ANDERSON MAMEDE (R7 - FACEBOOK) |
Dênis Casagrande, 21 anos,
estudante de engenharia, toma uma forte pancada na cabeça e cai no chão
atordoado. A pancada foi desferida por um sujeito alto e forte, identificado
como Anderson Marcelino Ferreira Mamede, 20 anos, que utilizou um skate como
arma. Muita gente viu o que aconteceu.
Logo após cair no chão, o
estudante começou a ser chutado na cabeça e em outras partes do corpo. O local
não é muito iluminado, e na festa promovida de forma clandestina na área da
Unicamp estavam cerca de três mil pessoas.
Dênis não conseguia defender-se,
e ninguém foi inicialmente em sua ajuda. Ele ficou cercado por cinco ou seis
punks de um grupo e foi agredido com violência, tomando socos e pontapés. Aí,
segundo o relato de uma testemunha (dito à imprensa) alguns jovens foram
ajudá-lo tentando colocá-lo de pé, mas ele estava muito abalado e machucado,
com hematomas. Então, perceberam que ela estava ferido no peito e sangrando. Um
ferimento mortal, do qual não conseguiu escapar.
NINGUÉM ASSUMIU A FACADA
Todos os relatos da imprensa ao
longo desta semana, desde o fato, mostram que de início ninguém assumiu ter
desferido a facada em Dênis. Quando ficou claro que Anderson Mamede, punk,
havia batido com um skate em sua cabeça, derrubando-o, o agressor disse que foi
porque o estudante havia olhado para a sua namorada, Maria Teresa Alexandrino
Peregrino.
Após o tumulto, Anderson dizia
que apenas havia batido com o skate em Dênis e chutado o estudante, mas que não
sabia quem havia usado a faca contra Dênis. Mamede chegou a mostrar um
ferimento na perna, dizendo ser também de uma facada, tentando passar a imagem
de vítima.
MARIA TERESA (R7 - FACEBOOK |
Mais tarde, surge na história uma
versão de Maria Teresa de que havia sido seguida por Dênis que a havia tentado
agarrar, quando ela contou para Mamede, que iniciou a briga. Mas no início
Teresa disse que não sabia de faca e que o casal e uns amigos, punks, haviam à
Unicamp apenas para se divertir.
Dênis foi levado, depois de uma
certa demora a um hospital, onde não resistiu ao feriment
o e morreu. A polícia
levou diversas pessoas à delegacia e começou a ouvir as histórias e a montar o
quebra-cabeças.
Na noite de segunda-feira já foi
possível ao delegado sair em diligência com Maria Teresa e localizar a faca utilizada
no crime, enterrada junto a um ponto de ônibus próximo do local da briga.
LEGÍTIMA DEFESA
Curiosamente, após muitos
depoimentos e a localização da faca, os punks começaram a mudar a versão da
história, ficando evidente que a verdade havia sido ocultada. Mamede, embora
dizendo não haver desferido a facada, disse que foi Maria Teresa que esfaqueou
Dênis, em legítima defesa, porque ele a havia agarrado.
No mínimo isso é bem estranho,
uma vez que pelo que parece, Dênis foi esfaqueado após haver tomado o golpe com
o skate e ser agredido brutalmente pelos punks. Aí levantou-se com a ajuda de
jovens que notaram o ferimento em seu peito.
Algumas pessoas relataram à imprensa que quando Teresa foi levada à
delegacia, após a briga, suas roupas não apresentavam manchas de sangue, e nem
ela mesmo tinha hematomas ou sinais de haver lutado.
Em compensação, outros envolvidos
na agressão a Dênis tinham a roupa suja, algumas marcas de sangue e hematomas.
O delegado apura o caso, ainda
não solicitou a prisão de ninguém, talvez queira verificar melhor a versão de
que Teresa é que teria esfaqueado Dênis, ao ser agarrada, numa tentativa de
caracterizar legítima defesa.
Na minha santa ingenuidade, se
foi mesmo Maria Teresa que esfaqueou o estudante, me pergunto porque uma garota
de 20 anos sai de casa com uma faca de cozinha para simples diversão no sábado
à noite.
