Este excelente artigo do professor Thomas Sowell aborda uma das mais importantes questões da atualidade: a incapacidade das novas gerações de pensar. Parece uma afirmação chocante, especialmente em um mundo em que todos querem ter uma opinião. Mas é esse, exatamente, o problema. As pessoas deixaram de ser educadas nas escolas, desde a infância, e passaram a ser doutrinadas. Pensar é algo pessoal e cansa, pois exige disciplina e prática.
A doutrinação das crianças e jovens chega a ser criminosa, pois ao invés de educação estão passando por processos de lavagem cerebral, de doutrinação, de emburrecimento, uma vez que passam a repetir carimbos, rótulos, estereótipos,como se fossem pensamentos originais.
Recentemente o filósofo Olavo de Carvalho publicou um artigo que reputo um dos mais importantes dos últimos tempos sobre os problemas com a linguagem: "A animalização da linguagem", artigo no qual o professor Olavo demonstra como as pessoas estão se organizando em torno d esquemas fechados de pensamento, como se fossem matilhas ou grupos de animais, cada um com seus sons próprios, nada mais.
Esse pensamento fechado em torno de ideologias de grupo é um pensamento fechado, avesso ao contraditório, ao confronto, à verificação. Está sendo construída uma sociedade de pensamento único. Nada de mais estúpido pode haver que uma sociedade assim, pois as pessoas, os indivíduos, ficam proibidos de pensar problemas gerais a partir de suas próprias dúvidas.
Nestes tempos modernos é proibido ter dúvidas e investigá-las, é preciso ter certezas absolutas. Esse é o caminho para a queda, a verdadeira animalização do homem.
Gutenberg J.
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PROFESSOR THOMAS SOWELL |
Pensar está se tornando algo
obsoleto
Thomas Sowell
04 Julho 2013
A educação não somente foi
negligenciada no sistema educacional atual, como também já foi quase que
completamente substituída pela doutrinação ideológica.
Embora seja humanamente impossível
responder a todos os e-mails e cartas que os leitores me enviam, muitos deles
são bastante interessantes e intelectualmente instigantes, tanto no sentido
positivo quanto no sentido negativo.
Por exemplo, um jovem me enviou
um e-mail pedindo as fontes em que eu havia me baseado para citar alguns fatos
negativos sobre o desarmamento em um artigo recente. É sempre bom checar os
fatos — especialmente se você checar os fatos de ambos os lados da questão.
Em contraste, um outro sujeito
simplesmente me criticou por tudo o que eu havia dito nesse artigo. Ele não
pediu as minhas fontes e nem quis saber se elas existiam; ele simplesmente saiu
fazendo afirmações em contrário, como se essas suas assertivas fossem
automaticamente corretas pelo simples fato de estarem sendo pronunciadas por
ele, algo que, em sua mente, invalidaria automaticamente tudo o que eu havia
escrito.
Ele se identificou como médico, e
as alegações que ele fez sobre armas eram as mesmas que haviam sido feitas anos
atrás em uma revista médica — alegações que já foram inteiramente
desacreditadas desde sua publicação. Ele poderia ter aprendido isso caso
houvesse me dado a oportunidade de responder às suas provocações, de um modo
que nos engajássemos em um debate. Porém, ele próprio deixou claro desde o
início que sua carta não tinha o objetivo de gerar um debate, mas sim apenas de
me acusar e me denunciar.
Esse tipo de comportamento se
tornou um procedimento padrão no mundo atual.
É sempre surpreendente — e
apavorante — constatar quantos assuntos extremamente sérios não são discutidos
seriamente hoje em dia; as pessoas simplesmente saem emitindo afirmativas e
contra-afirmativas, tudo de maneira generalizada. Seja em debates de internet ou até mesmo em programas
de televisão, as pessoas simplesmente tentam calar seu opositor falando mais
alto do que ele ou simplesmente recorrendo a frases de efeito de cunho emotivo.
Há inúmeras maneiras de fazer
parecer que se está argumentando sem que na realidade se esteja produzindo
absolutamente nenhum argumento coerente.
Décadas de educação escolar e
universitária simplificada — para não dizer idiotizante — certamente têm algo a
ver com a atual situação, mas isso não explica tudo. A educação não somente foi
negligenciada no sistema educacional atual, como também já foi quase que
completamente substituída pela doutrinação ideológica. A doutrinação que hoje é
feita por professores e instituições supostamente educacionais é amplamente
baseada na simples vocalização das mesmas pressuposições básicas e não-comprovadas
de sempre.
Se as instituições educacionais
de hoje — desde escolas a universidades — estivessem tão interessadas em
diversidade de ideias quanto estão obcecadas com diversidade racial e sexual,
os estudantes ao menos adquiririam experiência ao ver as pressuposições que
existem por trás de diferentes visões, e entenderiam a função da lógica e da
evidência ao debaterem tais diferenças.
