o direito de o cidadão ir livremente da casa para o trabalho e vice-versa.

O deputado chega a ser inocente neste caso. A Constituição de 1988 promete o paraíso aqui na terra. A única coisa que resulta de sua leitura é a de que todos os brasileiros têm milhares de direitos, nascendo credores de uma imensa dívida estatal de obrigações e benefícios. Ninguém explica como o país entrará nessa era de bonança e fartura. A geração que tem 20 anos acredita que tem todos os direitos, sem obrigações. A constituição criou o Estado de Bem Estar (Wellfare State) onde havia uma miséria endêmica. Desse modo, as leis criam invejosos e revoltados. Deu no que deu. Ninguém tem a mínima noção de como funciona a economia; ninguém sabe que governo não fabrica dinheiro e que  as coisas não funcionam aos saltos.

7) A democracia demanda segurança. As forças policiais têm um papel essencial para assegurar a liberdade e a ordem constitucional. Não vivemos mais uma ditadura. Não podemos glamourizar vândalos e demonizar policiais.

Neste ponto o deputado está certo, mas a glamourização da bandidagem, da transgressão, foi cultivada no Brasil pela esquerda mesmo que se diz em busca de uma tal justiça social (um animal que não existe). Aqui os bandidos seriam injustiçados pelo sistema econômico cruel, agindo contra os ricos e a classe média maldosos. Um enredo vagabundo que foi comprado pelos artistas de TV, escritores, cineastas e professores universitários.  Falar em crime, erro, pecado é considerado um absurdo. De tal forma criou-se a cultura da bandidagem, com a demonização da polícia (como se houvesse um ranç da ditadura), da lei e da ordem.
 
8) Ninguém tem o monopólio da verdade e das boas intenções. Houve um recado geral, concentrado, é claro, no Governo Federal, mas que foi também para todos os partidos, atores políticos e instituições.

Claro, há muita indignação, apesar da vaguidão dos protestos, contra as diferenças entre o discurso e a prática dos políticos. A população percebe que os políticos, de modo geral, são quase parasitas, descuidando de tratar realmente dos problemas existentes nos diversos campos. Tudo envolve corrupção, comissões, propina e sacanagem. Não passa desapercebido.  

9) Não bastam renda e emprego. Qualidade de vida foi o centro das manifestações. Qualidade na saúde, na educação, no transporte coletivo. Prioridade social efetiva nos gastos públicos. Menos estádios e trens-balas, mais escolas, mobilidade urbana e hospitais.

A população, creio, teve uma cota exagerada de propaganda enganosa nestas administrações do PT. O país avançou por contada manutenção da política econômica anterior e do sucesso do Plano Real. Lula teve a esperteza de criticar o antecessor mantendo tudo o que ele fizera e funcionava. Se alguém espremer as obras petistas verá – e foi isso que enfureceu o povo – que não há obra alguma. Só propaganda, jactância vazia, bravatas lulísticas, distribuição de bolas e dinheiro, Mensalão e uma fome imensa de comprometer todos os partidos para chegar ao poder absoluto. Só isso.

10) A demagogia e o populismo não são o caminho. Não podemos jogar fora o senso de responsabilidade fiscal e de equidade social nas políticas públicas e nas estratégias de fixação de tarifas e subsídios, que duramente conquistamos. São conclusões provisórias. E é melhor aprender com o sambista: “Faça como o velho marinheiro, que durante o nevoeiro, leva o barco devagar.”

O item 10 remete ao item 9. O PT foi contra o Real, depois percebendo a estabilidade aproveitou-se dele; o PT era pela ética e foi contra a responsabilidade fiscal; foi contra bolsas e, depois Lula que disse que bolsas deixavam o povo vagabundo (procure vídeos no Youtube), aumentou as bolsas aos milhares, obtendo votos. O brasileiro foi às ruas protestar, mas parece não ter noção de economia, de direitos e obrigações. Foi construída uma fantasia constitucional de que todos temos centenas de direitos, apenas, e que basta abrir algumas torneiras e o dinheiro jorrará.

Somos um povo bastante infantilizado.

Com estes adendos, talvez a análise não conclusiva do deputado Pestana seja razoável. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário