AMARCORD: REUNIÃO FASCISTA |
A MÃE DE SOROCABA QUE DEDUROU A FILHA NA PROVA DO ENEM E FEDERICO
FELLINI, O DIRETOR ITALIANO.
Isso me fez recordar Amarcord. Um dos filmes mais interessantes feitos até hoje, citado em qualquer
lista de bons filmes da história do cinema é “Amarcord”, do diretor italiano
Federico Fellini, de 1973. Embora o diretor sempre tenha negado ser um tipo de
autobiografia, as imagens e personagens do filme remetem ao tempo de sua infância.
E, inevitavelmente, aos tempo do ditador Mussolini, Il Duce, em plena Itália fascista.
MUSSOLINI E OS PEQUENOS FASCISTAS |
E é isso que interessa no caso da jovem filha da senhora
Abdala. Na Itália fascista de Mussolini, assim como na então URSS de Stalin, e
na Alemanha nazista de Adolf Hitler, filhos eram jogados contra pais e outros
parentes pela propaganda ideológica, que colocava os regimes e, especialmente,
a fidelidade aos grandes lideres em primeiro lugar.
Se o senhor ou a senhora tivessem uma filha de 17 anos que
estivesse fazendo a prova do Enem e ela ligasse pelo celular pedindo ajuda
(cola), o que o sr. ou a sra. fariam?:
1. Mandaria a polícia e o Conselho Tutelar
para prenderem a jovem.
2. Iria à escola informar que havia vazamento, de forma discreta.
3. Iria à escola e faria um escarcéu, humilhando publicamente a moça.
4. Ou mandaria
a jovem desligar imediatamente o celular e aguardaria a sua chegada em casa, após
o exame, e lhe passaria uma descompostura pela tentativa desonesta?
Eu, certamente, mandaria desligar o aparelho e teria uma boa
conversa com a garota em casa. Caso achasse conveniente, poderia até procurar os
organizadores para dizer que houve quem escapasse à vigilância. Talvez isso ajudasse, para o futuro.
KOMSOMOL: JOVENS COMUNISTAS |
No caso específico da garota denunciada pela mãe, o pessoal do
Enem disse que havia sido fornecido um saco plástico com lacre para os
estudantes colocarem o aparelho. A moça disse depois à imprensa que, quando ela
solicitou um saco plástico, teriam informado que não havia mais. E ela teria
ficado com o aparelho.
Tudo bem, mas precisava usá-lo?
AMARCORD E PROPAGANDA TOTALITÁRIA
E que tem o maravilhoso filme Amarcord de Fellini com a filha da senhora
Abdala? No filme, o garoto que narra a história se recorda de que durante o
fascismo italiano o sistema educacional foi utilizado para doutrinar crianças.
Um dia o garoto conta para a professora que o seu pai (do garoto) havia
criticado o ditador durante o almoço, em família.
Como os professores eram
propagandistas do regime, a professora dedurou o garoto e a polícia foi prender
seu pai para tomar depoimento. Na delegacia, tendo confessado que havia
criticado o regime e o ditador, foi obrigado a tomar doses de óleo de rícino.
Um filme alemão muito bom também, mais recente, de 2004,
chamado no Brasil de “A Queda: as últimas de Hitler” (Der Utergang) tem uma
cena muito emocionante e reveladora. As tropas soviéticas estão invadindo Berlim
e um grupo de crianças armadas (de 11 ou 12 anos de idade) fica em uma
trincheira, na rua, esperando para combater os russos.
HITLERJUGEND E OS FANÁTICOS POR HITLER |
O pai de um dos garotos vai até lá e diz para irem embora,
que a guerra está perdida, que os soldados russos eram profissionais, e eles
crianças. O filho, revoltado, e hipnotizado ainda pela propaganda nazista se
recusa a fugir e chama o pai de covarde. O que transformou uma criança num fanático
nazista? A propaganda.
Na Itália fascista as crianças tinham que fazer parte de uma
organização chamada Figli della Lupa, de doutrinação, em que a ligação com o
Duce e o regime era mais valorizada que as relações familiares.
Na União Soviética havia a Juventude Komsomol, que tinha as
mesmas características; existia para doutrinar. A criança não deve confiar em
mais ninguém além do Papai Estado, traduzido na figura do Grande Líder.
A Alemanha nazista presenteou o mundo com a Hitlerjugend,
que tinha a mesma finalidade: doutrinar as crianças desde a mais tenra idade.
Totalitarismos (fascistas, comunistas, nazistas) são todos iguais no seu ódio à
unidade familiar. Os ditos revolucionários precisam, sempre, destruir os vínculos
de família, para criar novas redes de fidelidade. O Estado e o Partido acima de
tudo. E o Partido acaba sendo o Estado. Daí totalitarismo. Total absoluto.
