No Irã, pais governado pelo amigo do ex-presidente Lula, Mahamoud Ahmadinejad, as coisas não são fáceis para as mulheres. Pelo visto, parece que tampouco os advogados podem trabalhar tranqüilos em defesa de seus clientes.
A imprensa internacional repercute, hoje, a notícia de que o terceiro advogado a representar Sakineh Mohammadi-Ashtiani, a mulher que deveria ter sido morta a pedradas por adultério, foi condenado a 11 anos de prisão.
Para o governo iraniano, o advogado Javid Houtan Kian foi acusado de ter posto em risco a segurança nacional, uma vez que teria estimulado propaganda contra o pais! Desde que foi preso, há alguns meses, Javid conseguiu fazer chegar uma carta ao Ocidente onde diz que ele e o filho de Sakineh, também preso, foram barbaramente torturados.
Era de se esperar, num pais em que as eleições foram questionadas por boa parte da população, fortemente reprimida pelas forças do governo, que os advogados também não pudessem trabalhar em paz para defender seus clientes.
Sakineh Ashtiani é uma mulher comum, hoje com 44 anos (nascida em 1967) e dois filhos. Tendo ficado viúva, teria se envolvido com dois homens, posteriormente. Foi o que bastou para ser condenada a 99 chibatadas, sentença que foi aplicada.
Além disso, o processo continuou e, em 2006 foi condenada à morte, por apedrejamento, um dos costumes mais refinados para matar uma pessoa no mundo moderno. Diante das criticas internacionais o governo iraniano mudou ahistória de Sakineh e disse que ela estava presa não só pelo adultério (adultério depois que o marido morreu!), mas porque havia executado um plano para matá-lo.
Numa ditadura uma história pode ter 500 versões, conforme a conveni~encia de quem está no poder. Não há o menor resquício de democracia e justiça confiável.
Para matar por apedrejamento (também chamado de lapidação) abre-se um buraco no chão, coloca-se uma pessoa embrulhada num pano dentro, como se fosse uma batata para assar no braseiro, deixando metade do corpo para fora, que é para o público poder apedrejar à vontade.
Diante de método tão humano de punir pessoas, houve grande protesto internacional e Sakineh, que seria executada no final de 2010, acabou não sendo. Não se sabe onde está no momento. Contudo, nessa aventura toda, ela já foi obrigada a trocar três vezes de advogado, o que mostra a dificuldade de defesa em uma ditadura como a iraniana.
Os advogados precisam ter muita coragem pois, devido à repercussão internacional de alguns casos, passam a ser vistos como adversários do sistema, ou propagandistas contra o próprio pais. Coisa da Idade Média.
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Meu Deus, que mundo é esse? Cade a humanidade dessas pessoas? Como chamar de seres humanos aqueles que não tem um pingo de humanidade?
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