Gilberto Freyre e os médicos
cubanos
Percival Puggina
01 Setembro 2013
Repete-se aqui, com os médicos, o
tipo de locação com que o regime de Havana servia a Moscou jovens soldados,
como bucha de canhão, nas guerras e guerrilhas que os soviéticos mantinham ou
subsidiavam na África.
Recebo carta de leitor disposto a
ensinar-me que o convênio para admissão de médicos estrangeiros no Brasil prevê
que eles sejam acompanhados pelas famílias. Como se eu não tivesse lido a
Medida Provisória nº 623 de 19 de julho de 2013! Está ali, sim, com todas as
letras, que o Brasil reconhece o óbvio direito do estrangeiro admitido no
programa Mais Médicos de se fazer acompanhar por cônjuge e filhos enquanto
prestar serviços ao nosso país.
O problema que ao missivista pareceu
irrelevante é este: enquanto os profissionais de quaisquer outras procedências
exercerão esse direito, os cubanos são os únicos aos quais ele é vedado, não
aqui, mas no país de origem. O doutor vem, mas a família fica lá, como garantia
de retorno do cativo a seu dono e senhor, o Estado marxista-leninista de Cuba.
O que a Medida Provisória de Dilma permite não está previsto nas Cartilhas do
Cárcere do governo cubano. Há gente que pensa que os outros não pensam.
A vergonhosa manifestação
promovida por alguns médicos brasileiros contra os cubanos que desembarcaram em
Fortaleza foi um self-service bem fornido para proveito dos formadores de
opinião que atribuem a preconceitos ideológicos qualquer atitude avessa à
agenda petista. Como se a defesa dos interesses do petismo estivesse associada
aos mais translúcidos e elevados ideais humanos! Ou, como se essa defesa fosse
gerada por um ambiente filosófico e político blindado à mais tênue contaminação
ideológica. Me poupem.
O site da revista Carta Capital
na última quarta-feira deu destaque ao recém chegado Dr. Juan Delgado.
"Não sei porque nos chamam de escravos", exclamou ele, observando que
não vem tirar trabalho de ninguém e que todos irão para onde os médicos
brasileiros não querem ir. Tem razão em parte, o Dr. Juan. A atitude dos seus
colegas cearenses foi deplorável grosseria. Por outro lado, é irremediável a
situação do escravo que sequer tem consciência de ser escravo. Danosa, também,
a matéria da revista, claro, por não informar o leitor sobre a escravidão que o
regime castrista impõe aos cidadãos da ilha. Carta Capital faz malabarismos.
Também ela pensa que os outros não pensam.
A presidente Dilma veio às falas
naquele estilo que não dá bola para sujeito, predicado e complemento: "É
um imenso preconceito esse que algumas vezes a gente vê sendo externado contra
os médicos cubanos. Primeiro, é importante dizer que os médicos estrangeiros, e
aí não só os cubanos, porque tem cubano, argentino, uruguaio, espanhol,
português, tem de várias nacionalidades. Esses médicos vêm ao Brasil para
trabalhar onde os médicos brasileiros formados aqui não querem trabalhar".
Pois é, presidente, também a
senhora não percebe. Argentinos, uruguaios, espanhóis e portugueses vêm ao
Brasil de livre e espontânea vontade e são admitidos no programa
individualmente, um a um. Já os cubanos, são tratados como gado de curral,
vendidos aos lotes. Recebem pequena fração do que seus outros colegas embolsam
enquanto a parte robusta do ervanário gerado por seu trabalho vai para os
cofres de Havana. (Nota: Repete-se aqui, com os médicos, o tipo de locação com
que o regime de Havana servia a Moscou jovens soldados, como bucha de canhão,
nas guerras e guerrilhas que os soviéticos mantinham ou subsidiavam na África.)
Considerar que os cubanos merecem tão desumano e depreciativo tratamento é
muito mais do que preconceito. É maldade e perversão.
Critique os manifestantes de
Fortaleza, presidente. Mas dê uma olhada no que a senhora e os stalinistas de
seu governo andam fazendo. Seu Advogado Geral da União já avisou que para os
médicos cubanos não haverá asilo... Pergunte à ministra Maria de Rosário o que
ela acha disso tudo na perspectiva dos Direitos Humanos.
E se ela disser que
concorda, despache-a com aquela sua caneta (retrátil, é verdade) de assinar
demissões. Lembrei-me de Gilberto Freyre. Brasília, nesta alvorada do século
21, tornou-se a nova Casa Grande que contrata e paga por cabeça na senzala
cubana.
TEXTO REPRODUZIDO DO SITE MÍDIA SEM MÁSCARA:
http://www.midiasemmascara.org/artigos/governo-do-pt/14469-gilberto-freyre-e-os-medicos-cubanos.html
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