O RECUO DE DILMA
Fernando Gabeira
26 de Junho de 2013
Vou lutar toda minha vida para impedir que essa gente ocupe
o poder sozinha
Dilma vai recuar da proposta de constituinte exclusiva para
a reforma política. A ideia durou 24 horas. E, no entanto, não é uma ideia
desastrosa. Dilma a transformou nisso por várias razões:
Foi precipitada e anunciou o tema sem consultas;
É o beabá da política que ela parece ignorar;
A proposta veio do PT e desperta desconfiança geral;
O PT quer o poder e isolar quem não pensa como ele;
É a tática dos burocratas da esquerda.
Eles são tão patéticos que nem imaginam as mudanças
espontâneas na sociedade. No mundo fechado do PT, existem filas para ocupar
cargos e elas são organizadas não a partir do talento pessoal, mas da
disciplina.
Foi por isso que o Lindinho disse num palanque com Cabral e
Pezão: política tem fila. Na cabeça do Lindinho, as pessoas entram na fila,
beijam a mão do Lula, como ele fez na tevê, ganham uma senha e esperam o
momento de ocupar o poder.
Ainda bem que houve algo de novo e inesperado como em 68.
Tudo isso também é contra as pessoas que só pensam na
estabilidade de um sistema de dominação, só jogam na certeza de que as coisas
nunca vão mudar.
Na verdade, não acreditam em mudanças. Confiam
apenas nas suas estruturas petrificadas.
Seus cérebros estão programados para
não pensar o novo mas apenas turbinar sua carreira dentro das hierarquias
partidárias.
A nova geração de quadros do PT é boa para a época da
televisão HD: Lindinho, Gleise Hoffmann e Haddad, por exemplo. Mas nada tem na
cabeça exceto a disposição de obedecer.
Dilma foi a São Paulo pedir conselhos a Lula.
Quando penso
que um presidente do Brasil chamou a oposição iraniana de torcida de futebol e
os dissidentes políticos cubanos de criminosos comuns,- quando penso nisso,
digo para mim mesmo: vou lutar toda minha vida para impedir que essa gente
ocupe o poder sozinha.
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