TOTALITARISMO E FAMÍLIA
Estou dizendo, então, que os vínculos familiares estariam
acima da lei, da ordem, da moralidade, etc? Não. Apenas que em casa é que os
filhos devem ser educados para serem bons filhos, bons alunos, bons cidadãos.
Eles precisam saber que podem buscar refúgio e apoio seguro em casa, sem que
isso se transforme em julgamento público. De modo algum isso significa falta de punição.
A senhora Abdala, para ensinar a filha a ser ética, ou
honesta, não tinha qualquer necessidade de bater os tambores em uma praça pública.
Bastaria conversar com a filha, sinceramente, e dizer: "não faça mais isso; não é
isso que te ensinamos e esperamos de você. O que você fez não é certo. Você burlou as normas".
Está certo que no País do Mensalão, onde os condenados por corrupção e formação de quadrilha ainda têm a coragem de criticar o Tribunal, e de se colocarem como vítimas, fica meio difícil orientar os filhos, mas é o que deve ser feito.
PS. A imagem da tela do celular (VEJA A IMAGEM) mostra que
ela identifica a filha por iniciais (JHE) e pela palavra filha. Isso me soa curioso,
estranho. Alguém se refere a um filho assim?
Será que isso tudo havia sido planejado? Pode ser que a sra.
Abdala tenha pensado em agir como justiceira, mas contra a filha? É isso que
ela acha que é um bom exemplo?
À Rede Bom Dia ela disse que no sábado (primeira
fase do exame) a sua filha havia comentado sobre a falta de segurança. O episódio
da denúncia aconteceu no domingo, durante a segunda prova. Pode ser que a senhora Abdala tenha pensado em expor as falhas da aplicação do exame. Conseguiu, mas precisava sacrificar a filha daquela maneira?
Não sei. Sinto-me livre para pensar isso, uma vez que a
senhora Abdala sentiu-se livre para expor a filha como o fez. Não consigo
atinar com o bem que ela fez à filha, ou à organização do Enem.
É impossível prever todas as modalidades de ações
fraudulentas. Sempre alguém poderá esconder um celular e dizer que não recebeu
um saco com lacre. Isso não terá sido culpa dos organizadores.
A mãe virou notícia, a filha foi humilhada em público. É a
isso que deveremos chamar de educação dos novos tempos?
Onde ficam, então, nesse caso, os bons e velhos laços de família?
GJ
REDE BOM DIA
Segundo a Rede Bom Dia, a mãe da jovem, Maria Lúcia Diniz
Abdalla, ressalta que em nenhum momento pensou em ajudar a filha a realizar a
prova. "Não acho justo ajudar uma filha e não ajudar a outra", disse
Maria Lúcia se referindo a sua outra filha, que também fazia o exame.
Maria Lúcia e a filha trocaram diversas mensagens enquanto a
estudante do 2º ano do Ensino Médio realizava a prova como treineira. Na primeira
mensagem a garota pediu que a mãe entrasse em um endereço de internet citado em
uma questão para ajudá-la na resposta. A estudante também perguntou o que
significava mediana, em matemática e falou para a mãe qual era o tema da
redação.
Em um trecho de uma mensagem a mãe diz à menina "Vou te
ajudar a conseguir uma nota boa."
De acordo com Maria Lúcia, no sábado a estudante chegou em
casa após a prova e comentou que havia falha no sistema de segurança dentro da
sala de aula. No domingo, a garota revelou que chegou para fazer a prova e que
os fiscais não deram saco plástico para colocar o aparelho celular.
A mãe da estudante afirmou que em nenhum momento pensou em
prejudicar a filha. "Agi com dignidade, avisei os responsáveis pelo exame
porque não achei justo com os demais candidatos", revelou.
Em contato com a organização do Enem em Sorocaba, os
representantes afirmaram que foram orientados pelo Inep a não comentarem sobre
o assunto.
Em contato com a assessoria de imprensa do Inep (Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) - responsável pelo Enem- não
houve resposta dos procedimentos que serão adotados.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA:
Foto Mussolini Figli della Lupa:
Juventude Komsomol:
Hitlerjugend:
Amarcord Federico Fellini:
https://www.facebook.com/jhennifer.abdalla
ResponderExcluirFacebook da menina. Ela chama a filha de Jhe mesmo.
A outra filha, a mais velha, já está na faculdade e é exemplar.
Fico feliz. Talvez a irmã mais nova siga o mesmo caminho. No caso específico, após tantas matérias na imprensa, não ficou muito claro se a mãe quis ajudar a corrigr o Enem, no sentido de melhorar a fiscalização, ou acabou se atrapalhando e deixando a filha em maus lençóis. Todavia, as coisas poderiam ter sido feitas de modo mais discreto.
ResponderExcluirGutenberg J.