Se foi ela ou não, cabe à polícia
investigar. O estranho é que a imprensa relatou que antes de ela assumir houve
uma tentativa de incriminar um menor de idade, de 17 anos, cuja mãe conseguiu
mostrar que talvez fosse, apenas, uma tentativa covarde de jogar a culpa sobre
um menor, para que os verdadeiros culpados escapassem de punição.
Ocorre que o caso é mais complexo
do que parece. Dênis morreu devido à gravidade da facada, mas antes disso foi
bastante agredido. Testemunhas disseram à imprensa que Mamede era agressivo
como um pit-bull.
De meu ponto de vista, será muito
difícil que o delegado não indicie diversos dos agressores, por algo como
formação de quadrilha e outros crimes.
PUNKS CURTEM IMAGEM DE AGRESSIVOS
NO FACEBOOK
O site R7 conseguiu salvar e
publicar cópias de páginas do Facebook (que agora, sintomaticamente, já foram
tiradas do ar) com fotos de Mamede e Teresa em poses agressivas e dialogando com
outros do mesmo grupo sobre a vantagem, ou importância de ser durão ou
agressivo. Teresa comenta que quem não gosta de desafios, ou algo assim,
deveria ser pastor de Igreja.
EXPLOSIVOS (R7 - FACEBOOK) |
Pois é, logo em seguida ao fato
ninguém sabia de nada, estariam na Unicamp só atrás de diversão; depois a faca
apareceu e o autor da facada teria sido Teresa, em legítima defesa; depois as
páginas agressivas foram retiradas do Facebook.
Uma coisa é curtir a imagem de
feios, sujos e malvados, numa simulação de maldade e agressividade, para
impressionar idiotas. Outra coisa é a realidade, a cor vermelha do sangue, a
dor, a morte.
Aí é que podemos medir a coragem
ou a covardia de valentões como os que são suspeitos de terem matado Dênis Papa
Casagrande.
Muito valentes no mundo virtual,
mas na vida real usaram uma cortina de fumaça para despistar a polícia, além de
esconderem a faca.
Todos os cidadãos de bem, que não
andam com facas para irem a festas, esperamos que o delegado Rui Pegolo tenha
completo êxito na sua tarefa e indicie todos os envolvidos. Dênis começou a
morrer desde o primeiro golpe desferido contra ele.
NOTA DA UNICAMP
Depois de tudo acontecido, do
caldo entornado, como diria a minha avó, a Unicamp sai com uma nota
burocrática: “a festa não era autorizada”. Pensemos a respeito: se tivesse sido
autorizada Dênis não teria morrido?
Outra questão, sempre há festas
no campus, apesar da proibição. Os dirigentes nunca souberam disso? Ou imaginam
que dizer que se houve invasão isso lhes diminuiria a responsabilidade? Não há guardas tomando conta do campus?
A Unicamp informou, por meio de
nota enviada à imprensa, que a festa no campus não foi autorizada. Segundo a
universidade, em 2009 o Conselho Universitário aprovou deliberação determinando
que a realização de festas no campus está sujeita a autorização prévia. “O
texto também deixa explicito que o descumprimento das normas sujeitará os
responsáveis à aplicação de penalidades disciplinares, nos termos dos Estatutos
e do Regimento Geral da Unicamp”. Teria sido essa a única festa no campus desde
2009?
A Unicamp afirmou que irá tomar
providências administrativas para apurar as circunstâncias do ocorrido e
identificar os responsáveis pela festa realizada sem autorização da instituição
bem como a participação de pessoas estranhas à comunidade acadêmica.
“A Unicamp lamenta profundamente
a perda do estudante Denis Papa Casagrande, aluno do curso de Engenharia e
Controle de Automação, da Faculdade de Engenharia Mecânica, e se solidariza com
sua família”, diz ainda a nota.
Sobre a rádio clandestina que
opera na Unicamp e teria promovido a festa, a Unicamp afirma que não apoia e
nem tem participação alguma na rádio. "A Unicamp acompanha o andamento das
providências tomadas pelo Ministério Público Federal, que instaurou Inquérito
Civil Público para apurar as responsabilidades pela rádio e adotar as medidas
cabíveis", diz nota enviada à imprensa.
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