Pesquisar este blog

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A INDÚSTRIA DA MORTE DO RIO DE JANEIRO. Der Industrie der Tod von Rio de Janeiro


Os traficantes têm fuzis AK-47 russos

Não foram necessários mais que três dias para que a realidade do Rio de Janeiro aflorasse, em toda a sua crueza, no noticiário sobre o Complexo do Alemão. Denúncias de violência policial contra moradores; acusações de roubo e destruição contra as forças de ocupação; sumiço de dinheiro apreendido do tráfico; moradores das favelas invadindo e roubando pertences das casas ocupadas pelos traficantes, e a suspeita de que policiais deixaram bandidos fugirem em troca de ouro em barras. 
Isso não significa, certamente, que todos os policiais estão implicados em roubos, suborno ou atos de violência. Mas, o crescimento do volume de queixas mostra a realidade escondida sob o tapete do noticiário fantasioso sobre a refundação do Rio. Nestes tempos parece que tudo tem que ser refundado.   
Não há como estabelecer um antes e um depois numa sociedade que misturou os conceitos de bem e de mal e na qual as zonas nebulosas da cultura, aquelas que beiram ou adentram a marginalidade, são vistas como algo absolutamente normal.
O Rio de Janeiro desenvolveu uma cultura diferente, única, ao longo das últimas décadas, a Cultura Bandida.
Essa cultura fica bastante clara quando se analisa o conteúdo do noticiário sobre as relações praias-morros, os filmes, os enredos de novelas, as letras de música e a filosofia, a sociologia e antropologia baratas produzidas na Academia.
A condescendência, o deslumbramento, a impunidade, tornaram cult o mundo marginal e criminoso. Sempre a mesma e velha visão romântica sobre o mundo do crime, como se tudo pudesse ser explicado apenas pelas criticas ao capitalismo.
Análises rasteiras de quem acha razoável a bandidagem e o consumo crescente das mais diversas drogas, como a maconha, a cocaína e o crack.
Ninguém sabe exatamente, mas, estima-se que o consumo anual de maconha no Rio de Janeiro possa chegar a cem toneladas. Cem mil quilos da erva.
Se um quilo de maconha rende até 150 cigarros, a montanha de maconha consumida pelos cariocas pode chegar a 150 milhões de unidades. Dados da ONU estimam que  cerca de 4 por cento da população mundial utilize a maconha.
Essa é apenas uma aproximação, visto que em alguns paises a droga não é encontrada com facilidade e em outros parece brotar nos vãos das calçadas, como no Brasil.
Utilizando tais referências, muito superficiais, teríamos cerca de 250 mil usuários no Rio de Janeiro. Dividindo-se 150 milhões de unidades por 250 mil encontraremos o resultado de 600 cigarros para cada usuário por ano.
Isso significa quase dois cigarros para cada um, por dia.
Assim, tal volume de droga - apenas a maconha, sem contarmos a cocaína e o crack - indica uma máquina quase industrial operando para mover as engrenagens desse submundo.
Corrupção de políticos e policiais, sedução de formadores de opinião e famosos, ongueiros modernosos e defensores da liberação das drogas fazem parte dessa equação.
E milhões, muitos milhões de dólares, que entram e saem do País, alimentando a indústria da morte, alimentando a Cultura Bandida.      

Nenhum comentário:

Postar um comentário