MARY VIEIRA KNORR, SUSPEITA PELA MORTE DE DUAS FILHAS E DE UM YORKSHIRE |
Você tem filhos? Você os ama?
Você mataria seus filhos? No entanto, por alguma razão inexplicável, por algo
sem resposta, alguns pais, até amorosos, foram capazes de matar seus próprios
filhos!
Você teria uma resposta, ou uma
explicação, para tal gesto tão brutal, chocante, inesperado? Sim, há casos de
pessoas más que matam seus filhos em ataques de fúria, mas nos casos de Cotia e
do Butantã, das famílias Pedrotti e Victorazo, isso não foi assim, não parece
ter sido assim.
Sempre ouvi que estar vivo é um risco,
ou que a cada dia vivido um dia é deduzido de nossa conta. Mas quem pensa
nisso? Vivemos, apenas, e ainda fazemos planos para o futuro. Ninguém quer, e
nem pensa em morrer.
Mas a Morte nos espreita sempre,
ela é matreira, cavilosa, e pode ser cruel.
GIOVANNA KNORR VICTORAZZO, 14 |
Evidentemente, levamos a vida
olhando adiante, esquecendo problemas e perseguindo sonhos, ou tentando escapar
das nossas rotinas, que podem ser também tão massacrantes.
Jovens e crianças não costumam
pensar assim, ou sentir o peso das rotinas repetitivas dos adultos, que estão
preocupados em ganhar a vida. Crianças brincam, sonham, fabulam, usam a
imaginação em seus jogos. Esperam as datas para ganhar presentes, o
aniversário, o dia das crianças, o Natal, a visita de parentes que trazem doces
e guloseimas.
Jovens mergulham na bolha da
Internet, se perdem na rede, e gastam mais tempo com amigos virtuais que em
encontros de carne e osso. E também imaginam, e sonham, e esperam encontrar
estradas planas e retas para seguir na vida.
Qual criança, ou adolescente,
esperaria encontrar a morte dentro de casa, pelas mãos dos próprios pais?
PAOLA KNORR VICTORAZZO, 13 |
A morte dos filhos como proteção
contra as durezas da vida?
O que leva um pai, uma mãe, a
matar os próprios filhos? Vergonha da situação econômica? Vergonha da pobreza?
Vergonha do olhar cruel dos outros pela incompetência em sustentar a família?
Milhões de famílias vivem na miséria mas, mesmo assim, os pais não matam seus
filhos. Acho que atualmente milhões são escravos da imagem. Se falta dinheiro, adeus felicidade. Quanta ilusão!
Não teria sido melhor tirar
apenas a própria vida, caso a pressão fosse tão grande? As crianças não tinham
outros familiares? Mas como alguém chega ao limite de ter que tirar a própria
vida? É tão grande o isolamento das pessoas hoje em dia?
Perguntas e mais perguntas. Nada
de respostas. Fala-se muito em solidariedade, atenção, o outro, caridade. Mas
nada disso parece funcionar hoje em dia. Cada um e cada família vivem em bolhas,
mundos isolados, invisíveis à atenção do outro. Cada um no seu quadrado, como
diz o povo.
HENRIQUE PEDROTTI, 7 |
O CASO DE COTIA
Claudinei Pedrotti, 39 anos,
matou a esposa Suelen Cristina, de 26 anos, seus dois filhos: Pedro Henrique, 7
anos, e Vitória Cristina, dois anos de idade. Ele tinha irmãs, aparentemente
bem de vida, conforme ele contava a conhecidos. Ele tinha problema com drogas,
mas tentava recuperar-se.
As drogas afastam as pessoas. Mas
Pedrotti estava tão envergonhado que não teria sido capaz de solicitar ajuda
aos parentes? Será que ele nem pensou na hipótese de deixar que as duas
famílias, a dele e a de Suelen, pudessem ajudar a mãe e as duas crianças caso
ele decidisse mesmo morrer?
A mente humana é uma caixa preta.
A alma um poço de mistérios. Pedrotti, sentindo-se certamente vencido pela vida
escolheu não dar a mínima chance à sua família. Quem somos para julgar? Mas
aquelas crianças poderiam ou não ter sobrevivido caso tivessem ficado vivas com
a mãe e os outros familiares?
Ao ser seduzido pela Morte ele
imaginou que ao matar os próprios filhos ele os estaria livrando das durezas da
vida? Eles não tiveram a mínima chance de tentar!
Se Pedrotti perdeu a família,
conseguiu também morrer. Suas últimas horas devem ter sido um turbilhão de
pensamentos contraditórios e dolorosos. A sua dolorosa história está ligada a
dívidas e drogas.
O CASO DO BUTANTÃ
Já Mary Vieira Knorr talvez tenha
pensado em matar as filhas e morrer em seguida; bem que tentou, mas não
conseguiu. Segundo a polícia ela passa por um momento de confusão mental, mas
logo voltará ao normal e aí, sim, sentirá todo o terrível peso de sua
decisão.
Suas filhas, Giovanna Knorr
Victorazzo, 14 anos, e Paola Knorr Victorazzo, 13 anos, foram asfixiadas pela
mãe que conviveu com os cadáveres dentro de casa por uns dois ou três dias,
segundo a polícia. Até que, talvez, diante da situação criada, Mary não tenha
encontrado outra solução que buscar a própria morte.
Li na imprensa que Mary exercia,
de forma ilegal, a atividade de corretora de imóveis – isso, de fato, pouco
importa – mas ela tinha problemas sérios com credores, inclusive com passagens
pela polícia, por estelionato. Mary não conseguia cuidar da própria vida, pelo
que parece, e ironicamente, também não conseguiu morrer.
Mas deve ter usado as próprias
mãos para matar Giovanna e Paola, duas adolescentes. Que decisão terrível, que
morte horrível!
Contam as matérias da imprensa
que as meninas eram queridas na escola, tinham um pai carinhoso que as via
frequentemente, pagava as devidas pensões. Elas eram filhas de Marco Antonio
Victorazzo com Mary Knorr, da qual ele havia se separado há alguns anos.
Mary tinha dois outros filhos,
mais velhos, entre 20 e 30 anos de idade, frutos de casamento anterior, mas que
não viviam com ela, mas com contato freqüente com ela e as duas filhas.
Talvez as dívidas de Mary Knorr,
calculadas em cerca de R$ 200 mil a atormentassem. Como pagar tudo isso? Como
tocar a vida? Como levar as filhas até um futuro melhor?
Mas Mary tomou uma decisão
extrema, inimaginável, matar r as duas filhas e depois morrer. Mary foi
seduzida pela Morte, que a encheu de planos estranhos, macabros mesmo.
Ela tentou fazer o mesmo que
Pedrotti, e não conseguiu. Se essa confusão ou transtorno mental passarem, e
ela voltar ao normal, sua vida será um verdadeiro inferno; nunca poderá
justificar a morte de Giovanna e Paola.
Se Mary tivesse tirado apenas a
própria vida, o que já seria lamentável, as garotas ainda teriam um pai a quem
pedir ajuda, carinho, consolo e amor. Ou não?
A Morte, quando age diretamente,
nunca manda recados; sempre gera sofrimento e dor, é certo. Mas quando
atormenta as pessoas, as seduz, entra em suas mentes, toma sua alma, as ilude
com planos macabros, isso pode ser muito, mas muito pior e terrível.
Assombroso, realmente.
Assombroso, realmente.
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