A loucura ou a capacidade de produzir o mal, nos seres humanos, é indescritível, e parece, também, inesgotável. Quando imaginamos "agora já vimos de tudo" surge uma novidade. É natural dos seres humanos sentir ciúme.
Mamiferos superiores como cães e grande macacos também manifestam ciúme, e isso já foi comprovado por muitas pesquisas. Mas o ser humano, exatamente pela sua capacidade de pensar, é que causa mais surpresas, pois acreditamos que isso poderia frear algum impulso de fazer o mal. Que nada.
Na hora da raiva algumas pessoas cometem barbaridades. Mas as piores pessoas são as que agem contra as outras de modo frio, calculado, planejado. E muito perverso.
Essas são pessoas muito, mas muito perigosas mesmo. Verdadeiramente psicopatas. Porque são pessoas nas quais confiamos. E essa pode ser a causa de muito sofrimento. Acompanhem a triste história desta moça, de 39 anos.
A polícia manteve o sigilo, em relação à vítima, devido ao fato de que já sofreu muito.
A vítima, vamos chamá-la de V. resolveu ir até a casa de sua amiga, Neci Julião de Souza, de 53 anos, para conversar, levar uns pães caseiros e umas amostras de cosméticos. Os tais pães lhe saíram bem caro.
Agudos é uma cidade tranquila, perto de Baurú, na região Noroeste de São Paulo, e era conhecida, no passado, por ter uma grande fábrica de ótima cerveja. Baurú é uma cidade sede de região, com diversas estradas que cruzam para várias direções, tem um aeroclube famoso pelos seus planadores e um dia teve a famosíssima Casa da Eni, na zona do meretrício. Mas esta é outra história.
V. ia pensando na vida e nem poderia imaginar o que teria que enfrentar. Quando chegou a casa de Neci, no bairro Santa Angelina, na rua das Magnólias, encontrou por ali o netinho da amiga, um garoto de apenas quatro anos, que acabou vivendo uma experiência inesquecível e imensamente traumática.
Segundo o delegado Jader Biazon informou à imprensa, a vítima nem desconfiava da surpresa.
Quando V. entrou, Neci conversou um pouco mas logo inventou uma história de distrair o netinho com uma brincadeira de "mocinho e bandido", igual nos filmes de faroeste. Pediu que a amiga colaborasse e V. concordou. Aí começaram os seus dissabores e uma experiência horrível.
Se é para parecer de verdade, então tá. E Neci amarrou um dos punhos de V. a um móvel com uma cordinha. Assim que prendeu um punho, Neci já começou a xingar V. e a dizer que ela a estava traíndo, saindo o o seu ex-marido. Neci, segundo o delegado, estava separada do marido, mas parecia ter bastante ciúme dele. E parece ter imaginado que a amiga andasse arrastando as asinhas pra o seu ex. V. disse que nada disso era verdade. Um absurdo. Mentira.
AS PONTAS DOS DEDOS FORAM CORTADAS COM UMA TESOURA |
Mas quem consegue impedir uma pessoa alucinada de cometer uma asneira? Neci, enquanto xingava e discutia com a amiga levantou uma almofada de um sofá próximo e retirou os instrumentos usados na tortura.
V. ficou apavorada ao ver uma faca, uma tesoura, um aparelho de barbear, uma cinta. Mas não pode impedir que Neci agisse, e ainda por cima com a colaboração da criança que, imagino, pensava tratar-se de algum tipo de teatrinho da avó.
A mulher pegou o aparelho de barbear e raspou as sobrancelhas da viúva. Com a tesoura cortou todo o cabelo de V., deixando-o picotado. E também todas as unhas das mãos. Enquanto isso era para o garoto, de 4 anos!, ficar segurando uma enorme faca de cozinha. E, segundo a viúva contou ao delegado, Neci ameaçava matá-la.
E foi um verdadeiro suplício, pois tudo isso durou cerca de duas horas, em que V. pensava mesmo que fosse morrer. Neci se descontrolava e dizia para ela, diante do menino, que ia arrancar o coração dela e dar para o garoto espetar com a faca. V. sentia-se gelada e chorava, negando qualquer envolvimento com o ex-marido de Neci.
O delegado contou que Neci, além de ameaçar a amiga de morte, ainda disse que mataria a filha desta. E chegou a ligar para a casa de V., pedindo que a menina pegasse uma câmara fotográfica e trouxesse à sua casa. A mulher pensava em fotografar V. e colocar as fotos na Internet. A garota foi até a casa de Neci, mas não conseguiu impedir a doidona de continuar com a agressão contra a sua mãe.
Enquanto estava presa, amarrada, V. não pode atender o seu celular que tocou duas vezes. Na segunda, Neci atendeu e quem telefonava era a filha de V., que percebeu alguma coisa errada (antes de levar a màquina) porque escutou gritos de sua mãe. Neci desligou o telefone, mas a menina achou estranho e então telefonou para o seu pai, contando que achava que estava acontecendo alguma coisa estranha.
Duas horas, amarrada em uma cadeira, sendo ameaçada com uma faca e judiada, parecem uma eternidade. Um tempo que não acaba nunca. E um medo terrível, imenso, de morrer. E a dor. A dor gigantesca da tortura. Neci, segundo V. contou ao delegado, ia fazendo isso tudo e ainda, com a tesoura, foi cortando as pontas de seus dedos das mãos. Uma coisa pavorosa. Uma monstruosidade. Duas horas de lágrmas dor. E medo. Até que seu marido chegou, alertado pela filha e entrou na casa de Neci, lebertando V. e levando-a ao Pron Socorro.
Neci aproveitou-se da confusão e fugiu. Agora é considerada foragida. E tera, quando for encontrada, que explicar-se. O juiz da comarca concedeu prisão temporária por cinco dias, devido ao crime de cárecer privado (pena de 1 a 3 anos de reclusão). Mas Neci ainda será indiciada por tortura (de a a 8 anos, se condenada).
Imaginem vocês o susto de V. ao ser amarrada. É por isso que gosto da afirmação do grande pesquisador Edgar Morin, o homem deveria não ser conhecido como homo-sapiens, mas sim homo-sapiens-demens (louco).
Uma coisa é certa, se V. afirma que é inocente (e até prova em contrário é mesmo) alguma outra mulher que, por acaso, tenha andado com o ex-marido de Neci nesta altura dos acontecimentos deve estar pensando em se mudar de Agudos. Deve estar apavorada. E o ex que se cuide também, né? Esse negócio de tesoura é muito perigoso...
Uma coisa é certa, se V. afirma que é inocente (e até prova em contrário é mesmo) alguma outra mulher que, por acaso, tenha andado com o ex-marido de Neci nesta altura dos acontecimentos deve estar pensando em se mudar de Agudos. Deve estar apavorada. E o ex que se cuide também, né? Esse negócio de tesoura é muito perigoso...
FOTO:TVTEM
Narrativa baseada no texto original de
Lilian Grasiela
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