No dia cinco de outubro o Perú irá às urnas no segundo turno da eleição presidencial. Após um período de certa vantagem para o candidato da esquerda, Humala Ollanta, a candidata Keiko Fujimori, conservadora, passa à frente nas pesquisas, com uma vantagem de dois pontos. Os dados são da empresa Ipsos Apoyo, e Keiko está com 41% contra 39 de Ollanta.
Keiko Fujimori enfrenta, de certa forma, o fato de ser filha do ex-presidente Alebrto Fujimori, que está cumprindo uma pena de prisão por 25 anos por corrupção. No entanto, isso não parece atrapalhar demais Keiko, porque Fujimori foi o presidente que, com muita decisão, exterminou com o Sendero Luminoso, o partido comunista peruano, que, nos anos 80 aterrorizou o Perú com sequestros, matanças e explosões, chegando a mais de 50 mil mortes.
Para comparar: na ditadura argentina morreram 30 mil pessoas; no Chile 16 mil. Isso significa que o Sendero, sozinho, com seus métodos maoístas, matou mais que duas ditaduras juntas. E o Perú não vivia em uma ditadura. Os peruanos detestam o Sendero.
E isso é uma coisa que assombra o candidato Humala, agora apresentado como moderado, manso, amigo do mercado e dos empresários. Na verdade, é só um banho de loja dado por seus assessores petistas, mandados do Brasil para tentar aparar as arestas de um candidato nacionalista e agressivo, admirador de Chávez e inimigo do Chile e do capitalismo. É a tentiva de construir uma imagem de Holantina Paz e Amor, como a de Lula em 2002. Seus assessores evitam que ele receba apoios (públicos, é claro) que possam ser vistos como perigosos.
Os peruanos sabem quem é Humala. Ele vem tentando mudar a imagem. Mas o problema dos marqueteiros é que eles acham que isso sempre vai dar resultados bons. Às vezes sim, outras não. Humala tem reafirmado que não quer o apoio de Chávez e nem de Lula.
Mas é óbvio jogo de cena, pois toda a esquerda latinoamericana o apóia, devido ao Foro de São Paulo, uma frente de esquerda que quer instalar, por aqui, o socialismo que morreu lá na Europa com a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética.
Mas chega a ser uma operação meio esquisita, uma vez que une esquerdistas radicais e coronéis nacionalistas (e coronéis nacionalistas, como Chávez e Humala, apesar da conversa mole, sempre foram fascistas). E essa confusão sempre trás populismo, demagogia, inflação, desapropriações, invasões, desordem e instabilidade política e institucional.
Os peruanos passam por um razoável momento econômico, percebe-se isso em Lima e outras grandes cidades. Não querem voltar no tempo.
Assim, Humala que passou para o segundo turno e liderava as pesquisas, parece ter estacionado, enquanto Keiko Fujimori vai reagindo lenta, mas seguramente. E a eleição é no dia 5 de junho. Será disputada, mas não está já ganha pela esquerda, como se imaginava aqui pelo Brasil.
Humala sempre viu com simpatia ao Sendero Luminoso, e isso é um problema no Perú. Humala não está conseguindo passar um sentido de direção e firmeza de propósitos, e é criticado por isso. Não adianta cortar o cabelo, colocar ternos bem cortados e chutar bola na periferia. Só clichês.
Leia mais em El Pais:
http://www.elpais.com/articulo/internacional/mercado/celebra/ascenso/Keiko/Fujimori/Foto: Reuters - http://joeylakey.com/b/tag/ollanta-humala/
Pouca diferença entre Humala e Keiko? apos 1º turno Humala teve aumento de 8% e o Keiko 18%, é uma diferença expressiva.Esta rapida acessão do Keiko é justamente pela moderação de Humala que é orientado pelo membro petista brasileiro.As elites peruanos estão desconfiados, não só de Humala mas tambem da real intenção do governo brasileiro.Esta intromissão agressiva do PT nesta campanha eleitoral esta causando muita polemica,para o povo peruano apenas trocou de figura,saiu Chaves e entrou Lula.
ResponderExcluirNota:- coloquei este comentario hoja na Folha de
São Paulo mas foi vetado.
Olá, Tamotsu.
ResponderExcluirDe fato, você tem razão, ela subiu bastante desde o primeiro turno. Eu acho que Humala vai ficar patinando. É que eu disse pouca diferença agora, pela pesquisa, mas que ela vai subindo lenta mas seguramente. A esquerda está tão preocupada com isso que agora montaram uma armadilha para eles mesmos. Se, na última hora Lula, Chávez e outros resolverem pedir votos, aí é que Humala perde mesmo. Ele quase diz que não sabe quem são!
Ab
Gutenberg
Ps. Não confie na maior parte da nossa imprensa. Costumo acompanhar política pelos jornais dos países que observo. As redações estão muito menos contamindas desse ideologismo barato e vagabundo que temos por aqui.