Pesquisar este blog

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

UM MÊS DA CHACINA PESSEGHINI. O MENINO QUE SAIU DAS SOMBRAS E NOS APAVORA. Mesmo quando a polícia não tem mais qualquer dúvida sobre quem exterminou a família Pesseghini, as pessoas duvidam, e dizem: “crianças não fazem essas coisas”. Será que elas temem as crianças que têm dentro de casa?




O MENINO QUE SAIU DAS  SOMBRAS

Não sei o motivo, mas acredito que muita gente no Brasil está infantilizada, perdeu a capacidade de raciocinar direito, e só acredita em histórias de conspirações e lendas urbanas.

Desde o início, podem procurar no blog, fiz vários textos, nunca duvidei de que o garoto Marcelo Pesseghini, 13 anos, pudesse mesmo haver exterminado a família e se suicidado. Para tanto, bastou ver alguns sinais emitidos por depoimentos que foram se cruzando e fazendo uma teia que indicava o desfecho dramático. 

No primeiro texto, sem qualquer outra informação, exceto o relato inicial da “chacina”, pela imprensa, acreditei que algum grupo de bandidos houvesse matado todos da família.

Logo em seguida as informações sobre os amigos da escola, o carro, as imagens no Facebook, começaram a sinalizar algo diferente. Passei a considerar seriamente que o garoto pudesse ter feito aquilo. Não seria impossível. Claro que não poderia saber a motivação. Certamente o caso será encerrado sem que se tenha uma idéia clara da motivação.    

Não sei em que mundo vive alguém que diz com convicção: “crianças não fazem essas coisas!”. Eu não gostaria que fosse verdade, mas crianças fazem, sim, coisas horríveis. As páginas de jornais ao longo dos anos formam uma coleção de crimes, das mais variadas naturezas, cometidos por crianças, de poucos anos de vida até a faixa da adolescência.

Crianças, ao contrário do que muitos afirmam, sem uma real observação, podem ser mesmo muito cruéis. A literatura especializada de Psicologia trata disso, não há surpresa.

Repito, eu não gostaria que fosse verdade, mas é. Uma coisa é o que gostaríamos que fosse, outra é o que é a realidade. Na história humana sempre foi assim, mas de tempos para cá parece que as pessoas não estão mais sabendo ler sinais e nem reconhecer que a natureza humana pode ser, sim, muito má, perversa, cruel. 

O psiquiatra forense contactado pela Polícia, Guido Palomba, disse que Marcelo deveria estar sofrendo de uma doença psiquiátrica que ninguém havia percebido. Talvez. Mas, sem qualquer ofensa ao garoto, e se ele fosse assim mesmo desde o nascimento, sem que ninguém houvesse percebido algo?

Há alguns anos, dois garotos, um de 9 e outro de dez anos, raptaram uma criança de dois anos, em um Shopping na Inglaterra e torturaram barbaramente o menino, a quatro quilômetros dali, e o deixaram amarrado na linha ferre, para ver o trem cortá-lo em pedaços. Os garotos sabiam exatamente o que faziam. Como os ingleses não brincam em serviço, os dois pequenos monstros foram condenados como adultos.

Eles tinham plena consciência do rapto, da tortura, do sofrimento da pobre criança e de que o trem a faria em pedaços. Mesmo assim cometeram o crime. Dois demônios. Se os caros leitores procurarem na Internet encontrarão dezenas de casos de crueldade e perversidade semelhante.

Porque eles cometeram um crime tão bárbaro? Papai Noel não trouxe um brinquedo no Natal? Teriam levado umas palmadas na bunda e ficado revoltados? Tinham inveja da criança que passeava com a mãe no Shopping? Claro que não. Dois perversos que se juntaram para fazer o mal, por prazer! Isso não tem cura.

OS PESSEGHINI 



O que chocou demais as pessoas foi, certamente, a foto espalhada inicialmente pela Internet da família Pesseghini. Um pai sorridente com cara de bondoso, uma mãe alegre e um garoto de olhar dócil junto aos pais.

Uma coisa que chama a atenção no ser humano é o mistério do olhar. O que há por trás de um olhar? É um olhar verdadeiro? É dissimulado? O que aqueles olhos podem estar escondendo?

Há alguns dias vizinhos contaram à polícia que o menino Marcelo gostava de atirar com uma espingarda de chumbo em passarinhos, gatos, cachorros que passavam perto de sua casa. Um dos sinais que devem ser observados é exatamente se crianças gostam de ver animais sofrerem. Isso é muito mau sinal.

Inicialmente parentes e vizinhos disseram que o garoto era adorável, educado, quieto.

E ele poderia mesmo ser tudo isso. Mas depois é que foram revelando que gostava de atirar em animais, que os colegas disseram que ele queria matar seus pais, que ele queria flechar a própria avó, e parentes disseram ao delegado que ele chegou a apontar uma arma de fogo a muitos deles quando em visita à sua casa. E que era fascinado por jogos violentos, que sabia dirigir automóveis e que sabia atirar muito bem.



Marcelo Pesseghini está morto. Atirou no próprio ouvido esquerdo com a mesma arma, uma pistola 40, de sua mãe, com a qual, segundo a polícia, matou seu pai, o sargento PM da Rota Luís Pesseghini, a mãe, cabo PM Andréia, e sua tia-avó e a avó materna. 

Todos dormiam no final da noite de 4 de agosto. No início da madrugada do dia 5 ele matou o pai com um tiro na nuca. A mãe acordou assustada e foi até a sala e ajoelhou-se ao lado do colchão onde dormia o sargento, para ver se algo havia acontecido. Segundo os peritos, Marcelo tocaiou a mãe, vinco por trás dela e dando um tiro em sua nuca. Ela morreu ajoelhada, com o tronco caído sobre o colcha e as mãos cruzadas sobre a cabeça.

Depois o garoto foi à casa anexa, onde morava a avó e a matou e à sua tia-avó.

A minha questão era sobre se ele, após matar o pai, encarou ou não a mãe de frente e a mandou ajoelhar. Nunca saberemos. Pela cena, parece que ela morreu sem saber quem foi seu assassino.

Há uma história que ouvi há muitos anos, que intriga muita gente: quando morremos fica alguma imagem retida em nossas retinas? Qual terá sido a última visão da pobre cabo Andréia? Teria ela percebido o que aconteceu?

Naquela madrugada o garoto dirigiu o carro da mãe até perto da escola e aguardou amanhecer. Assistiu à aulas e quando um amigo perguntou se ele havia conseguido flechar a avó, ele respondeu sério: “matei todos eles”.

Os amigos não acreditaram.

Ele voltou para casa, após as aulas, com o pai de um deles. Disse ao amigo: “hoje é a última vez que você  vai me ver vivo”. Ninguém ligou para a frase, estavam acostumados com as esquisitices de Marcelo. 

Naquele dia, à noite, quando todos ficaram chocados com a notícia da chacina da família Pesseghini, os amigos tiverem crises nervosas e contaram a seus pais sobre o que havia acontecido naquela manhã. 

Nada mais poderia ser feito. Tarde demais. 

Ao voltar para casa Marcelo deve ter olhado pela última vez os seus pais, mortos sobre o colchão; talvez tenha ido até a casa da avó. 

Ninguém sabe o que ele fez, exatamente, mas pegou a pistola, colocou contra o ouvido esquerdo e acionou o gatilho, pela última vez. A bala atravessou a sua cabeça e foi parar em uma parede. 

Que imagem teria ficado retida, para sempre, em suas retinas?   


Nenhum comentário:

Postar um comentário