No entanto, a realidade é que um
estudante pode passar por todo o seu ciclo educacional, desde o jardim de
infância até seu doutoramento, sem entrar em contato com absolutamente nenhuma
visão de mundo que seja fundamentalmente diferente daquela que prevalece dentro
do espectro de opiniões autorizadas e politicamente corretas que domina o nosso
sistema educacional.
No que mais, a perspectiva moral
da visão ideológica predominante é completamente maniqueísta: as pessoas
imbuídas dessas ideias realmente se veem como anjos combatendo todas as forças
do mal — seja o assunto em questão o desarmamento, o ambientalismo, o racismo,
o homossexualismo, o feminismo ou qualquer outro ismo.
Um monopólio moral é a antítese
de um livre mercado de ideias. Um indicativo desta noção de monopólio moral
dentre a intelligentsia esquerdista é o fato de que as instituições que estão
majoritariamente sob seu controle — escolas, faculdades e universidades — são
justamente aqueles que usufruem muito menos liberdade de expressão do que o
resto da sociedade.
Por exemplo, ao passo que a
defesa e até mesmo a promoção da homossexualidade é comum nos campi
universitários — e comparecer a palestras e aulas que fazem tal promoção é
frequentemente algo obrigatório nos cursos introdutórios —, qualquer crítica ao
comportamento homossexual é imediatamente rotulada de
"reacionarismo", "preconceito" e "incitação ao
ódio", sujeita a imediata punição.
Enquanto porta-vozes de vários
grupos raciais e étnicos são livres para denunciar com veemência "os
brancos" por seus pecados passados e presentes, verdadeiros ou
imaginários, qualquer estudante branco que similarmente venha a denunciar as
transgressões ou os desvarios de grupos não-brancos garantidamente será punido,
se não expulso.
Até mesmo estudantes que não
defendem ou não promovem absolutamente nada podem ter de pagar um preço caso
não concordem com a lavagem cerebral que ocorre nas salas de aula.
Recentemente, nos EUA, um aluno da Florida Atlantic University que se recusou a
pisotear um papel em que estava escrito a palavra "Jesus", a mando de
seu professor, foi suspenso pela universidade. Felizmente, a história veio a
público e gerou uma onda de protestos fora do mundo acadêmico.
A atitude deste professor pode
ser descartada e ignorada como sendo um caso isolado de extremismo, mas o fato
é que o establishment universitário saiu solidamente em sua defesa e atacou
implacavelmente o estudante. Tal atitude mostra que a podridão moral que impera
na academia vai muito mais além do que um simples professor adepto da
doutrinação e da lavagem cerebral.
Estamos hoje vivenciando todo o
esplendor do anti-intelectualismo que se espalhou por metástase ao longo de
todo o mundo acadêmico. As universidades se tornaram tão dominadas por uma
insistência na inviolabilidade de um determinado pensamento grupal, que
qualquer professor "forasteiro", que não compactue com a predominância
deste pensamento gregário, não mais pode falar a respeito de um determinado
assunto sem antes ter sido devidamente credenciado por seus pares. Uma simples
pesquisa sobre o tratamento dispensado a acadêmicos que ousam questionar a
santidade do aquecimento global mostra bem esse ponto.
Já houve uma época em que um
curso universitário era considerado um meio de introduzir as pessoas a uma
ampla gama de assuntos que lhes permitiria pensar e falar inteligentemente
sobre várias questões que estivessem afetando suas vidas. O pensamento
coletivista — que hoje é predominante no meio universitário — rejeita tal
ideia, conferindo o monopólio de determinadas questões apenas àquelas pessoas
que são reconhecidas como "especialistas" por seus pares.
Este método educacional que
recorre à intimidação e à simples repetição de frases de efeito de cunho
emocional evidencia a completa falência do sistema educacional. Se professores
universitários — teoricamente a nata intelectual da sociedade, pessoas que por
vocação e profissão deveriam ser as mais rígidas seguidoras do rigor
intelectual — agem assim, como podemos esperar que o restante da população
apresente discernimentos mais profundos?
Para sobreviver e progredir,
seres humanos precisam saber pensar. Porém, estamos cada vez mais terceirizando
esta função para acadêmicos, que por sua vez pautam o conteúdo da mídia. Tal
terceirização de pensamento ajuda a explicar por que há hoje uma escassez de
pensamentos originais e significativos.
O fracasso do sistema educacional
vai muito além da ausência de um aprendizado útil. O real fracasso está naquilo
que de fato é ensinado — ou melhor, doutrinado — nas salas de aula, algo
evidenciado pelos formandos que as universidades cospem para o mundo, seres
incapazes de apresentar qualquer resquício de pensamento original.
Jamais se preocupe em se
aprofundar em qualquer assunto: os "especialistas" cujos empregos se
resumem a promover a agenda do establishment político e cultural já têm tudo
explicado para você.
Thomas Sowell, um dos mais
influentes economistas americanos, é membro sênior da Hoover Institution da
Universidade de Stanford.
Seu website: http://www.tsowell.com/
Tradução: Leandro Roque
Publicado no site do Instituto
Ludwig Von Mises Brasil.
REPRODUZIDO DO SITE MÍDIA SEM
MASCARA:
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