Parece que há, mesmo, grande dificuldade, no Brasil, em alguém dizer que é conservador. Sendo assim, logo é chamado pelos esquerdistas de direitista. Como ser direitista deve ser algo muito ruim, ninguém quer o apelido.
Essa confusão toda tem relação com o domínio absoluto do imaginário político pela esquerda. E, enquanto isso acontece, de fato, qualquer um que discorde é logo chamado logo de direitista e é fuzilado do debate. E os esquerdistas não gostam muito do debate de idéias, preferem xingar, desqualificar, como se tais ações esvaziassem a validade dos argumentos contrários. Digo que alguém é de direita e, pronto, não precisa ouvir mais o que tem a dizer. Ser de esquerda é salvo-conduto para dizer asneiras e ter um olhar superior.
Se há um domínio absoluto da esquerda, e ninguém ousa se manifestar de direita, por que a esquerda gosta de dizer que a direita domina a "mídia" (antigamente chamada de Imprensa)?
Basta ler os principais jornais brasileiros e saltará a verdade: quase todos os textos são pró visões de esquerda ou contaminados pelas posições politicamente corretas. Um ou outro veículo publica, de vez em quando, um editorial mais crítico, de viés mais conservador, sendo logo taxado de direita.
Com essa gritaria toda a esquerda dominou o cenário político e os meios de comunicação, dando-se ao luxo de dizer que a grande imprensa é golpista e de direita. Só encenação, teatrinho para os tolos. Não há nada mais de esquerda que as redações. Os donos já não apitam nada. Basta observar as redes de TV. Alguma dúvida?
Esse panorama também pode ser verificado nos partidos políticos. Um viajante do espaço desatento, ou um estrangeiro mais interessado em partidos, poderia pensar que o Brasil é a própria Utopia socialista em carne e osso. No Brasil todo mundo se declara de esquerda, até aqueles chamados de direita pela esquerda. Alguns, se não se declaram ou não se reconhecem, agem e falam como se o fossem.
No entanto, as pesquisas de opinião mostram que há milhões de brasileiros que não se enquadram nessa esquerdice toda. Há milhões de pessoas contra o aborto, milhões contra a intromissão do estado em nossas vidas, milhões contra os excessos do politicamente correto,
milhões que gostariam de ver segurança para o contribuínte e menos direitos para os bandidos, milhões que gostariam de poder andar armados e evitar os abusos cometidos pelos criminosos que sabem da insegurança geral e da inoperância da polícia, milhões que gostariam que houvesse um limite no apetite tributário do governo e mais vergonha na cara das autoridades.
Esses milhões de pessoas ficam sem ter em quem votar com gosto. Sempre escolhem o menos pior. O mais conveniente. É como ir a um restaurante vegetariano (sem problema com os vegetarianos) e ter que escolher um pratinho mais parecido com o nosso gosto. Mas nunca aquilo de que realmente gostamos. Uma dificuldade. Dilma e Serra. Duas cabeças de esquerda. Quanto conservadores não tiveram que votar em Serra? por falta de alternativa?
O Brasil é tão estranho, que o PSOL e o PSTU julgam-se à esquerda do PT, considerado de direita. Os petistas, quase sempre certos de suas certezas (agora um pouco mais envergonhados, pois mostraram que sabem umas boas sacanagenzinhas com o dinheiro alheio) acham-se de esquerda, chamando de direita, quase nazista!, os tucanos. Quem diria!
os tucanos, que se definem como centro-esquerda serem comparados a fascistas...
De fato, qual a diferença concreta entre PT e PSDB? Ambos embebidos em teses marxistas.
A diferença mais palpável é que o PT tem um projeto de controle do Estado evidente, assim como os irmãos menores mais radicais à esquerda. Afinal, já chegaram ao topo da sabedoria política e sabem o que é bom para todo mundo. Não negam a origem marxista!
Os tucanos, com as plumas coloridas e o bico envernizado nos salões da social-democracia, não são tão certos de suas certezas (daí o muro) e não parecem ter um projeto como o petista. Se religião e política se misturassem mais um pouco, os petistas poderiam ser os nossos islâmicos teológicos iranianos. Quando tenho a certeza, para que servem as oposições? Só servem para atrapalhar. Vejam Ahmadinejad.
Quem fica à direita? O DEM? Quem tem, de fato, um ideário liberal ou conservador no Brasil?
O tal PSD, saído do forno com cara de quem voará em círculos, sempre á esquerda?
Que diabos de ideário fala em justiça social (a vagueza socialista) e defesa da propriedade privada? Uma misturança programática que já mostra a que vem o tal grupo. Como já nasce rendido ao palavrório politicamente correto que hoje já pegou até o mundo corporativo. É empresa cidadã para todo lado. Empresa vota? (Mas contribui com as campanhas...)
O que é isso, afinal? Afif sob a curiosidade do delegado Protógenes no lançamento da sigla. A Fiesp é dirigida por um socialista! Uma oposição que, para dizer que está com o bem do País já precisa dizer que apoiará o governo de Dilma? Ficar contra o governo, por princípio, é estar contra o País? Que ideia de oposição é essa? Contributiva? Parece saída da fabriqueta mineira de opositores (pero no mucho).
O PT,quando exerce a oposição é duro. Bastante temível, pois age conforme a ideia de que seus fins justificam seus meios. É duro ser telhado para as estilingadas do PT. Analisem o caso da ex-governadora do RS, observem o que acontecerá em SP onde tentam colocar as garrinhas. No entanto, quando se trata de falar de oposição em termos nacionais, como são governo, situação, falam em governabilidade, etc. E os tontos da dita oposição tucana ou do DEM fazem o joguinho.
Com uma oposição menos amarrada, menos interesseira em partições, mais dura, mais ligada a princípios que de fato resguardassem os interesses públicos, Lula tivesse, até, sido cassado no tempo do mensalão, ou Dilma não estivesse eleita. O fato de nada disso ter acontecido, ou ser seriamente considerado, mostra como a oposição é só valor nominal, algo vazio, sem têmpera. O mesmo vale para a Imprensa. Todo mundo pensando nos anúncios do Governo Federal e das estatais. E isso vale, também, para um monte de sites e blogueiros que gostam de criticar a oposição, a direita, enquanto seus blogs são movidos a anúncios do governo e das mesmas estatais. Isso não é jornalismo, é apenas propaganda, e mal disfarçada.
Enquanto o brasileiro sentir vergonha de dizer sou oposição, ou sou conservador, ou sou de direita (que nada tem a ver com nazismo ou fascismo), as coisas nunca se arranjarão de forma decente.
Voltaremos ao tema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário